Tentativa de suicídio de policial militar no DF acende alerta sobre saúde mental na corporação

Um policial militar lotado no Batalhão de Ceilândia, cidade a cerca de 32 km de Brasília, atentou contra a própria vida entre a noite de domingo (13) e a madrugada de segunda-feira (14). O suicídio de Charleis Ribeiro, 50 anos, está sendo investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal [PCDF]. O estado de saúde do militar não foi divulgado.

O caso reacende o debate sobre o adoecimento psicológico entre os profissionais da segurança pública, categoria historicamente exposta a altos níveis de estresse, violência, medo e pressão emocional.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, o número de suicídios entre policiais civis e militares aumentou de forma alarmante. Em estados como São Paulo, o crescimento foi de 80%. No Rio de Janeiro, de 116,7%. Em 2023, em diversas unidades da federação, mais policiais militares morreram por suicídio do que em confrontos ou durante o serviço.

Especialistas alertam para o impacto da rotina violenta e do contato constante com tragédias. Profissionais da saúde também compartilham desse sofrimento, já que enfrentam a morte, a dor e o esgotamento físico e emocional em seu cotidiano.

A comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Ana Paula Habka, reconhece o problema e afirma que a corporação tem buscado se aproximar do efetivo por meio de ações voltadas à saúde mental. “Nossa profissão tem um nível elevado de estresse. Afinal de contas, a gente lida diretamente com a criminalidade e acaba vivenciando mais coisas ruins do que boas”, explica.

“O policial se vê como aquele que precisa resolver o problema, mas, às vezes, não vê que o problema também está presente nele. Por isso, a corporação tem trabalhado para se aproximar do servidor dentro das unidades, com nossa capelania, com os nossos médicos”, completa Habka.

Ações do GDF e da PMDF

Nos últimos anos, a PMDF, com apoio do Governo do Distrito Federal [GDF], tem ampliado os esforços voltados à saúde mental da tropa. O Centro de Assistência Psicológica e Social [CAPS] da corporação passou a emitir Guias de Encaminhamento para consultas em psiquiatria e psicoterapia.

Além disso, clínicas especializadas foram credenciadas para atender policiais em sofrimento psíquico, e o número de profissionais da área de saúde mental foi ampliado.

A expectativa é que a combinação entre atenção institucional e apoio especializado ajude a reduzir os casos de adoecimento psicológico e, sobretudo, o fim de incidentes de suicídio na corporação.

Se você ou alguém que você conhece está enfrentando sofrimento emocional, procure ajuda. O CVV – Centro de Valorização da Vida – atende gratuitamente pelo telefone 188, 24 horas por dia, com total sigilo.