
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva [PT] insiste em uma política econômica criticada por praticamente todo o mercado financeiro, os indicadores seguem revelando um cenário de deterioração generalizada da economia brasileira. A combinação de inadimplência crescente, endividamento familiar em patamares históricos e desconfiança dos investidores compõe o retrato de um país em crise — e com perspectivas ainda mais sombrias.
76,4% das famílias brasileiras endividadas
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor [PEIC], divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo [CNC], aponta que quase 8 em cada 10 famílias estão endividadas. O índice, que era de 76,1% em janeiro, subiu para 76,4% em fevereiro de 2025, reforçando a fragilidade da renda familiar diante de juros elevados, inflação e desaceleração econômica.
Em dezembro de 2024, 41,51% dos brasileiros adultos estavam com o nome negativado. Segundo dados da CNDL/SPC Brasil, o valor médio devido por inadimplente era de R$ 4.432,05. O levantamento mostra ainda que 1 em cada 5 brasileiros comprometia mais de 50% da sua renda mensal com dívidas — um quadro que se agrava com o aumento da taxa básica de juros [Selic] e a falta de perspectivas para retomada da renda.
Recorde histórico de empresas inadimplentes
O problema se estende para o setor empresarial. Em janeiro deste ano, o Brasil registrou 7,1 milhões de empresas com contas em atraso, o maior número já observado, de acordo com levantamento de mercado. Isso representa 31,6% do total de empresas ativas no país, com destaque para pequenas e médias empresas, que enfrentam dificuldade de acesso ao crédito e retração no consumo.
Haddad sob pressão
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenta navegar entre pressões políticas e a necessidade de estabilidade fiscal. No entanto, sua imagem no mercado despencou. A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 19 de março, mostra que 58% dos agentes financeiros reprovam a atuação do ministro — uma alta expressiva em relação aos 24% de dezembro do ano passado.
A mesma pesquisa revela uma desconfiança massiva nas diretrizes econômicas do governo Lula:
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93% dos entrevistados consideram que a política econômica atual está equivocada;
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58% acreditam que o país corre risco de recessão nos próximos meses;
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83% esperam deterioração da economia até março de 2026;
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82% projetam inflação maior em 2025 do que em 2024;
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87% acreditam em alta da Selic em 1 ponto percentual na reunião do Copom desta semana.
O levantamento ouviu 106 gestores de fundos de investimento entre os dias 12 e 17 de março, com margem de erro de 3,4 pontos percentuais.
Lula agrada os bancos, mas ignora a população?
Enquanto a inadimplência bate recordes e a inflação pressiona o consumo, o governo mantém práticas que, na avaliação de analistas, favorecem o setor bancário e grandes conglomerados — como manutenção de juros altos e expansão do gasto público sem foco claro em produtividade ou investimento estruturante.
O alerta do mercado é claro: a desorganização fiscal, combinada com metas frouxas e ruídos institucionais, pode levar o Brasil de volta à recessão. O dilema político-econômico também está exposto: ou Lula demite Haddad, ou Haddad demite Lula — porque, como estão as coisas, não há espaço para os dois na tentativa de salvar a economia brasileira.