A Justiça do Rio de Janeiro ordenou que a cantora britânica Adele remova a música Million Years Ago de todas as plataformas digitais por plágio da canção Mulheres, composta por Toninho Geraes e imortalizada na voz do sambista Martinho da Vila. A decisão judicial, que chamou atenção internacional, destaca a “quase integral consonância melódica” entre as duas músicas, segundo o juiz Victor Agustin Cunha, responsável pela sentença.
Lançada em 2015 no álbum 25, a faixa de Adele acumula mais de 104 milhões de visualizações no YouTube, mas agora enfrenta a obrigatoriedade de ser retirada após notificação das plataformas. Caso a determinação não seja cumprida, a multa estabelecida é de R$ 50 mil por descumprimento. Ainda há possibilidade de recurso por parte da artista e de sua gravadora.
Um caso que transcende fronteiras
A disputa judicial, iniciada por Toninho Geraes, trouxe holofotes globais para a música brasileira e reacendeu o debate sobre direitos autorais no cenário artístico internacional. A defesa de Geraes sustenta que Million Years Ago apresenta uma estrutura melódica quase idêntica à de Mulheres, um clássico do samba gravado por Martinho da Vila em 1995.
Para Geraes, o caso não é apenas uma questão legal, mas um reconhecimento da importância da música brasileira. “Minha luta é pelo respeito à criação e pelo devido crédito a quem trabalha para construir a cultura do nosso país”, afirmou o compositor.
A sentença foi recebida com entusiasmo por muitos no Brasil, incluindo artistas e fãs da música nacional. Nas redes sociais, internautas celebraram a decisão, com comentários que variavam entre o tom bem-humorado e o reconhecimento cultural:
- “Que bom que Adele gravou Martinho da Vila!” – Ryan Alves
- “Justiça sendo feita. Viva Martinho da Vila!” – Larissa Silva Carvalho
- “Linda versão da música brasileira. Vamos pagar os direitos, né gata?” – Adelmo Sousa
O impacto na carreira de Adele
Adele, uma das cantoras mais premiadas e respeitadas do cenário internacional, agora enfrenta uma mancha em sua trajetória artística. Embora a cantora ainda não tenha se pronunciado oficialmente sobre o caso, o impacto pode ser significativo, tanto em termos financeiros quanto na sua reputação.
O incidente também reacende a discussão sobre como grandes artistas globais devem lidar com inspirações e referências culturais. Para muitos, o caso ressalta a necessidade de valorizar a música de países em desenvolvimento, muitas vezes usada como base em composições internacionais sem o devido reconhecimento.
Direitos autorais em foco
Este é mais um exemplo de como o mercado global da música precisa se adaptar a uma era de maior vigilância e exigência por justiça nos direitos autorais. Especialistas apontam que a vitória de Geraes pode abrir precedentes para outros casos de compositores locais que buscam reparação contra grandes nomes da indústria musical.
Com o mundo atento, o caso de Adele e Martinho da Vila reforça a relevância da música brasileira no cenário internacional, enquanto lembra que inspirações não reconhecidas podem se transformar em batalhas judiciais.