E agora, Tarcísio, Hamilton e Damares? Presidente do Republicanos se opõe a projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro

A declaração do presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira [SP], ontem [18/03], contra o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro colocou o partido em uma encruzilhada política.

Apesar de integrar o Centrão e ocupar o Ministério de Portos e Aeroportos no governo Lula, o Republicanos abriga figuras de peso do bolsonarismo, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e os senadores Hamilton Mourão [RS] e Damares Alves [DF]. A crítica pública de Marcos Pereira ao projeto, visto como uma bandeira de setores aliados a Jair Bolsonaro, expõe as fissuras internas em um partido que tenta equilibrar sua base conservadora com a participação no governo federal.

Nos bastidores, a posição de Marcos Pereira é vista como um alinhamento tático ao Palácio do Planalto, que rejeita a anistia e busca isolar politicamente os responsáveis pelos ataques às instituições. No entanto, essa estratégia colide com os interesses de nomes como Tarcísio, Hamilton e Damares, que mantêm forte conexão com a base bolsonarista e têm evitado se distanciar do ex-presidente. Para esses políticos, apoiar a anistia é uma forma de manter a lealdade de eleitores radicais, mesmo que isso signifique tensionar a relação com a cúpula do partido.

A situação é ainda mais delicada para o Republicanos porque a sigla, historicamente ligada à Igreja Universal, depende do apoio de líderes evangélicos e conservadores. O ex-presidente da bancada evangélica, deputado Silas Câmara [AM], também integra o partido e representa uma ala que pode se sentir traída pela postura de Marcos Pereira. A tensão interna tende a crescer à medida que o projeto de anistia avança no Congresso, forçando os parlamentares a escolherem entre o alinhamento com o governo Lula e a manutenção de suas bases eleitorais.

Enquanto isso, o Centrão observa o desenrolar da crise com atenção. A capacidade de Marcos Pereira de manter a coesão do Republicanos será testada nos próximos meses, especialmente em um cenário onde o partido precisa conciliar sua participação no governo com a pressão de setores bolsonaristas. Se a crise se aprofundar, pode haver um realinhamento de forças dentro da sigla, com possíveis desfiliações ou até mesmo uma ruptura que redefina o mapa político do partido. O desfecho dessa disputa interna pode influenciar não apenas o futuro do Republicanos, mas também o equilíbrio de poder no Congresso.