A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, que busca investigar possíveis ações e manifestações contrárias à democracia no Brasil, tem demonstrado uma preocupante passividade em relação ao Exército Brasileiro, contrastando com uma postura mais enérgica em relação à Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Essa diferença de tratamento tem gerado questionamentos sobre a imparcialidade e os verdadeiros objetivos da CPI.
Um dos principais exemplos dessa disparidade de abordagem ocorreu durante o depoimento do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Heleno foi convocado a comparecer à CPI dos Atos Antidemocráticos (1/6) e negou categoricamente qualquer envolvimento em planos ou conspirações golpistas. Durante seu depoimento, o general foi tratado com uma cordialidade surpreendente por parte dos membros da CPI, que não se aprofundaram em questões relevantes e não apresentaram questionamentos contundentes.
Por outro lado, os integrantes da PMDF, ouvidos pelos mesmos membros da CPI, foram submetidos a um rigor excessivo, com perguntas incisivas e um clima hostil. Essa atitude da CPI foi evidenciada principalmente no caso do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Enquanto a PMDF tentou intervir e remover os manifestantes, o Exército não apenas permitiu a permanência do acampamento, como também impediu a ação da polícia. Essa contradição de tratamento levanta questionamentos sobre a imparcialidade da CPI e se ela já tinha um alvo pré-determinado.
Diante desses fatos, fica evidente uma postura passiva da CPI dos Atos Antidemocráticos em relação ao Exército Brasileiro. Enquanto Heleno, um dos principais representantes do Exército, foi poupado de perguntas mais incisivas e enfrentou uma atmosfera amigável, os integrantes da PMDF foram submetidos a uma abordagem dura e desconfiada. Essa discrepância levanta dúvidas sobre os critérios adotados pela CPI e sua verdadeira busca pela transparência e justiça.
Em um momento crucial para a democracia brasileira, é fundamental que a CPI dos Atos Antidemocráticos trate todas as instituições e indivíduos envolvidos com a mesma imparcialidade e rigor. A passividade em relação ao Exército Brasileiro e a hostilidade direcionada à PMDF comprometem a credibilidade da comissão e podem suscitar questionamentos sobre suas reais intenções. A sociedade espera que a CPI cumpra seu papel de forma equânime, garantindo a lisura das investigações e a defesa dos princípios democráticos que regem o país.