Análise Epidemiológica de HIV e AIDS no DF: Águas Claras registra proporção elevada de casos

Análise Epidemiológica de HIV e AIDS no Distrito Federal: Águas Claras Registra Proporção Elevada de Casos
Emplavi

Águas Claras é atualmente considerada a cidade com o maior número de gays no Distrito Federal, essa característica pode influenciar os dados sobre a categoria de exposição ao HIV e à aids na região.

A predominância de casos na categoria de exposição homossexual, que representou 50,4% dos casos de HIV registrados no Distrito Federal entre 2018 e 2022, sugere que locais com uma concentração maior de pessoas que se identificam como gays ou outros homens que fazem sexo com homens (HSH) podem ter uma proporção ainda mais elevada de notificações nessa categoria.

Isso ocorre porque, como a categoria homossexual teve impacto significativo nos dados gerais de exposição, representando 59,4% dos casos entre homens, regiões com maior concentração dessa população, como Águas Claras, tendem a refletir ou até aumentar essa predominância. A análise localizada poderia confirmar se a taxa de detecção de HIV nessa cidade é mais alta em comparação com outras regiões, alinhando-se aos dados do perfil demográfico e de exposição.

Análise Epidemiológica de HIV e AIDS no Distrito Federal: Dados e Tendências

A Subsecretaria de Vigilância à Saúde do Distrito Federal divulgou o Informativo Epidemiológico de novembro de 2023, apresentando uma análise detalhada dos casos de HIV e aids entre 2018 e 2022, com base em dados coletados de diversos sistemas de informação, como o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). O objetivo foi avaliar as tendências de detecção e mortalidade e os fatores demográficos e sociais que influenciam a epidemia.

Fonte de Dados e Metodologia

Os dados foram extraídos em outubro de 2023 utilizando sistemas como o Tabwin e o Excel®, garantindo a consistência das informações por meio do cruzamento de bases de dados. A análise focou nos casos de HIV notificados por critério laboratorial e nos casos de aids confirmados. Foram também considerados os óbitos com aids como causa básica.

Principais Resultados

Entre 2018 e 2022, foram registrados 3.684 casos de infecção por HIV e 1.333 casos de aids no Distrito Federal. Nesse período, o coeficiente de detecção de aids por 100 mil habitantes apresentou uma queda significativa de 9,8 em 2018 para 7,3 em 2022. No caso do HIV, a taxa de detecção permaneceu estável, apesar de uma leve redução, passando de 24,7 casos/100 mil habitantes em 2018 para 21,5 em 2022.

Análise Regional

Ao avaliar as regiões de saúde do Distrito Federal, a maior redução no coeficiente de detecção de HIV ocorreu na maioria das regiões, exceto na Região Centro-Sul, onde houve um aumento significativo, de 15,1 para 25,3 casos por 100 mil habitantes no período. Já no caso da aids, todas as regiões, com exceção da Região Sul, apresentaram queda nos índices, com destaque para as Regiões Norte e Sudoeste, que registraram as maiores reduções.

Perfil Demográfico e Social

A análise por faixa etária demonstrou que os jovens entre 20 e 29 anos concentraram a maior parte dos casos de HIV (45,5%), seguidos pela faixa etária de 30 a 39 anos (27,9%). Entre os casos de aids, as proporções mais altas também foram observadas nessas mesmas faixas etárias, com 32,9% e 28,9%, respectivamente.

Em relação à categoria de exposição, houve predominância da população homossexual, que representou 50,4% dos casos de HIV, com uma média de 59,4% dos casos entre os homens. A análise por raça/cor revelou que pessoas pardas foram as mais afetadas, representando 46,2% dos casos de HIV e aids no período. A escolaridade mostrou que pessoas com ensino médio completo ou superior predominaram entre os casos registrados, mas a categoria “informação ignorada” ainda compromete uma análise mais detalhada.

Mortalidade e Impacto da Pandemia de Covid-19

O Distrito Federal registrou 484 óbitos por aids entre 2018 e 2022, com uma redução no coeficiente de mortalidade de 18,2%, passando de 3,8 óbitos por 100 mil habitantes em 2018 para 2,7 em 2022. Além disso, 99 óbitos por outras causas em pessoas com HIV foram identificados, com aumento de casos durante os anos de 2020 e 2021, sugerindo um possível impacto da pandemia de Covid-19. Embora as análises ainda sejam inconclusivas, a pandemia pode ter afetado a quantidade e a qualidade dos dados.

Conclusões e Recomendações

As análises indicam uma estabilidade na detecção de casos de HIV e uma redução nos casos de aids e na mortalidade por aids. A supressão viral em 92% dos pacientes em tratamento no Distrito Federal destaca o sucesso das terapias antirretrovirais (TARV) na redução da morbidade e mortalidade. No entanto, há uma discrepância de gênero significativa, com maior proporção de homens diagnosticados com HIV em relação às mulheres, sugerindo que as mulheres são frequentemente diagnosticadas em estágios mais avançados da doença.

A análise também destaca a importância da coleta adequada de dados em fichas de notificação e a necessidade de ampliar as estratégias de prevenção, como oferta de testes, tratamento e medidas de prevenção, incluindo PEP e PrEP, especialmente entre as populações mais vulneráveis. A articulação com a Atenção Primária em Saúde (APS) é essencial para ampliar o acesso a esses serviços.

A resposta à epidemia de HIV/aids no Distrito Federal apresenta avanços significativos, mas ainda existem desafios, especialmente no que diz respeito à vulnerabilidade social e à retomada das ações pós-pandemia.