
Motoristas e comerciantes denunciam autuações irregulares e excesso de rigor no centro da cidade; casos levantam suspeitas de industria das multas.
Policiais militares responsáveis pela fiscalização de trânsito em Taguatinga, no Distrito Federal, vêm sendo alvo de reclamações de motoristas e comerciantes locais por suposto abuso de autoridade na aplicação de multas.
Agentes da CPTran [Companhia de Policiamento de Trânsito], do BPRv [Batalhão de Polícia Rodoviária] e do BPTran [Batalhão de Policiamento de Trânsito] são apontados como os “campeões da multa” na região central da cidade. Comerciantes relatam que alguns policiais já são conhecidos pelo que chamam de “gatilho fácil da caneta”, em referência à velocidade com que aplicam infrações, muitas vezes sem diálogo.
As denúncias se intensificaram nos últimos dias. No caso mais recente, o motorista Damião Rocha, de 49 anos, foi autuado na manhã desta terça-feira (29) por estar com os faróis do veículo apagados às 11h02, mesmo com decisão judicial suspendendo a obrigatoriedade do uso de luz baixa durante o dia no DF.
Ao questionar o agente, Damião ouviu a justificativa de que a multa se dava porque, naquele momento, “o tempo havia escurecido devido a uma forte chuva” na região. “Eu fiquei indignado. Estava claro, e mesmo assim fui multado”, afirmou.
A comerciante Maria Cristina, 53, que trabalha há mais de dez anos com aluguel de roupas para casamentos e formaturas na rua das Noivas, também relata ter sido vítima do excesso de autuações. Ela recebeu três multas no mesmo dia, após estacionar em área pública em frente à Administração Regional de Taguatinga — local onde, segundo ela, sempre deixou o carro sem qualquer problema.
“Quando as multas chegaram, não acreditei. Meu carro estava estacionado corretamente no estacionamento da administração, como faço há anos”, disse.
Os relatos se somam a uma suspeita ainda mais grave: motoristas desconfiam que os agentes responsáveis pelo trânsito estariam recebendo adicionais ou premiações por volume de multas aplicadas, o que estimularia a autuação indiscriminada.
A situação reacende o debate sobre o limite de atuação dos agentes públicos no trânsito e a necessidade de maior fiscalização sobre possíveis práticas de abuso de autoridade.
Procurada, a Polícia Militar do DF não quis se manifestar sobre as denúncias.