Moradores da Barra do Sahy, um dos bairros de São Sebastião mais afetado pelos temporais no litoral norte paulista, relataram à Agência Brasil que não receberam qualquer tipo de alerta para o risco de deslizamento por causa das fortes chuvas na região no último fim de semana.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) informou que previu com três dias de antecedência os temporais e avisou a Defesa Civil Nacional e as defesas civis locais.
“Alerta mesmo fomos, nós, da comunidade: ‘corre que o morro está descendo’”, conta Wagner de Oliveira, morador do bairro e que ajudou no resgate de vítimas.
Em entrevista coletiva na última segunda-feira (20), o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto, disse que a administração municipal emitiu alertas a partir das 21h de sábado (18), quando começaram as chuvas na cidade.
No entanto, a prefeitura não divulgou alerta prévio sobre as chuvas na madrugada de domingo. O primeiro alerta foi publicado na conta da prefeitura no Twitter às 7h de domingo, após temporal.
A Agência Brasil questionou a prefeitura sobre como os alertas foram emitidos e aguarda resposta. O prefeito Felipe Augusto (PSDB) tem muito a explicar.
Balanço parcial da Defesa Civil aponta 48 mortes – 47 em São Sebastião e uma em Ubatuba.
Ministério Público Estadual
Uma inspeção do Ministério Público Estadual feita em novembro de 2020 identificou diversas obras e áreas com risco de deslizamento na Vila Sahy, em São Sebastião (litoral norte de São Paulo), local onde famílias morreram soterradas no último final de semana, após um trecho da Serra do Mar ceder em razão do temporal.
A inspeção, em 11 de novembro de 2020, avalia um plano da Prefeitura de São Sebastião para urbanizar e legalizar a situação dos imóveis no local –a ocupação ali começou em 1987. O Ministério Público entrou com uma ação na Justiça contra a prefeitura para cobrar providências. A inspeção resultou em um relatório, concluído em fevereiro de 2021 e obtido pelo g1.