Com apenas 6 cursos de medicina atingindo nota máxima no MEC e uma sucessão de escândalos envolvendo estudantes, cresce o debate: será a inteligência artificial uma solução mais ética e confiável do que os ‘futuros profissionais’?
A medicina brasileira chegou a um ponto crítico. O Ministério da Educação (MEC) avaliou recentemente mais de 300 cursos de medicina no país. O resultado? Apenas seis obtiveram nota máxima (5) no Conceito Preliminar de Curso (CPC), principal indicador de qualidade do ensino superior. O restante se divide entre notas regulares e insatisfatórias, com 24 cursos reprovados com notas 1 e 2.
Mas os números não revelam o cenário completo — a crise é ética, moral e cultural.

Em janeiro de 2025, uma estudante de medicina da Unievangélica de Anápolis, em Goiás, gravou e publicou nas redes sociais um exame ginecológico real, expondo a paciente, suas partes íntimas e o ambiente clínico. O vídeo viralizou, provocando indignação nacional. A aluna, que posteriormente foi transferida para uma instituição de ensino no Tocantins, teve as redes sociais desativadas após a repercussão. A universidade afirmou ter tomado as providências cabíveis.
Dias depois, a estudante Assúria Nascimento de Mesquita, de 20 anos, da Universidade Federal do Acre (UFAC), usou a rede social X (antigo Twitter) para ofender os próprios conterrâneos, chamando o povo acreano de “seboso”, e dizendo que o namorado “não ser acreano” era sua melhor qualidade. Filha do secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia do Acre, Assurbanípal Mesquita, Assúria publicou uma nota de retratação, mas a UFAC afirmou que o pedido de desculpas não basta e irá avaliar medidas institucionais.


Mais recentemente, o caso de Vitória Chaves da Silva, jovem de 26 anos falecida após o terceiro transplante de coração no Instituto do Coração (InCor), da USP, escancarou a insensibilidade de outras duas estudantes. Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeira Soares Foffano gravaram um vídeo debochando da condição clínica da paciente, sem autorização da família, durante uma experiência comercializada por R$ 8.450 pelo próprio Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. O caso virou inquérito policial por injúria. A mãe da jovem desabafou:
“Minha filha lutou por 26 anos, e vieram duas alunas que não conheciam o caso, e a expuseram desse jeito”.

Casos como esses mostram que a formação médica no Brasil não sofre apenas com infraestrutura precária e baixos índices de desempenho acadêmico, mas com algo mais grave: a falência ética.
E diante dessa crise moral, cresce silenciosamente uma alternativa que até pouco tempo parecia distante: a inteligência artificial na medicina. Sistemas como o Google Health, o K Health, e até soluções como o ChatGPT-4 com acesso clínico, já se mostram mais éticos e precisos que muitos profissionais em formação.
A IA não grava pacientes. Não ridiculariza doenças. Não se embriaga com vaidade. Ela entrega diagnósticos com base em dados, evidências e respeito — valores que deveriam ser o mínimo na prática médica humana.
A pergunta, então, se impõe: quem você escolheria para cuidar de você ou de um ente querido? Um futuro doutor que faz piada com o sofrimento alheio para ganhar curtidas, ou um sistema treinado para salvar vidas com discrição e precisão?
A medicina precisa retomar o seu propósito. Urgentemente. Porque se os humanos falham repetidamente na ética e no compromisso com a dor do outro, as máquinas — por incrível que pareça — já se mostram mais humanas do que muitos médicos em formação.
O futuro não espera. E talvez a cura da medicina esteja exatamente fora da medicina. #S&DS #emdefesadasaude