Opinião
O recente programa eleitoral televisivo do partido União Brasil, exibido ontem (17), revelou uma vez mais a hipocrisia profundamente enraizada na política brasileira. Em um mundo que avança, ainda que lentamente, em direção a uma verdadeira inclusão, a representação visual dos negros e pretos no programa foi um triste reflexo de um passado que não deveria mais ter lugar no presente.
O partido, ironicamente batizado de União Brasil, mostrou sua verdadeira face excludente ao posicionar pessoas negras / pretas atrás das pessoas brancas, perpetuando uma hierarquia visual arcaica e inaceitável. Esta prática não é apenas simbólica, mas revela um profundo descompasso com os valores de igualdade e respeito que devem reger uma sociedade moderna.
Em um mundo que clama por inclusão, diversidade e equidade, é inadmissível que partidos políticos ainda utilizem estratégias de marketing que reforçam a marginalização e a invisibilidade de grupos historicamente oprimidos. O União Brasil, com sua ideologia retrógrada, demonstra que o nome do partido é uma farsa – ao invés de União, deveria se chamar Acepção Brasil, pois promove a segregação ao invés da integração.
Este episódio não é um caso isolado. Ele reflete uma prática comum entre diversas agremiações partidárias que, apesar de pregarem inclusão e igualdade em seus discursos, falham miseravelmente em traduzir essas palavras em ações concretas. O que vimos na veiculação do União Brasil é uma afronta aos princípios democráticos e um lembrete doloroso de que a luta pela igualdade racial ainda enfrenta barreiras significativas, mesmo em espaços que deveriam ser representativos de toda a sociedade.
A inclusão verdadeira não é uma questão de marketing, mas de justiça social. Não se trata apenas de colocar rostos negros em propagandas eleitorais, mas de garantir que esses rostos, essas vozes, tenham espaço e influência reais nos processos de decisão. É urgente que os partidos políticos brasileiros revejam suas estratégias e adotem práticas genuinamente inclusivas, que respeitem e valorizem a diversidade do povo brasileiro.
Enquanto persistirem essas práticas excludentes, a sociedade civil deve se manifestar, denunciar e exigir mudanças. A verdadeira união só será alcançada quando todos forem vistos, ouvidos e respeitados, não apenas como figuras de retórica, mas como cidadãos plenos, com direitos e deveres iguais. O União Brasil perdeu uma oportunidade crucial de demonstrar que está alinhado com os tempos modernos e com os clamores de justiça social. Até que essa mudança ocorra, continuarão a ser vistos, justamente, como Acepção Brasil.
