
Nos corredores de Brasília, a saída de Nísia Trindade Lima do Ministério da Saúde – substituída pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, é vendida como uma resposta à baixa aprovação do presidente Lula [PT], mas essa narrativa não se sustenta. A insatisfação popular tem raízes na condução da economia, e não nos programas de saúde liderados pela ex-ministra.
O verdadeiro motivo da demissão passa longe da gestão técnica e se concentra na política. Lula quer dar um perfil mais político aos seus ministérios. E, atender indicações do Centrão [que é o bloco informal na Câmara dos Deputados que reúne parlamentares de agremiações de centro e centro-direita]. Sua exoneração, portanto, atende mais aos interesses do jogo político do que a qualquer falha administrativa.
“A conversa com o presidente Lula tem o tom dele me comunicar sua avaliação desse segundo momento do governo, vamos dizer assim. E que ele achava importante uma mudança de perfil à frente do Ministério da Saúde e me agradecendo pelo trabalho realizado”, afirmou Nísia.
A troca no comando da Saúde reforça a influência política sobre a técnica, evidenciando que, em Brasília, a governabilidade tem um preço — e, muitas vezes, ele é pago com o afastamento de gestores comprometidos com princípios e não com conchavos.