Qual é a melhor cidade do mundo para ser estudante?
De acordo com o ranking 2017 das melhores cidades universitárias, realizado pela consultoria britância Quacquarelli Symonds (QS), trata-se de Montreal.
A cidade canadense desbancou Paris, que perdeu pela primeira vez em quatro anos a liderança do ranking, ficando em segundo lugar dentre as 100 cidades que fazem parte da lista.
O Brasil aparece no ranking representado por duas cidades: São Paulo (69º) e Rio de Janeiro (94º). A capital paulista caiu seis posições em relação ao último levantamento, de 2016, enquanto o Rio de Janeiro fez sua estreia na lista.
Para entrar no ranking, as cidades devem ter uma população de pelo menos 250 mil habitantes e ser sede de, pelo menos, duas universidades que fazem parte do QS World University Rankings.
O ranking é baseado em um conjunto de parâmetros, como a qualidade das universidades, custo e qualidade de vida, caráter internacional, acesso ao mercado de trabalho e experiência estudantil.
A edição de 2017 ampliou a lista para 100 cidades – no levantamento anterior, foram contempladas 75.
Destinos alternativos
O Canadá aparece bem classificado em termos de conveniência para estudantes internacionais. Além de Montreal, Vancouver aparece na 10ª posição e Toronto em 11º no ranking. O país tem a vantagem de oferecer cursos em duas línguas: inglês e francês.
O resultado reforça a tese de que o Canadá pode concentrar uma parcela maior do rentável mercado de educação internacional, especialmente diante das incertezas sobre as mudanças nas regras de entrada dos Estados Unidos sob a gestão de Donald Trump.
Para Ben Sowter, responsável pela Unidade de Inteligência da QS, a crescente popularidade do Canadá faz parte do aumento de “alternativas para os destinos de estudo tradicionalmente dominantes, tanto na Europa como na América do Norte”.
“O Canadá vai se tornar um ator importante”, prevê Sowter.
Segundo ele, o país norte-americano pode atrair estudantes dos Estados Unidos, enquanto o Reino Unido pode perder alunos para a Irlanda, Holanda e países escandinavos.
Um porta-voz da cidade de Montreal confirma que houve um grande aumento no número de estudantes internacionais, especialmente da China, Índia, França e Irã.
Queda de Paris
Paris aparece, por sua vez, como a segunda colocada no ranking. A queda em relação ao levantamento anterior é atribuída ao custo de vida e à diminuição de certos critérios desejáveis, como segurança.
Sowter não acredita, no entanto, que haja uma ligação com os ataques terroristas na capital francesa. Ele afirma que poucas cidades são apontadas nas entrevistas com os alunos como mais atraentes do que Paris.
Segundo ele, os estudantes concordam que não há cidades com “risco zero”, seja Boston, Berlim ou Paris, todas têm mantido seu apelo.
Londres é Londres
Já a terceira cidade mais atraente para os estudantes, segundo o estudo, é Londres.
As instituições de ensino britânicas estão preocupadas, no entanto, com o impacto que o Brexit (saída da União Europeia) pode ter no Reino Unido, fazendo com que seja percebido como um destino menos acolhedor para os estudantes estrangeiros.
Pesquisas recentes de universidades britânicas revelaram uma queda de 7% na candidatura de estudantes da União Europeia.
Ainda não há sinais, no entanto, de um impacto negativo sobre Londres no ranking deste ano, uma vez que a capital do Reino Unido subiu da quinta para a terceira posição na lista.
É importante lembrar que a desvalorização da libra após o Brexit também facilitou o acesso a estudantes estrangeiros em termos financeiros.
As universidades de Londres obtêm alta pontuação devido à qualidade.
“Nenhuma cidade possui a variedade e qualidade de universidades como Londres”, diz.
Assim como Boston (oitavo lugar) – que conta com a Universidade de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e a Universidade de Boston – Londres e Paris também se beneficiam do grande número de instituições de ensino.
Fortaleza alemã
Além do Canadá, o outro único país com duas cidades no top 10 é a Alemanha, com Berlim, em sexto, e Munique, na nona posição. O resultado reflete as vantagens financeiras da Alemanha para estudantes estrangeiros, que não pagam sequer taxa de matrícula.
Ásia vem aí
Os países asiáticos – principalmente China e Índia – fornecem o maior número de estudantes estrangeiros.
Mas os países asiáticos também estão atraindo alunos internacionais, com cinco cidades no top 20 do ranking, lideradas por Seul, que subiu para o quarto lugar, e Tóquio, que está em sétimo.
Xangai é a cidade chinesa com a melhor classificação, ocupando o 25º lugar. Já Mumbai (ex-Bombaim) é a primeira cidade indiana na lista, na 85ª posição.
Além de São Paulo (69º) e Rio de Janeiro (94º), outras cidades latino-americanas que aparecem no ranking são: Buenos Aires (42º), Cidade do México (51º), Santiago (62º), Bogotá (73º), Monterrey (76º) e Lima (99º).
O fato é que a competição para atrair estudantes internacionais é um grande negócio.
Os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado, e as cifras anuais mostram que, pela primeira vez, mais de um milhão de estudantes estrangeiros se encontram em universidades do país. Apenas a China enviou cerca de 330.000 alunos.
Além dos benefícios que resultam dos contatos transnacionais para pesquisa e da projeção da influência cultural a nível internacional, estima-se que os estudantes estrangeiros contribuam com quase US$ 36 bilhões para a economia dos EUA.