A pílula abortiva é o método mais comum para interromper uma gravidez nos Estados Unidos, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças – CDC.
O CDC, em um relatório publicado na quarta-feira, descobriu que cerca de 51% dos abortos em 2020 foram realizados com a pílula na nona semana de gravidez ou antes dela. De 2019 a 2020, os abortos com pílula aumentaram 22%, segundo o relatório.
A pílula, mifepristona, tornou-se um ponto crítico na batalha pelos direitos reprodutivos após a decisão da Suprema Corte de abolir os direitos federais ao aborto em junho. Doze estados proibiram o aborto desde então, mas proibir a pílula é difícil porque se tornou mais fácil de obter.
No Brasil, a mifepristona equivale ao Cytotec – nome comercial do misoprostol, tendo o país as restrições mais duras do mundo para o acesso e uso do medicamento.
Em resposta à pandemia de Covid-19, a Food and Drug Administration suspendeu a exigência de que as mulheres obtivessem mifepristona pessoalmente, permitindo que recebessem a pílula pelo correio e em farmácias. A agência farmacêutica anunciou em dezembro de 2021 que tornaria essa mudança permanente.
Grupos anti-aborto pediram na semana passada a um tribunal federal do Texas que anulasse a aprovação da mifepristona pela FDA há mais de duas décadas. Os advogados dos grupos são da Alliance Defending Freedom, uma organização envolvida no caso Dobbs v. Jackson Women’s Health Organization, que levou a Suprema Corte a derrubar Roe v. Wade.
A senadora Elizabeth Warren, D-Mass., e oito outros senadores pediram ao FDA em uma carta na semana passada para expandir o acesso ao mifepristona, aprovando seu uso para controle de aborto espontâneo. Isso melhoraria o acesso das mulheres à pílula em estados que restringem o acesso, escreveram os senadores.
A FDA aprovou o mifepristona em combinação com o comprimido de misoprostol como um método para interromper a gravidez antes da 10ª semana. A mifepristona impede a continuidade da gravidez e o misoprostol causa contrações que esvaziam o útero. O método é 96% a 98% eficaz para acabar com a gravidez precoce.
A pílula abortiva tornou-se uma forma cada vez mais comum de interromper uma gravidez nos EUA. Os abortos com a pílula aumentaram 154% de 2011 a 2020, de acordo com dados do CDC.
Mais de 620.000 abortos foram realizados nos EUA em 2020, uma queda de 15% desde 2011. Quase todos os abortos, 93%, são realizados na 13ª semana de gravidez ou antes dela, e 80% são feitos na nona semana ou antes dela, de acordo com aos dados do CDC.
Abortos cirúrgicos são o segundo método mais comum para interromper uma gravidez. Cerca de 40% de todos os abortos foram realizados com procedimentos cirúrgicos na 13ª semana de gravidez ou antes, de acordo com o CDC.