Dólar dispara, mas recua após intervenção; inflação ultrapassa meta e pressão sobre Lula aumenta
Em um dia marcado por volatilidade no mercado financeiro, o dólar chegou a bater um recorde histórico de R$ 6,30 por volta das 10h10 desta quinta-feira (19), refletindo tensões internas e externas sobre a economia brasileira. A pressão sobre a moeda americana só foi aliviada após duas intervenções do Banco Central (BC), que realizaram leilões para aumentar a oferta de dólares no mercado.
O primeiro leilão, iniciado às 9h30, injetou US$ 3 bilhões, mas teve impacto limitado. Em seguida, o BC anunciou um segundo leilão, colocando mais US$ 5 bilhões no mercado às 10h35. Com isso, o dólar recuou e passou a operar abaixo de R$ 6,20 antes do meio-dia.
Além da instabilidade cambial, o Banco Central também trouxe outra notícia que pressiona o governo federal: a inflação deve ultrapassar novamente o teto da meta neste ano. Conforme o Relatório de Inflação do quarto trimestre, divulgado hoje, o índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará acima dos 4,5% estabelecidos como limite superior do sistema de metas.
A persistente alta dos preços tem afetado diretamente a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta crescente desconfiança em relação à sua capacidade de estabilizar a economia. Críticos apontam que a combinação de inflação acima do esperado e a desvalorização do real reforçam a necessidade de medidas fiscais e monetárias mais eficazes.
A resposta do BC sinaliza o comprometimento em mitigar os impactos negativos do cenário atual, mas também destaca a fragilidade estrutural enfrentada pela economia brasileira. Para analistas, a intervenção no câmbio foi uma solução paliativa, enquanto o desafio da inflação demanda ajustes mais profundos na condução das políticas econômicas.