
Trump ameaça nova escalada na guerra comercial com China e abala mercados globais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta segunda-feira [data não informada] ampliar ainda mais as tarifas sobre produtos chineses, acirrando a já tensa guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. A nova ofensiva de Trump, caso se concretize, pode afetar diretamente mercados globais e acender o alerta para uma recessão mundial.
Em publicação nas redes sociais, o republicano afirmou que irá impor tarifas adicionais de até 50% sobre importações chinesas a partir de quarta-feira, caso Pequim não recue das taxas de 34% recentemente aplicadas sobre produtos norte-americanos. As tarifas chinesas, por sua vez, foram uma resposta às medidas anunciadas anteriormente por Washington — também de 34%.
“Todas as negociações com a China sobre as reuniões solicitadas conosco serão encerradas!”, escreveu Trump, encerrando temporariamente qualquer esperança de trégua entre os dois países.
O impacto da retórica foi imediato. Bolsas ao redor do mundo reagiram negativamente, ampliando perdas já registradas desde o anúncio das primeiras tarifas. No sábado, uma tarifa de 10% sobre todas as importações já havia entrado em vigor nos EUA. Com as novas medidas previstas, os tributos podem alcançar 50%.
Nos EUA, o índice S&P 500 chegou a esboçar uma recuperação após rumores de uma possível pausa de 90 dias nas tarifas, mas voltou a cair após a Casa Branca negar as informações, classificando-as como “fake news”. O índice acumula uma retração de 20% desde o pico registrado em fevereiro.
Na Ásia e na Europa, o cenário foi semelhante. Investidores temem que as tarifas — chamadas por Trump de “remédios” — resultem em aumento de preços, retração na demanda e uma recessão global. O banco Goldman Sachs elevou para 45% a probabilidade de que os EUA entrem em recessão.
A resposta chinesa foi firme: Pequim acusou Trump de “bullying econômico”. Após quedas acentuadas nas bolsas de Hong Kong e da China continental, o fundo soberano chinês foi acionado para tentar conter os prejuízos. Em Taiwan, os mercados despencaram quase 10%, maior queda percentual diária já registrada no país.
A escalada tarifária também levou a União Europeia a anunciar medidas retaliatórias contra produtos norte-americanos, previstas para entrarem em vigor na próxima semana. Ainda assim, o bloco europeu disse estar disposto a negociar um acordo “zero por zero” com os EUA. “Mais cedo ou mais tarde, sentaremos à mesa com os americanos e encontraremos um compromisso aceitável para ambos os lados”, afirmou Maros Sefcovic, comissário europeu de Comércio.
A estratégia de Trump é interpretada por aliados como um cumprimento de promessas de campanha para rever décadas de liberalização comercial. Assessores da Casa Branca defendem que o presidente está disposto a negociar acordos “excelentes” com países dispostos a ceder. “Ele vai continuar apostando nisso, mas também ouvirá propostas que beneficiem os trabalhadores e os agricultores americanos”, disse Kevin Hassett, economista da Casa Branca.
Mesmo entre aliados, no entanto, há discordância. O bilionário Bill Ackman alertou para o risco de um “inverno nuclear econômico”. Elon Musk, outro apoiador do presidente, propôs tarifas zero entre EUA e Europa — sugestão prontamente descartada pelo conselheiro comercial Peter Navarro, que chamou Musk de “montador de carros”.
O dilema agora é saber se Trump busca estabelecer um novo regime permanente de tarifas ou apenas utiliza a escalada como ferramenta de barganha. Fabricantes e exportadores europeus temem o impacto nas vendas de produtos como vinho italiano, conhaque francês e automóveis alemães.
Nos EUA, montadoras como a Audi suspenderam a liberação de veículos nos portos após a imposição de tarifas de 25%. Já a fornecedora de peças aeroespaciais Howmet Aerospace avalia interromper remessas afetadas pelos novos tributos.
Governos asiáticos também se movimentam. O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, conversou por telefone com Trump para pressionar por um acordo. Já Taiwan se ofereceu para negociar com base em tarifas zero. A Índia, por sua vez, sinalizou que não pretende retaliar.
Com o risco de recessão se tornando mais concreto, analistas apostam que o Federal Reserve, banco central dos EUA, poderá reduzir as taxas de juros já no próximo mês. Trump voltou a pressionar publicamente por esse movimento. Jerome Powell, presidente do Fed, no entanto, sinalizou que não tem pressa para cortar os juros. #S&DS #emdefesadasaude