“Acho um desperdício de dinheiro público. A estrutura parada, o posto de São Sebastião não tem atendimento adequado. São filas e mais filas, a gente não consegue ser atendido e esse dinheiro público aí parado”, opina o artesão Farnésio Mendes. “A gente está com filho doente, leva para o hospital e aqui não se resolve nada. Todas as vezes que vem aqui, tem que levar para o Paranoá”, conta a dona de casa Valéria Tavares. “É uma grande irresponsabilidade da parte do governo. Começa as obras e não termina e o dinheiro da gente, que a gente paga imposto fica jogado”, afirma o motorista Valdeci da Silva.
Na unidade do Recanto das Emas, a situação é a mesma. O prédio está pronto, já tem energia elétrica, mas nada de atendimento. As duas deveriam ser as primeiras Unidades de Pronto Atendimento do DF. A Secretaria de Saúde chegou a firmar um contrato com a Cruz Vermelha para a compra de equipamentos e materiais, mas o Tribunal de Contas do DF determinou uma inspeção na Secretaria para ver se o processo de seleção da Cruz Vermelha foi realizado de forma legal.
Além disso, este mês a nova secretária de Saúde, Fabíola Aguiar, pediu uma auditoria interna que concluiu que não houve estudos ou avaliações preliminares sobre a viabilidade econômica do contrato. A auditoria mostrou também que há indícios de favorecimento injustificável da entidade. O documento recomenda a imediata anulação do contrato com a Cruz Vermelha.
Enquanto o processo corre no Tribunal de Contas, as UPAs não podem funcionar. Apesar das Unidades de Pronto Atendimento do Recanto das Emas e de São Sebastião ainda estarem fechadas, a Secretaria de Saúde já repassou muito dinheiro para a Cruz Vermelha. A instituição humanitária recebeu mais de R$ 5 milhões entre junho e julho.
Segundo a secretária de Saúde, o dinheiro não foi usado. “Eles já me mandaram extrato bancário e só tem registrado lá despesas relativas à despesa bancária. Nós vamos ver e, se a decisão final for pela anulação do contrato, nós vamos solicitar a restituição. Se não, nós vamos trabalhar com eles dentro do contrato”, afirmou.
Nós entramos em contato com a Cruz Vermelha para obter informações sobre o caso, mas não obtivemos resposta.
Luísa Doyle / Josuel Ávila