Num retorno de viagem ao Brasil em 2017, um encontro casual mudou minha perspectiva sobre oportunidades e destinos. Conheci um jovem de 16 anos no avião, viajando pela Europa. Trocamos ideias sobre oportunidades, estudos e tecnologia. Ele, do Sul do Brasil, planejava estabelecer-se na Europa devido a laços familiares.
Sete anos depois, ao conversar com um motorista de aplicativo em Brasília, reflito sobre a falta de oportunidades no Brasil. Ele, único entre quatro irmãos sem ser servidor público, complementava sua renda dirigindo nos fins de semana. Discutimos sobre o discurso de que a salvação está nos concursos públicos, especialmente em uma cidade administrativa como Brasília. Contudo, falta-nos enxergar além dessas oportunidades limitadas.
Durante essa conversa, compartilhei uma lembrança marcante daquele jovem de 16 anos, que desafiou minha visão aos 40 anos de vida, sobre o potencial das mentes brilhantes no Brasil. Eu havia dito que foi uma pena que essas mentes – Tim Berners-Lee, Vinton Cerf e Robert Kahn, Ray Tomlinson, Larry Page e Sergey Brin e Marc Andreessen –, não terem nascido em nosso país, ao que ele me corrigiu: “Se nascessem no Brasil, provavelmente seriam servidores públicos.”
A lição que retiro não é menosprezar o serviço público, mas expandir horizontes. Há oportunidades além do discurso limitado que muitas vezes nos é imposto. O campo das oportunidades é moldado por mentes que desafiam o status quo. É uma reflexão sobre a busca por oportunidades fora dos caminhos convencionais e sobre valorizar aqueles que ousam desbravar territórios além do esperado.
O motorista compartilhou a história de um amigo que, após passar no concurso do Banco do Brasil, optou pela incerteza no Canadá, onde hoje trabalha na área de TI, enquanto sua esposa se dedica à produção de bolos caseiros há 5 anos felizes.