A demissão de Tite pelo Flamengo, nesta segunda-feira (30), após uma sequência de resultados frustrantes, especialmente a eliminação na Libertadores diante do Peñarol, abriu margem para especulações sobre o futuro do clube — e colocou Gabigol de novo no centro da atenção. A relação conturbada entre o atacante e o técnico, que começou anos antes, parece ter chegado a um ponto crítico, e a torcida rubro-negra estava de olho.
No Flamengo, Tite e Gabigol nunca estiveram exatamente na mesma página. Desde que o treinador assumiu o time em outubro de 2023, o atacante, até então uma figura incontestável no elenco, foi perdendo espaço gradativamente. Em campo, a estrela que brilhou nas decisões mais importantes da história recente do clube foi ofuscada pela escolha de Tite em dar preferência a outros nomes no ataque. Mas a rivalidade entre os dois vai além de decisões táticas. Ela começou em 2022, quando Gabigol, em pleno trio elétrico, junto da torcida flamenguista, xingou o técnico durante as comemorações da Libertadores e da Copa do Brasil. “Ô, Tite, vai se f****, o Gabigol não precisa de você” foi o coro que ecoou entre a torcida — e do qual o próprio Gabriel Barbosa fez questão de participar.
Na época, o atacante mandou uma mensagem clara: o Flamengo, sua “seleção”, estava acima de qualquer outro time, inclusive a Seleção Brasileira, então comandada por Tite. Era uma provocação com ares de revanche pessoal, já que Gabi nunca conseguiu se firmar como titular sob o comando do técnico, algo que sempre o incomodou profundamente. O desfecho era esperado: a convivência entre os dois, no Flamengo, parecia fadada ao fracasso desde o início.
Com a demissão de Tite, Gabigol, em tese, sai fortalecido. Afinal, ele segue como um dos maiores ídolos da história do clube, com uma renovação de contrato até 2028 em pauta e uma série de troféus em seu currículo. Desde que chegou ao Flamengo, em 2019, o atacante foi decisivo em todas as grandes conquistas da equipe: dois títulos da Libertadores, dois Brasileiros, uma Recopa Sul-Americana, além de Copa do Brasil, Supercopas e Cariocas. Em momentos chave, como na final da Libertadores de 2019 contra o River Plate, seus gols transformaram o Flamengo em uma potência continental e o catapultaram ao status de lenda viva do clube.
Porém, a temporada de 2024 foi turbulenta. Gabigol, que sempre desfrutou de uma boa relação com a torcida, começou a sentir a pressão. As atuações irregulares e os desentendimentos com Tite abalaram sua imagem e levantaram dúvidas sobre seu papel no futuro do time. Agora, sem Tite, surge a pergunta: Gabigol está pronto para voltar ao protagonismo, ou sua estrela está começando a perder brilho?
Com a saída do técnico, o Flamengo busca estabilidade e resultados rápidos, e Gabi, mais do que nunca, terá de mostrar que ainda é o jogador decisivo que carregou o time em suas maiores glórias. Será que a renovação contratual até 2028 é a chave para o atacante reencontrar sua melhor forma, ou o ciclo de Gabigol no Flamengo está perto de um fim? A resposta, como sempre, será dada dentro de campo — o verdadeiro termômetro da relação entre jogadores, técnicos e a torcida que não perdoa falhas.
O Flamengo agora precisa de um novo comandante e, com ele, de uma nova filosofia. Gabigol, por sua vez, terá mais uma chance de provar que, apesar de seus desentendimentos fora das quatro linhas, seu lugar no time ainda é inquestionável. A torcida espera gols, e Gabigol espera recuperar o amor incondicional dos rubro-negros. Uma coisa é certa: o clima na Gávea está fervendo, e todos os olhares estão sobre ele.