A enfermeira obstetra e professora formada pela UnB, Dayse Amarilio, de 45 anos, é guaraense, foi eleita para seu primeiro mandato de deputada distrital pelo Partido Socialista Brasileiro PSB, legislatura (2023 a 2026). Está licenciada da presidência do SindEnfermeiro-DF, em sua segunda gestão, onde esteve à frente de lutas da categoria e do SUS.
S&DS
– Por que a enfermagem sendo uma profissão majoritariamente feminina demorou tanto a ocupar a tribuna da CLDF na pessoa de uma mulher?
Dayse
– Por ser uma profissão majoritariamente feminina ela está ligada ao cuidado, não se pode falar do presente e futuro sem falar do passado. Todas as profissões que estão ligadas ao cuidado foram deixadas para a questão mais maternal e menos participativa na vida política -as professoras, as enfermeiras -, isso é histórico, agora que está mudando. A política está relacionada ao poder, à influência e ao dinheiro. Historicamente isso é apartado das mulheres em nossa construção social. E, na nossa história da enfermagem, nós ficamos com a máxima: ”eu faço enfermagem por amor”. A enfermagem é uma ciência, uma ciência poderosa.
A Nursing Now, que foi a Organização Mundial de Saúde, falou em 2020: ”invistam na enfermagem para que vocês tenham mudança na assistência de saúde de seu país”. E o Nursing Now, um dos eixos que ele trazia era a questão do empoderamento político da enfermagem. “Coloquem enfermeiros e técnicos de enfermagem nos espaços de poder”.
S&DS– Na sua avaliação é importante que a enfermagem ocupe a cadeira de secretário (a) de Saúde do DF, em algum momento?
Dayse
– Sim, principalmente cargos no Executivo. Não vamos conseguir fazer tudo pelo legislativo. O legislativo tem papel limitado, quem executa o orçamento, faz gestão é o poder Executivo. Se tivéssemos mais profissionais de enfermagem nos espaços de decisão na secretaria de Saúde, pois estudamos gestão muito mais que os profissionais médicos. Nós estudamos ordenança jurídica e administrativa do SUS. Nós vamos brigar por esses espaços, espaços técnicos, para empoderar a enfermagem. A enfermagem não deveria ser uma diretoria de enfermagem, que não é ouvida na secretaria de Saúde, tudo passa por cima da diretoria de enfermagem. A enfermagem precisa ser uma subsecretaria dentro da pasta da saúde empoderada, essa será nossa briga também.
S&DS
– Qual foi o melhor governador para a saúde pública do Distrito Federal?
Dayse
– Não consigo lembrar de um governador que tenha sido bom. A saúde está de mal a pior. Eu, falava como servidora que era feliz e não sabia. O último governo teve muita dificuldade, tanto com o IGES-DF como por outras coisas como as trinta e duas categorias. Agora sim, o que me traz esperança é o governo Ibaneis Rocha conversar com a gente pessoalmente, e, principalmente falar em todos os lugares que tem ido no DF, que a ”saúde e a assistência social” serão prioridade de seu governo. O que eu poderia falar é que tenho a esperança da gente melhorar um pouco em relação a gestão passada e a anterior em relação a saúde. E, eu vou cobrar e fiscalizar. Esse é meu dever de fiscalizar.
S&DS
– Sendo moradora do Guará não lhe foi oferecida a administração regional da cidade?
Dayse
– Eu sou uma deputada distrital de Brasília. Falei para o governador, querendo ou não, ideologicamente a gente discorde de algumas questões, você quer a mesma coisa que eu cuidar das pessoas. A única coisa que eu peço é que me escute quando for trabalhar as pautas da saúde. Não quero nada para mim. Me ofereceram sim a administração do Guará. Não tenho nenhuma administração, nenhuma secretaria, estou brigando por meus espaços na Câmara Legislativa, lá é meu espaço de legitimidade. Estarei presente sim na vida política e administrativa do Guará, inclusive fiscalizando as minhas emendas parlamentares que serão destinadas ao Guará e demais regiões administrativas do DF.
Entrevista concedida em 05/01/2023.