Nos bastidores do governo Lula, uma decisão estratégica começa a tomar forma e pode marcar um novo capítulo na relação entre o governo e as redes sociais.
Na próxima quinta-feira (5), o núcleo duro do governo se reunirá para alinhar uma orientação crucial: de autoridades e órgãos oficiais não voltarem a utilizar a rede social X, que foi recentemente suspensa no Brasil por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
A decisão, segundo fontes ligadas à Secretaria de Comunicação Social (SECOM), é uma resposta direta à dependência que a plataforma tem das autoridades e órgãos públicos brasileiros, e não o contrário. “A rede social X depende da representação das autoridades em sua plataforma, e não o contrário”, afirmou uma fonte da SECOM sob anonimato.
Desde que o X foi suspenso, na última sexta-feira (30/8), houve uma rápida migração para outras plataformas digitais que oferecem funcionalidades semelhantes. O BlueSky e o Threads, do grupo Meta, emergiram como as principais alternativas, com o BlueSky ganhando mais de 1 milhão de usuários brasileiros em apenas três dias. Vários órgãos do governo federal, incluindo a Presidência da República, a SecomVc e o Governo do Brasil, já criaram perfis no BlueSky, com as primeiras publicações datando de domingo (1º/9).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já estava presente na plataforma desde abril deste ano, enquanto a primeira-dama Janja, ativa no Threads desde o lançamento em julho de 2023, ainda não fez sua estreia oficial no BlueSky.
Entretanto, a migração para o BlueSky não está isenta de desafios. A ausência de um representante legal no Brasil é uma questão que deve ser resolvida rapidamente, especialmente considerando a legislação brasileira, que exige que empresas internacionais tenham representação legal no país para lidar com questões jurídicas e administrativas. Essa foi, inclusive, uma das razões para a suspensão do X.
Nos últimos dias, a chegada de ministros do Supremo Tribunal Federal ao BlueSky, como Flávio Dino e Cristiano Zanin, e de órgãos como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do próprio STF Oficial demonstra a adesão do alto escalão do governo à nova plataforma. No entanto, a falta de estrutura legal do BlueSky no Brasil ainda levanta dúvidas sobre a viabilidade a longo prazo dessa migração.
A corrida agora é contra o tempo, à medida que o BlueSky tenta se firmar como a nova casa digital das autoridades brasileiras, substituindo o X e evitando os mesmos erros que levaram à suspensão da antiga plataforma.