Lula não teria cunhão para deportar americanos ilegais em mesma condição que fez Trump

O presidente colombiano, Gustavo Petro, na capital, Bogotá, e o presidente Lula © Ricardo Stuckert/PR

Editorial

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva [PT] tentou demonstrar uma postura firme ao lidar com as tensões nas relações imigratórias envolvendo o novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos.

Um exemplo recente foi a maneira como o Brasil respondeu à deportação de 88 brasileiros que retornaram ao país em condições consideradas desumanas, incluindo o uso de algemas e relatos de agressões por parte de agentes norte-americanos.

Ao tomar conhecimento da situação, Lula ordenou que a Força Aérea Brasileira (FAB) resgatasse os cidadãos deportados e os levasse até Confins (MG), agentes brasileiros exigiram a retirada das algemas. 

No entanto, diferentemente da postura assertiva de Trump, que adotou medidas duras contra imigrantes ilegais, Lula optou por uma abordagem mais diplomática e menos confrontacional. O presidente brasileiro não buscou retaliações ou medidas de reciprocidade, como a deportação de americanos em situação irregular no Brasil. Em vez disso, priorizou o diálogo e a defesa dos direitos humanos, convocando o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para exigir explicações sobre o tratamento dado aos brasileiros deportados – que não vai mudar em nada – a postura norte americana. 

O chanceler Mauro Vieira, em sintonia com a visão de Lula, reforçou que o Brasil não admitirá o uso de algemas em deportados em solo brasileiro, mas descartou o envio de aeronaves da FAB para resgatar futuros deportados.

Vieira destacou que a responsabilidade pelo transporte desses cidadãos cabe ao governo americano, mantendo uma postura de respeito aos acordos bilaterais estabelecidos em 2018 e 2021, que regulamentam essas operações.

A postura de Lula reflete o papel do Brasil como um ator global que busca equilibrar a defesa de seus interesses nacionais com a manutenção de relações diplomáticas sólidas, mesmo diante de desafios complexos. Enquanto Trump adota uma política externa mais agressiva e unilateral, Lula tenta reforça a importância do multilateralismo e do diálogo, posicionando o Brasil como um mediador que tenta ser respeitado no cenário internacional.

Essa abordagem contrasta com a crise diplomática gerada pela recusa da Colômbia em receber cidadãos deportados em um avião militar dos EUA, que quase levou a uma guerra comercial entre os dois países.

O Brasil, sob a liderança de Lula, tenta demonstrar que é possível lidar com situações delicadas sem escalar conflitos, lógico, o que seria um grande prejuízo comercial para o Brasil.