A geração touch se identifica?
Nos últimos meses, a TV Globo tem apostado em um movimento que muitos críticos consideram controverso: a reciclagem de figuras antigas do passado para compor sua nova programação. A contratação de Eliana Michaelichen Bezerra, popularmente conhecida apenas como Eliana, é o exemplo mais recente dessa tendência.
Eliana, que deixou o SBT após 15 anos, foi anunciada pela Globo como a nova estrela de três projetos importantes: “Saia Justa” no GNT, “Vem Que Tem” e “The Masked Singer Brasil”. Embora a emissora celebre essa aquisição como uma grande vitória, a escolha levanta questões sobre a falta de renovação de talentos na televisão brasileira.
A TV Globo, que outrora foi pioneira em lançar novos rostos e formatos inovadores, parece estar se rendendo à segurança das figuras já conhecidas. Em vez de apostar em novos apresentadores e em ideias frescas, a emissora tem preferido buscar no passado suas soluções para o futuro. Esta estratégia não é apenas uma tentativa de atrair a audiência mais velha, que já está familiarizada com esses rostos, mas também pode ser vista como uma falta de coragem para inovar e investir em novos talentos.
A chegada de Eliana, que terá papel de destaque em diversos programas, evidencia esse problema. Enquanto a experiência e o carisma da apresentadora são inegáveis, a decisão de trazê-la após tantos anos em outra emissora levanta a questão: por que a Globo não está apostando em novos rostos?
A renovação da identidade visual do GNT e a estreia de novos projetos são passos positivos, mas acabam sendo ofuscados pela escolha de uma figura tão consolidada. A emissora, ao invés de criar espaço para novos apresentadores, prefere seguir um caminho seguro, que pode ser visto como uma tentativa desesperada de manter a audiência estável em um mercado cada vez mais competitivo.
Como bem refletido na música “Ouro de Tolo” de Raul Seixas, parece que a TV Globo estar “com a boca escancarada cheia de dentes esperando a ‘E’ chegar”, ou seja, esperando que nomes do passado continuem salvando seu futuro. Mas até quando essa estratégia será sustentável? Será que a audiência não está ávida por novidades e rostos novos que tragam uma nova dinâmica à programação?
A televisão brasileira precisa urgentemente de inovação e renovação. A aposta em figuras conhecidas pode trazer resultados a curto prazo, mas a longo prazo, a falta de novos talentos e ideias frescas pode se tornar um problema. A Globo, ao invés de se apegar ao passado, deveria liderar o caminho para um futuro televisivo mais diversificado e dinâmico.