No século XXI, os súditos não caminham mais em direção aos palácios ou castelos. Hoje, eles seguem suas majestades digitais — influenciadores como Deolane Bezerra, que exibe uma vida de opulência nas redes sociais, fazendo de cada post um espetáculo de falsa boniteza e riqueza. Contudo, por trás das câmeras e dos filtros perfeitos, a realidade muitas vezes se desenrola de forma bem diferente.
A obsessão por figuras como Deolane Bezerra revela algo profundo sobre a sociedade moderna: a busca constante por uma idealização inatingível. Para muitos, seguir esses influenciadores é como ser um súdito dos tempos antigos, reverenciando sua “rainha”, que se apresenta sempre impecável, envolta em luxo e sucesso. Porém, esse fascínio esconde uma construção minuciosa, onde o brilho ofuscante dos carros de luxo e das viagens paradisíacas se dissipa diante das manchetes que expõem fraudes, escândalos e prisões.
A prisão de Deolane Bezerra por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar é um exemplo emblemático de como a superfície pode enganar. Milhões de seguidores que a veneram como uma mulher forte e bem-sucedida estão, na verdade, venerando uma figura cuidadosamente construída para parecer invulnerável, quando, na realidade, essa imagem desmorona rapidamente sob o peso das investigações e revelações.
Como súditos modernos, os seguidores são cativados por essa promessa de vida fácil e de sucesso relâmpago, alimentados pela falsa boniteza que permeia os vídeos e fotos cuidadosamente editados. Eles consomem avidamente cada nova postagem, como se isso lhes oferecesse um vislumbre de um mundo ao qual desejam pertencer. O que muitos não percebem é que esse universo digital raramente reflete a vida real. A Deolane fora das redes não é a mulher sempre maquiada e sorridente; ela é uma empresária enfrentando sérias acusações criminais, com ativos bloqueados e uma imagem pública desmoronando.
Essa dinâmica levanta questões importantes sobre o impacto psicológico dessa idolatria digital. A obsessão por seguir influenciadores que encarnam uma vida irreal pode ser prejudicial, gerando um sentimento de inadequação em quem os segue e, ao mesmo tempo, uma desconexão com o que é genuíno. Assim como os súditos medievais depositavam sua fé em seus reis e rainhas, muitos seguidores de hoje colocam sua esperança e admiração em influenciadores que, no fim das contas, são personagens de uma narrativa cuidadosamente planejada — muitas vezes longe da verdade.
A realidade por trás da “majestade digital” é uma teia de complexidades e contradições, e a prisão de Deolane Bezerra é um lembrete de que a perfeição que muitos perseguem nas redes sociais raramente existe.