BRASÍLIA — Neste domingo (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevoou o Parque Nacional de Brasília, devastado por queimadas que transformaram o céu da capital em um manto de fumaça espesso.

Neste domingo, juntamente com a Janja, sobrevoei o Parque Nacional afetado por um incêndio de grandes proporções, como tantos que têm ocorrido por todo o país. O governo federal está atuando junto com o Corpo de Bombeiros do DF para ajudar no combate às chamas.

🎥 Ricardo Stuckert

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— Lula (@lula.com.br) September 15, 2024 at 7:45 PM

O que parecia distante dos gabinetes de poder bateu à porta do Planalto, exigindo ação rápida. Lula, acompanhado da primeira-dama Janja, anunciou medidas emergenciais e prometeu uma reunião com ministros nesta segunda-feira (16) para debater o combate às chamas. No entanto, o que parece faltar ao governo não é apenas um plano emergencial, mas uma estratégia de médio e longo prazo que possa, de fato, evitar que o Brasil continue ardendo em fogo e fumaça.

Com mais de 60% do país sob a sombra das queimadas e uma sequência de crises ambientais assolando o Brasil, o governo federal tenta mostrar uma resposta à altura. A Polícia Federal já abriu 52 inquéritos para investigar os crimes ambientais, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vem reforçando a narrativa de um “terrorismo climático”. Mas será que as ações prometidas e os discursos inflamados conseguirão apagar as chamas? O curto prazo pode até ser o foco agora, mas e o futuro?

As reuniões de cúpula desta segunda-feira, que contarão com a presença de Geraldo Alckmin, Ricardo Lewandowski e Jorge Messias, prometem mais uma vez um espetáculo de articulação política. Contudo, enquanto ministros debatem soluções imediatas, as florestas continuam queimando e a saúde pública sofre com o impacto das nuvens de fumaça que tomam conta de várias cidades brasileiras. O sistema de saúde, já fragilizado, enfrenta uma nova sobrecarga com o aumento de problemas respiratórios, especialmente entre idosos e crianças.

É difícil ignorar a ironia: enquanto o Planalto debate emergências climáticas dentro de gabinetes climatizados, a realidade fora deles é incandescente. O orçamento extraordinário, autorizado pelo STF para combater as queimadas, é apenas uma solução temporária para um problema que exige políticas permanentes e eficazes. No meio do caos, a ministra Marina Silva já alertou sobre o “uso criminoso do fogo” para fins agrícolas, algo que continua a desafiar os esforços de controle e punição.

O governo, que tanto alardeou um retorno ao protagonismo ambiental desde o início do mandato de Lula, parece patinar diante da urgência climática. O Pantanal e a Amazônia seguem em chamas, e o clima seco só agrava a situação. Sem um planejamento estruturado e medidas de fiscalização efetivas, o Brasil corre o risco de transformar o combate às queimadas em um ciclo vicioso de emergência e resposta, sem nunca chegar à raiz do problema.

No fim das contas, o fogo é mais do que uma questão ambiental. É um reflexo da inércia de um governo que, ao lidar com os sintomas, pode estar negligenciando a verdadeira doença. Quando a fumaça finalmente se dissipar, talvez reste apenas a cinza de uma promessa não cumprida: a de um Brasil sustentável, forte e verdadeiramente comprometido com o futuro de suas florestas.