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Grampear, detectar grampos, informação e contra informação nas esferas do poder não é coisa nova. Na Grécia Antiga (tradicionalmente definida por alguns historiadores como o período que abrange de 1 100 a.C. (período posterior à invasão dórica) até à dominação romana em 146 a.C),  já se fazia isso. Claro que sem os recursos tecnológicos atuais, mas para os mesmos fins de hoje. Vejam o caso Obama, dos EUA para o mundo. Claro que isso é ilegal, na maioria das vezes, e nem pelo resgate histórico acima se justifica. Mas, o que mais importa neste caso, especificamente, nem é isso.  E se para quem assim procedem, os fins justificam os meios, vamos procurar compreender “os fins”, para que não fiquemos como meros “joguetes” dos detentores do poder e dos que nele miram.

Vamos ao fato

Ouvi tudo que já foi divulgado sobre a reunião realizada no Palácio do Buriti entre o governador Rollemberg e cerca de quatorze parlamentares e dois secretários de governo, e que foi ilegalmente gravado. Não sejamos hipócritas e nem deixemos que assim nos façam parecer.

No modelo de democracia representativa como o nosso, que a Constituição de 1988 não apenas resgatou, mas fortaleceu o que cientista político Sérgio Abranches, ainda em 1998, definiu como “presidencialismo de coalizão”, para explicar o relacionamento entre o Parlamento e o Poder Executivo, e que, obviamente, se replicou nos cenários estaduais e do DF, é “assim que a roda gira”. Portanto, nada mais lícito, dentro do modelo democrático que nós escolhemos que quem ajude “construir” um governo, dele participe. É a representatividade praticando a governabilidade, através de indicações de nomes para ocupar cargos no governo, de emendas parlamentares que atendam demandas das comunidades representadas pelo parlamentar (federal, estadual ou, no nosso caso, distrital), de sugestões de programas e projetos no mesmo sentido.

Voltando ao que até aqui foi divulgado sobre os grampos no Buriti, apenas assuntos dessa natureza foram tratados entre os deputados distritais e o governador Rodrigo Rollemberg.

O que há de grave nisso tudo?

Além do ato ilegal (os grampos), todos que foram ao Palácio tratar com Rollemberg é quase certo que tenham sido “grampeados”. Alguém duvida disso? Azar de quem fez propostas não republicanas. E do governador que as ouviu, caso tenham sido feitas, e não tê-las denunciado como manda a lei.

Mais do que isso, após a queda do então todo poderoso Chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, o fato de o mesmo ter ido a um programa de TV local sugerir sem provas, como ele mesmo afirmou, que o seu ex-chefe, o governador, havia escutado tais “propostas”. E não as revelou e denunciou por quê? Como não acredito em coincidências, é no mínimo para lá de estranho o “vazamento” dos diálogos dos parlamentares com o governador neste momento. Além, é claro, da tentativa de transferir para a CLDF um crime grave cometido no Executivo e, igualmente grave, tendo sido “sugerido” dias antes pelo chefe da Casa Civil demissionário na maior importante TV local.

Fica parecendo o caso do trombadinha em ação que grita “pega ladrão”, para desviar o foco dele.

A presidente da CLDF, deputada Celina Leão, já deu as suas explicações. E o Executivo, local do crime, quando se justificará de fato.

Professor Chico é graduado em Jornalismo pelas Faculdades Icesp, no DF, e Pós-graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília (UnB). Fundador e Presidente da Associação Brasiliense dos Blogueiros de Política – ABBP – (blogdoprofessorchico.com.br).