Vitória Alves, 27 anos, moradora de Sobradinho I, voltou para casa com três medalhas no Campeonato Brasileiro de Atletismo da Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais [CBDI] 2025, realizado entre 4 e 6 de abril no Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em São Paulo. A atleta, que compete na categoria T20 [para deficientes intelectuais], subiu ao pódio duas vezes no ouro [arremesso de peso e lançamento de dardo] e uma no bronze [salto em distância].
O evento, que reúne competidores de todo o país, tem como objetivo promover a inclusão social e o desenvolvimento do esporte paralímpico no Brasil. Para Vitória, no entanto, a participação quase não aconteceu. Apesar de sua longa trajetória no atletismo – iniciada aos cinco anos –, a falta de recursos ameaçou sua presença na competição.
Entre treinos, estudos e família
Casada há nove anos e mãe de Davi Luiz, 7, Vitória divide seu tempo entre os treinos no Estádio Augustinho Lima, em Sobradinho, e as aulas no programa de Educação para Jovens e Adultos [EJA]. “Treino de segunda a sábado com meu técnico, Gastão Reis Mesquita, e, duas vezes por semana, faço exercícios na rua de terra perto de casa”, conta.
Atualmente, ela recebe a Bolsa Atleta do Governo do Distrito Federal, mas o benefício, vital para sua carreira, vence no próximo mês. Sem ele, Vitória depende exclusivamente de patrocínios para continuar competindo.
Apoio que fez a diferença
Foi através das redes sociais que o advogado Renato Rocha, fundador do Projeto Justiça Para Todos e do Instituto Mulheres em Ação, conheceu a história de Vitória e decidiu ajudá-la. “Ela mora na mesma região que minha mãe. Apoiei porque acredito que o esporte transforma vidas, oferece disciplina e afasta jovens da criminalidade”, disse Rocha, que custeou parte de sua preparação.
Com o auxílio de Rocha e outros apoiadores locais, Vitória não só competiu como brilhou. “Voltar com três medalhas é uma realização imensa. Representar minha cidade e superar tantos obstáculos me enche de orgulho”, afirmou a atleta, que já coleciona conquistas em torneios nacionais e internacionais, incluindo pódios no Campeonato Internacional Open de Atletismo.
O esporte como agente de transformação
Renato Rocha reforça a necessidade de mais investimentos no esporte paralímpico, especialmente em comunidades carentes. “Vitória é talentosa e determinada. Apoiar atletas como ela é investir em um futuro com mais oportunidades e menos desigualdades”, destacou.
Enquanto busca novos patrocínios para manter sua carreira, Vitória sonha em inspirar outros jovens com deficiência. “Quero mostrar que, com persistência, nada é impossível.”