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A força política de enfermeiros e médicos na saúde pública na condução dos eleitores

A força política de enfermeiros e médicos na saúde pública na condução dos eleitores
Foto: Hora do Povo

Quando o governo negligencia a saúde pública, abre espaço para o descontentamento social e político

Ivan Rocha @ivanrocha

Médicos e enfermeiros, como protagonistas do atendimento na ponta do sistema, tornam-se figuras estratégicas na percepção popular sobre a eficiência e a qualidade dos serviços prestados. São eles que lidam diretamente com a população, enfrentando as limitações do sistema e transmitindo, de forma involuntária ou não, a imagem real das condições de trabalho e do cuidado oferecido.

Com uma população de aproximadamente 160 milhões de brasileiros dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS), a força política desses profissionais se manifesta tanto no impacto direto sobre a opinião pública quanto na capacidade de mobilização e pressão por melhores condições. A insatisfação de médicos e enfermeiros não se restringe ao ambiente hospitalar; ela reverbera nas urnas, nas redes sociais e nas manifestações públicas, influenciando a estabilidade de governos e a aprovação de políticas.

O médico, por seu papel técnico e decisivo nos diagnósticos e tratamentos, muitas vezes vocaliza as falhas estruturais do sistema. Sua crítica embasada, respaldada pela credibilidade profissional, pode amplificar a percepção de ineficiência e abandono por parte do governo. Por outro lado, o enfermeiro, figura central na gestão administrativa e na execução dos cuidados, enfrenta diretamente as dificuldades diárias, sendo o termômetro mais sensível da fragilidade do sistema.

Não se trata de fomentar uma “gestão do caos“, mas de reconhecer que esses profissionais são a linha de frente no contato com a população. Eles testemunham, em primeira mão, os efeitos das decisões políticas e econômicas sobre o SUS. Quando desvalorizados, mal remunerados e sobrecarregados, tornam-se agentes involuntários de instabilidade, denunciando as falhas do sistema e enfraquecendo a imagem do governo.

Valorizar médicos, enfermeiros e demais profissionais, portanto, não é apenas uma questão de justiça trabalhista, mas também uma estratégia política inteligente. Investir em condições adequadas de trabalho, remuneração justa e infraestrutura moderna não só melhora o atendimento à população, como fortalece a percepção de um governo comprometido com a saúde pública. Afinal, esses profissionais não apenas cuidam da saúde dos pacientes, mas também refletem o estado de saúde da gestão pública.

Em tempos de crise ou de reformas na saúde, governantes devem compreender que médicos e enfermeiros são mais do que servidores essenciais; são aliados estratégicos na construção de um sistema de saúde eficiente e de uma base política sólida.