O atual governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), publicou em 19 de abril de 2021, no DODF a comissão especial para sanar as ações necessárias para destravar a ocupação do empreendimento.
O portal S&DS entrevistou neste sábado (5), o ex-vice-governador Tadeu Filippelli que revelou um possível esquema milionário de aluguéis e empresas terceirizadas que têm inviabilizado, em sua visão, a ocupação do CENTRAD.
S&DS indagou: Filippelli, o que realmente está envolvido por trás da dificuldade de ocupação do Centro Administrativo do Distrito Federal?
Filippelli começou afirmando: “Eu, acho que são interesses de terceiros. Vamos ser sinceros, o CENTRAD por motivo exclusivamente político, se levantou um véu de desconfiança sobre o empreendimento. Como o CENTRAD pode ter desconfiança sobre o empreendimento se ele é uma PPP – Parceria Público-Privada?
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“Teve o desembolso de um centavo se quer do governo para aquele empreendimento? Não, Não teve! Aí, o governo que veio na sequência, o Rodrigo Rollemberg (PSB), invocando uma situação de ilegalidade, não ocupa o CENTRAD e fica lá aquela edificação.
“Primeiro, eu acho que isso aí é desrespeitar as cidades como Samambaia, Taguatinga e Ceilândia; porquê? Com o funcionamento do CENTRAD você teria outra realidade neste momento, daquelas localidades. Ali, é um grande centro demográfico, cientificamente escolhido porquê? É um centro de gravidade de toda a população que evita o movimento pendular dos trabalhadores para o centro da cidade.
“Agora, o que tem ali! Tem primeiro, que ele eliminaria a parte de locação de prédios em toda a cidade onde que hoje, não sei o tamanho do número, mas eu tenho certeza o que se gasta com locação de prédios para o governo, locações absurdas! É muito maior do que se pagaria ali com uma parcela do binômino; aquilo ali, o CENTRAD é um binômino pagamento que é composto de duas partes, amortização de empreendimento e portanto recebimento do empreendimento e operação de empreendimento, porquê?
“Aquele empreendimento, não sei se você sabe, ele engloba e abraça também deste as portarias, manutenção das escadas rolantes e elevadores, conta de água, conta de luz, as copas com cafés, limpeza, segurança etc.
“Então, eu acho que o braço que mexe com algumas terceirizações de vigilância, limpeza etc e tal; o braço interessado em locações de imóveis, algumas coisas não tiveram entusiasmos que o CENTRAD caminhasse para frente. Esse é meu pensamento. É um absurdo o prejuízo que estamos levando! Alguém vai pagar aquilo lá, algum dia, porquê? A ausência da ocupação e financiamento estão pesando em juros e alguém que está ou estão se beneficiando que tomaram essa decisão vão ter que pagar!”
S&DS questionou: Filippelli eleito deputado distrital teria coragem de propor a CPI do CENTRAD na Câmara Legislativa?
Filippelli: “Com toda tranquilidade”.
Centrad o grande elefante branco – entenda
Tudo começou em 2009, na gestão do ex-governador cassado José Roberto Arruda, que deu início a construção da obra 182 mil m² de área, localizada entre as cidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.
O Centro Administrativo foi idealizado para abrigar em Taguatinga (DF), cidade a 20 quilômetros da região central de Brasília, o governador, o vice, os secretários e outros 13 mil servidores, sob o forte argumento de que era preciso descentralizar as decisões do Executivo local e aliviar o trânsito no Plano Piloto.
A construção que reúne um prédio de 7.541 m² e outros dez de quatro andares e quatro torres de 15 pisos – foi inaugurado a toque de caixa, mesmo sem estar em condições de receber o funcionalismo, pelo governo Agnelo Queiroz (PT) em 31 de dezembro de 2014, do qual Tadeu Filippelli foi vice.
Queiroz foi condenado, de forma definitiva, por improbidade administrativa no processo que questionava a inauguração do Centro Administrativo do DF, tendo a suspensão dos direitos políticos e a obrigação ao pagamento de multa e indenização no valor de R$ 1 milhão.
Já o ex-administrador de Taguatinga,Anaximenes Vale dos Santos teve a suspensão dos direitos políticos e multa e indenização de R$ 500 mil pela emissão da carta de habite-se do empreendimento.