Nem Lula nem o Centrão são confiáveis um para o outro. A estratégia de Lula é tirar o poder dos principais líderes do Centrão, já que o Centrão não tem líderes, e sim interesses acima de tudo, fazendo dos mais vorazes novos líderes.
Por sua vez, o Centrão que se acasala em qualquer governo, prefere voltar a falar com o antigo ”pai dos pobres”, que estar na oposição com o ”pai dos ricos” que não terá mais a chave do erário público em 2023.
“Se a gente ganhar, a gente vai ter que dar um jeito no Centrão, vai ter que mexer no orçamento secreto, vai ter que cumprir o piso da enfermagem, melhorar o piso dos professores”, afirmou Lula durante evento em Santa Catarina.
O jeito que Lula deu no Centrão foi declarar apoio à reeleição do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), no ano que vem, uma clara adesão à filiação aos interesses do Centrão.
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou durante toda a campanha o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmando que o presidente “não manda em nada” declaração em entrevista à Rádio Liberal.
Lula também chegou a dizer que o Centrão faz o que quer, quando quer. “Não tem, na história da República, um governo tão frágil, tão desacreditado, tão inoperante e impotente com relação ao Congresso. Bolsonaro não decide nada, não manda em nada, não controla nada, sequer o Orçamento da União, que deve ser administrado pelo Poder Executivo”, disparou Lula.
Por outro lado, ontem, Bolsonaro surpreendeu Lira, aliados e líderes do Centrão, no apagar das luzes, de seu governo, ao suspender o pagamento de emendas parlamentares no orçamento secreto, ou paralelo. Ele mandou ao Congresso um projeto de lei para retirar recursos que estavam reservados para financiar emendas parlamentares, jogando no colo de Lula a conta dos acordos que o deputado Lira fez neste segundo semestre para tentar se reeleger.
Ao declarar apoio à reeleição do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), no ano que vem, Lula demonstra que está para o Centrão, assim como o Centrão está para Lula em uma simbiose política para driblar o Teto de Gastos Públicos para criar cerca de R$ 200 bilhões de despesas não-contabilizadas.
Na Câmara dos Deputados, sete de cada dez parlamentares conseguiram se reeleger, a partir de candidaturas vitaminadas por verbas do orçamento secreto, ou paralelo, que são administradas por Lira e pelos capas pretas do Centrão.