No cenário político internacional, a decisão de Joe Biden de se retirar da corrida presidencial dos Estados Unidos em 2024, aos 81 anos, abriu um precedente significativo para a análise da viabilidade de candidatos mais velhos em disputas eleitorais. Essa movimentação inevitavelmente traz à tona a discussão sobre a possível candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição em 2026, quando ele também terá 81 anos.
Assim como Biden, Lula enfrentará uma série de desafios e pressões decorrentes de sua idade avançada. A saúde e a capacidade física e mental de um candidato são fatores cruciais que influenciam a opinião pública e a confiança do eleitorado. Biden, apesar de seu histórico político robusto e de seu compromisso com o país, viu sua campanha ser prejudicada por questionamentos sobre sua acuidade mental e vigor físico. Lula, que já passou por batalhas de saúde significativas, pode encontrar um caminho similar cheio de obstáculos.
A idade de um candidato não é apenas um número; é um reflexo de sua energia, resistência e capacidade de lidar com as demandas extenuantes de uma campanha presidencial e, eventualmente, de governar um país. No caso de Biden, a pressão veio de diversos lados: doadores, estrategistas do partido e a opinião pública em geral manifestaram preocupações com seu desempenho, especialmente após um debate desastroso com Donald Trump. Essa situação levou Biden a tomar a decisão de abrir mão de sua candidatura, priorizando os interesses do partido e do país.
Para Lula, a trajetória pode ser semelhante. Apesar de seu carisma e da base de apoio sólida que construiu ao longo de décadas, ele não estará imune às críticas sobre sua aptidão para exercer um novo mandato presidencial. A população brasileira, assim como a americana, tende a ser pragmática quanto à saúde e vitalidade de seus líderes. Em debates e aparições públicas, qualquer sinal de fraqueza física ou mental pode ser explorado pela oposição e pelos críticos, gerando dúvidas sobre sua capacidade de liderar o Brasil até 2030, quando terá 85 anos.
Além disso, a pressão não virá apenas do público e da oposição, mas também de dentro de seu próprio partido. O Partido dos Trabalhadores (PT) terá que ponderar cuidadosamente se Lula é realmente a melhor opção para a reeleição ou se seria mais estratégico lançar um candidato mais jovem e vigoroso, capaz de carregar o legado de Lula sem os ônus associados à sua idade avançada. Assim como Biden apoiou Kamala Harris como sua sucessora, Lula pode ter que considerar apoiar uma nova liderança dentro ou fora do PT, o que será quase impossível, conhcendo o partido.
No entanto, há um contraponto significativo. A experiência de Lula, sua habilidade política e seu conhecimento profundo das necessidades do país são atributos valiosos que um candidato mais jovem pode não possuir. A questão central é se esses atributos serão suficientes para superar as preocupações relacionadas à sua idade.
Minha última análise, a decisão de Lula de concorrer ou não à reeleição em 2026 será um teste não apenas de sua capacidade física e mental, mas também de sua habilidade de ler o cenário político e entender as necessidades de seu partido e do país. Assim como Biden, Lula estará diante de uma encruzilhada histórica, onde suas decisões terão um impacto duradouro sobre o futuro da política nacional. Lula passará, mas suas ações tendem a permancer como consequências por anos de desenvolvimento ou atrasos do país.