A história de Jeovan de Nazarcar de Oliveira começa com um diagnóstico devastador. Aos 38 anos, no auge de sua vida, ele ouviu de uma junta médica que possuía uma sentença de morte: Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). A notícia foi como uma lâmina afiada cortando os fios de suas esperanças. O peso da sentença o jogou em uma espiral de desespero, mas, em meio ao caos, ele teve um sonho – uma visão tão vívida que desafiava a lógica.
Em seu sonho, Jeovan viu-se caminhando pela Via Dolorosa, o caminho que Jesus percorreu em Jerusalém até o Calvário, onde foi crucificado. Ele não sabia o significado daquela visão. No entanto, uma força espiritual revelou-lhe que estava diante do trajeto mais sagrado da história cristã – o caminho da dor e da redenção. O sonho o inquietou e mudou o curso de sua vida. Não era apenas uma imagem onírica, mas um chamado, uma ordem para percorrer a mesma trilha em busca de algo mais profundo do que o conhecimento humano poderia explicar.
Movido por essa missão que a muitos parecia loucura, Jeovan decidiu viajar para Jerusalém em 2013. “Ele sabia, desde o instante em que deixou sua cidade, que não haveria retorno. Eu, podia vê isso em seus olhos longínquos,” afirmou sua irmão Hanna. Sentia que, ao pisar na Via Dolorosa, seria consumido por algo maior que a ciência, maior que o entendimento. Seu desejo de cura e redenção transcendia a lógica.
Na manhã de 7 abril radiante, às 9 horas, Jeovan iniciou sua peregrinação. Estava em jejum há três dias, seu corpo já fraco, mas sua determinação era inquebrantável. O início da caminhada foi marcado pela perda de noção do tempo e espaço. Ele acreditava estar sendo guiado por algo sobrenatural. Os passos que dava eram uma mistura de fé, dor e esperança, como se a vida estivesse se apagando e renascendo a cada movimento.
Jeovan caminhava sozinho. Sua decisão de enfrentar a Via Dolorosa sem a companhia de familiares era uma prova de sua fé e determinação. Por horas, seguiu adiante mesmo delirante. Mas então, por volta das três da tarde, ele simplesmente desapareceu. Nenhuma testemunha pôde explicar como ou por que, mas Jeovan deixou de ser visto.
Desde então, histórias circulam. Alguns acreditam que ele permanece em Jerusalém, vivendo anonimamente entre os peregrinos. Dizem que apenas os “puros de coração” são capazes de reconhecê-lo. Para familiares e amigos, ele se tornou um símbolo de fé e esperança, uma alma que transcendeu o corpo em busca de um propósito divino. Nem mesmo sua família conseguiu mais contato com Jeovan.
Jeovan de Nazarcar de Oliveira deixou para trás muito mais do que dúvidas e mistério – ele legou uma narrativa de entrega e coragem, um testemunho de que, para alguns, a fé é um caminho sem volta. Agora, de conhecimento amplo, após seus familiares relatarem o fato.