“Todos que apoiaram Bolsonaro se deram mal, menos os filhos. Por quê?”

Bolsonaro critica urnas, mas só quando não é para eleger seus quatros filhos
Bolsonaro com os filhos: Flávio Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e Jair Renan Bolsonaro

A mais recente ofensiva do Supremo Tribunal Federal (STF) contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro acendeu um questionamento inevitável: por que todos que estiveram ao lado dele no governo ou nos bastidores do poder enfrentam graves consequências jurídicas, enquanto seus filhos seguem politicamente ativos e sem maiores reveses?

A chamada “Lista de Moraes” — um conjunto de 34 nomes denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta tentativa de golpe de Estado — não inclui Flávio, Carlos ou Eduardo Bolsonaro. Já a lista de investigados no inquérito das milícias digitais, que apura a disseminação de desinformação e ataques às instituições, cita diretamente Carlos Bolsonaro. Apesar disso, nenhum dos três filhos do ex-presidente enfrenta até o momento um processo tão severo quanto o de ex-ministros, assessores, militares e aliados de primeira ordem.

Entre os investigados, a relação com Bolsonaro foi determinante para a ascensão política e profissional. Porém, após o fim do governo, muitos viram suas carreiras desmoronarem. O ex-ajudante de ordens Mauro Cid foi preso, firmou um acordo de delação premiada e entregou provas que aprofundaram as investigações. O ex-ministro da Defesa Braga Netto enfrenta suspeitas graves. Até mesmo figuras menos conhecidas, como Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais, estão entre os alvos da justiça.

Enquanto aliados caem, os filhos do ex-presidente seguem atuantes. Flávio Bolsonaro, senador pelo PL-RJ, continua sua trajetória política sem grandes ameaças iminentes, apesar de investigações como a do caso das “rachadinhas”. Eduardo Bolsonaro, deputado federal, permanece como um dos nomes mais influentes da extrema-direita no Brasil. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, tem o nome associado à estrutura de comunicação bolsonarista, mas também escapa de denúncias mais contundentes.

A diferença pode estar no foro privilegiado e na própria estrutura jurídica que protege parlamentares. Enquanto ex-ministros e assessores perderam seus cargos e, com isso, a proteção política, os filhos de Bolsonaro continuam blindados por seus mandatos. Além disso, a estratégia do ex-presidente em manter a família em posições de poder pode ter sido crucial para garantir que, independentemente dos desdobramentos jurídicos, seus herdeiros permaneçam relevantes no jogo político.

A permanência de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro no centro da política nacional levanta questionamentos sobre até onde irá a responsabilização pelos atos do ex-presidente e seus aliados. Com as eleições de 2026 se aproximando, o cerco jurídico a Bolsonaro pode definir os rumos da direita brasileira, mas, ao que tudo indica, seus filhos seguirão influentes, enquanto antigos aliados tentam sobreviver ao colapso do bolsonarismo tradicional.