
O que pode parecer apenas um belo arranjo decorativo ou um jardim florido pode, na verdade, representar um sério risco à saúde dos cães. Diversas flores e plantas ornamentais, comuns em lares e quintais brasileiros, são altamente tóxicas para os animais de estimação. A ingestão acidental pode causar desde irritações leves até falência de órgãos e, em casos mais graves, levar à morte.
Tulipas, Narcisos e Açafrões: perigo à espreita
As tulipas, muito populares em arranjos florais, contêm substâncias tóxicas, especialmente em seus bulbos, que podem provocar vômito, salivação intensa e diarreia nos cães. Até a água do vaso pode ser prejudicial.
Já os narcisos, apesar da beleza exuberante, oferecem riscos semelhantes e podem desencadear até arritmias cardíacas. O mesmo vale para o açafrão, cuja ingestão pode causar sintomas severos como vômitos com sangue e, em casos extremos, falência de órgãos.
Campanulas e Flocos de Neve: aparência inofensiva, efeitos devastadores
A jacinto-dos-bosques (ou campanula), embora comum em áreas verdes, é facilmente acessada pelos cães por crescer rente ao solo. Seus efeitos tóxicos são similares aos das tulipas. Os flocos de neve, pequenas flores de aparência delicada, escondem um perigo especialmente nos bulbos, sendo um verdadeiro risco para cães que gostam de cavar.

Plantas brasileiras igualmente perigosas
Além das espécies europeias, o Brasil possui uma lista extensa de plantas tóxicas. Entre as mais perigosas estão:
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Comigo-Ninguém-Pode, Copo-de-Leite, Antúrio e Costela-de-Adão: contêm oxalato de cálcio, que causa irritações severas na boca e garganta, salivação excessiva e dificuldade para respirar.
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Azaleia: pode causar arritmias, cólicas e dor ao defecar.
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Bico-de-Papagaio e Coroa-de-Cristo: liberam seiva irritante que pode provocar desde reações cutâneas até danos às mucosas digestivas.
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Espirradeira: altamente tóxica, pode causar desde vômitos até parada cardíaca.
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Lírios e Palmeira Cica: afetam diretamente rins e fígado, com risco de insuficiência múltipla.
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Mamona: as sementes contêm ricina, uma das toxinas naturais mais letais.
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Jiboia, Espada-de-São-Jorge, Hortênsia e Tinhorão também figuram na lista das que devem ser mantidas longe dos cães.
Ação imediata pode salvar vidas
Segundo o especialista em comportamento canino Joe Nutkins, os cães geralmente evitam plantas tóxicas, mas acidentes acontecem. Ao notar que o animal ingeriu uma planta suspeita, a recomendação é clara: procure imediatamente um veterinário. Se possível, avise a clínica antes da chegada para agilizar o atendimento.
Também é aconselhável entrar em contato com serviços especializados, como os Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX) ou, em casos graves, com o Hospital Vital Brazil, referência nacional no tratamento de envenenamentos.
O que informar ao veterinário:
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Nome ou descrição da planta (cor, folhas, flores ou frutos)
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Quantidade ingerida
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Peso e porte do cão
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Tempo estimado desde a ingestão
Prevenção: o melhor cuidado
A orientação de especialistas da Canine Cottages, empresa especializada em locação pet friendly, é evitar o cultivo dessas plantas em ambientes acessíveis aos cães. “É mais seguro adaptar o espaço do que arriscar a vida do seu melhor amigo”, alertam.
Seja em casa ou durante passeios, os tutores devem ficar atentos ao comportamento dos animais e ao que encontram pelo caminho. A beleza das flores não deve mascarar os perigos que escondem para quem mais amamos.