O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) continua um crítico ferrenho das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral brasileiro – pelo menos quando não está diretamente sua família envolvido nos resultados
A ironia atinge níveis altos quando se observa a recente ascensão política de seus filhos, todos eleitos pelo mesmo sistema que ele tanto descredibiliza.
Carlos Bolsonaro, reeleito para o sétimo mandato como vereador no Rio de Janeiro com impressionantes 130.480 votos, agradeceu sem ressalvas à “transparência” do pleito. Já Jair Renan, estreante na política, conquistou 3.033 votos em Balneário Camboriú, garantindo uma vaga na Câmara Municipal a partir de 2025.
Enquanto isso, Flávio Bolsonaro segue como senador e Eduardo Bolsonaro como deputado federal, ambos em cargos conquistados sem qualquer contestação familiar ao resultado das urnas.
Um sistema eleitoral “conveniente”?
Curiosamente, as críticas de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral parecem desaparecer quando o sobrenome na cédula eletrônica é “Bolsonaro”. Não há discursos inflamados sobre fraudes ou manipulações. Quando é a família que vence, tudo funciona magicamente bem.
Afinal, para que questionar as urnas se elas mantêm o “clã” no poder? A confiança seletiva de Jair Bolsonaro expõe não só uma contradição evidente, mas também a flexibilidade de seus princípios diante de interesses familiares.