Os votos das mães e pais de pets podem eleger candidatos com mais facilidade – aos que não têm propostas para a saúde, educação e segurança
A crescente popularidade das políticas voltadas para a proteção animal no Distrito Federal levanta questões sobre como pautas relacionadas aos direitos dos pets podem ser utilizadas para impulsionar campanhas políticas em 2026.
Em um cenário de crise nos setores de saúde, educação e segurança pública do país, projetos como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência Veterinário (SAMUVet) e a criação de um cadastro de ‘Ficha Suja’ para maus-tratos a animais destacam-se entre propostas de parlamentares distritais.
O deputado Roosevelt (PL) propôs a criação do SAMUVet, um serviço de resgate e socorro para animais em vias públicas. No entanto, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) suspendeu a vigência da Lei Distrital 6.586/2020, alegando possíveis inconstitucionalidades. Mesmo assim, o tema continua em evidência e pode voltar ao debate durante o período eleitoral.
Outro projeto, de autoria do deputado Daniel Donizet, prevê a criação de um cadastro para impedir a eleição ou contratação de pessoas condenadas por maus-tratos a animais. Donizet, que se elegeu com a bandeira de defesa dos pets, também lidera a pesquisa populacional de cães e gatos no DF. O levantamento servirá como base para a criação de políticas públicas na área, mas é visto por críticos como uma estratégia para fortalecer sua base eleitoral já que detêm a secretaria de Meio Ambiente, responsável pela coleta de dados.
Segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021, realizada pela Codeplan, dos 3.010.881 habitantes, 41,9% dos lares do DF possuem cães, enquanto 11,1% abrigam gatos. Os números reforçam o apelo popular de propostas voltadas à causa animal, especialmente diante das dificuldades enfrentadas por setores essenciais.
A pesquisa em andamento coletará dados como nome completo, CPF, endereço e renda familiar, levantando preocupações sobre a utilização dessas informações para fins eleitorais. O governo afirma que a medida é destinada exclusivamente ao desenvolvimento de políticas públicas para a saúde e bem-estar animal, mas o uso dessas bases de dados durante campanhas será um ponto de atenção.
Com temas tradicionais como saúde, educação e segurança ainda sem soluções eficazes, pautas voltadas para os pets surgem como uma alternativa mais acessível e popular para candidatos que buscam aprovação nas urnas. A tendência aponta para uma eleição em que o bem-estar animal pode ocupar o centro do debate, refletindo a mudança de prioridades na percepção de parte do eleitorado.