O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), reafirmou seu apoio à Polícia Militar de Goiás (PMGO) após a prisão de uma enfermeira e um maqueiro no Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), em Goiânia. A ação, amplamente criticada por sindicatos e testemunhas, ocorreu na sexta-feira (6), e foi atribuída ao descontentamento de um paciente que acionou o gabinete de um vereador local.
O caso
De acordo com o Sindsaúde-GO, a confusão começou quando o marido de uma gestante, classificada como caso de baixa gravidade (ficha verde), exigiu atendimento prioritário. Insatisfeito com a espera, ele acionou o assessor de um vereador, que iniciou filmagens e chamou a PMGO.
Vídeos divulgados mostram o maqueiro sendo contido e algemado pelos policiais. Testemunhas relataram que a equipe médica estava em troca de plantão e lidava com condições adversas, como atrasos salariais e falta de insumos.
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A PMGO afirmou em nota que as detenções ocorreram por “desobediência” e resistência à prisão. O delegado Rilmo Braga, responsável pelo caso, declarou que o maqueiro teria resistido à prisão e lesionado um dos policiais. Ele foi liberado após pagamento de fiança equivalente a um salário mínimo. Já a enfermeira recebeu um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberada sob compromisso de comparecer à audiência de custódia.
Apoio à PMGO e repercussão
Caiado defendeu, mas não abertamente, como político que é, a ação policial, reforçando sua postura de proteção às forças de segurança, mesmo em um ambiente sensível como o hospital. Essa atitude gerou críticas de sindicatos e entidades da saúde, que esperavam uma posição mais equilibrada diante do episódio.
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Para o deputado Jorge Vianna (PSD-DF), conhecido pela defesa dos profissionais de saúde, a ação foi “vexatória e humilhante”. Ele destacou o uso de algemas, que simbolizam periculosidade, em trabalhadores da saúde. “É inaceitável tratar profissionais como criminosos enquanto cumprem suas funções em condições tão difíceis”, afirmou.
A deputada distrital, Dayse Amarilio, também se manifestou: “Repudiamos veementemente qualquer tipo de violência contra os profissionais de saúde da Maternidade Célia Câmara.
Exigimos esclarecimentos da Polícia de Goiânia pela conduta truculenta e inaceitável dirigida a esses trabalhadores.
Os profissionais dessa unidade já enfrentam atrasos salariais, descumprimento de direitos e condições de trabalho precárias”.
Críticas e demandas
O Sindsaúde-GO classificou o caso como abuso de poder e pediu a investigação dos envolvidos, incluindo o vereador e seu assessor. “Esse tipo de prática desmoraliza ainda mais os trabalhadores da saúde, já sobrecarregados e sem o devido reconhecimento”, declarou a entidade.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) também repudiou o episódio e anunciou que tomará medidas legais para punir os responsáveis. “Bater e prender profissionais de saúde por cumprirem seu dever é inadmissível e abominável”, afirmou em nota.
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Enquanto isso, a direção do HMMCC reafirmou seu compromisso com protocolos de triagem e criticou a conduta policial como “ofensiva e desproporcional”.