No Distrito Federal, os números alcançados pela arrecadação do Departamento de Trânsito (Detran) são simplesmente impressionantes. De acordo com os dados divulgados, o órgão arrecadou um montante de R$ 328.219.266,50 apenas nos primeiros cinco meses deste ano. Essa cifra estratosférica chama a atenção para o potencial de investimentos que poderiam ser realizados em áreas prioritárias, como a saúde, já que a grande parte dos acidentes vão parar no Sistema Único de Saúde (SUS).
Se compararmos esses valores ao recente lançamento do aviso de licitação para a construção do Hospital do Recanto das Emas, com um investimento estimado de R$ 147 milhões, podemos perceber a magnitude dos recursos arrecadados pelo Detran-DF. Com o montante obtido somente no período de janeiro a maio deste ano, seria possível construir não apenas um, mas dois hospitais do porte do Recanto das Emas.
A arrecadação detalhada revela que o Detran-DF obteve R$ 237.986.355,93 por meio dos serviços prestados e mais R$ 90.232.910,57 provenientes das multas previstas na legislação de trânsito. Esses números são um reflexo do intenso fluxo de veículos na capital do país, onde o trânsito intenso e as infrações cometidas pelos condutores têm sido uma preocupação constante.
Se expandirmos a análise para o ano de 2022, quando o Detran-DF arrecadou R$ 568.801.910,47, podemos constatar que esse valor seria suficiente para a construção de quatro hospitais com o mesmo padrão do Hospital do Recanto das Emas. Essas unidades médicas contariam com 100 leitos, sendo 60 destinados à internação adulta, 30 para internação pediátrica e dez leitos de UTI pediátrica. Além disso, cada hospital teria um centro cirúrgico com duas salas, pronto-socorro e instalações modernas de ar condicionado.
Diante desses números surpreendentes, torna-se necessário refletir sobre a destinação dos recursos arrecadados pelo Detran-DF. É fundamental que haja uma gestão transparente e eficiente desses valores, direcionando-os para as áreas de educação, engenharia, fiscalização, modernização e atendimento de qualidade dos usuários.
A população do Distrito Federal merece e precisa ver esses recursos sendo investidos de forma adequada, garantindo melhores serviços e infraestrutura para todos. O portal ouviu dois deputados distritais sobre o tema.
“Eu, acredito que o Detran não tem que cumprir o que diz a lei, eu entendo que o órgão tem que cumprir muito mais ainda. Acho que temos que fazer é a parte educativa mesma, não se pode viver só da parte punitiva, até porque é uma pauta negativa para o próprio órgão. Estou aguardando uma resposta sobre o pedido de explicação que já fiz ao Detran-DF,” reforçou o deputado Daniel de Castro (PP).
O Detran-DF têm um papel significativo na promoção da segurança no trânsito e na conscientização dos condutores, contribuindo para a redução de acidentes e infrações. Portanto, é fundamental que os investimentos sejam equilibrados, contemplando tanto a fiscalização e conscientização quanto as melhorias na infraestrutura.
“Há um grande debate em Brasília, que nós precisamos de uma Companhia de Trânsito, sabemos que o Detran está com um contingente baixo, do ponto de vista que era operacional, tendo uma divergência dentro do órgão em não ter ou ter uma Companhia de Trânsito. Sobre o baixo investimento em educação pelo órgão, vou requer informação ao presidente para entender qual o motivo. Se os valores estão sendo contingenciados ou não pelo executivo, a gente fala do Detran, mas o governador pode ter pego os valores e contingenciados, aí é um compromisso que a gente como parlamentar temos que cobrar do governador”, ressaltou o deputado Max Maciel (PSOL).
É crucial que haja transparência na gestão desses valores, com prestação de contas claras à Câmara Legislativa e órgãos de controle externos.
O Detran-DF desempenha um papel fundamental na segurança viária e na conscientização dos motoristas, mas é importante que a sua arrecadação seja utilizada de forma a beneficiar toda a comunidade. Portanto, cabe também à população cobrar a aplicação adequada desses recursos e fiscalizar sua utilização, diretamente por meio de pedido de acesso à informação ou por meio de seus representes eleitos.