‘Você já viu algum deputado distrital, federal ou senador na Rodoviária do Plano Piloto, sem ser em período eleitoral?’
A recente aprovação, pela Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, do projeto que propõe a privatização da Rodoviária do Plano Piloto, sinaliza um passo promissor para o DF trilhar o caminho da eficiência na gestão de serviços públicos, alinhando-se a práticas adotadas em nações desenvolvidas.
O PL nº 2260/2021, elaborado pelo governador Ibaneis Rocha, avançou após uma votação apertada na CEOF, com três votos favoráveis e dois contrários. A proposta busca conceder ao setor privado a administração da Rodoviária do Plano Piloto, acompanhada de uma obra pública para reforma, ampliação, gestão, operação e exploração do espaço.
Enquanto alguns deputados distritais se posicionaram contra o projeto, é interessante notar que, muitos dos opositores, supostamente alheios às dificuldades diárias vivenciadas na Rodoviária, votaram contra a privatização. Paula Belmonte (Cidadania) e Jorge Vianna (PSD) expressaram reservas, levantando questionamentos sobre o impacto social e a responsabilidade do Estado na manutenção de serviços públicos.
Belmonte, apesar de sua ressalva, demonstrou inquietação na condução da proposta, destacando sua realização de uma audiência pública para debater o tema. A deputada expressou sua preocupação com pessoas que dedicaram mais de cinco décadas ao trabalho na Rodoviária, enfatizando a conexão entre política pública e bem-estar humano, porém não é usuária.
Enquanto isso, Vianna caracterizou a privatização como um “atestado de incompetência do Estado”, argumentando que tal ação representa uma transferência de responsabilidade governamental para o setor privado. Sua inquietação reflete uma preocupação legítima com o acesso da população a serviços básicos após a transferência de gestão, porém não é usuário.
Por outro lado, defensores da privatização, como Eduardo Pedrosa (União Brasil), enfatizaram a necessidade de modernização e aperfeiçoamento na gestão da Rodoviária, acatando emendas para garantir direitos aos atuais ocupantes dos quiosques, além de excluir a Galeria dos Estados do projeto.
Os embates e divergências na Câmara Legislativa refletem não apenas uma questão de gestão pública, mas também um embate ideológico sobre o papel do Estado na oferta de serviços. A privatização da Rodoviária do Plano Piloto é uma medida que abre espaço para discussões necessárias sobre a eficiência na gestão de espaços públicos, mas que também demanda um olhar atento às necessidades e preocupações da população usuária impactada que reconhece também, a necessidade de melhoria no péssimo transporte público.
À medida que o projeto avança nas comissões, é crucial considerar não apenas os aspectos econômicos e de modernização, mas também o impacto social e o acesso da comunidade aos serviços essenciais. A voz dos cidadãos que utilizam diariamente a Rodoviária, assim como eu, é por melhorias já!
A questão transcende a mera privatização de um espaço público; é um debate sobre como garantir um serviço de qualidade, mantendo o equilíbrio entre eficiência administrativa e o cuidado com as necessidades sociais da população.