Lázaro amigo de Jesus ficou muito doente e morreu. Jesus disse a seus discípulos que Lázaro estava dormindo. Também sobre a morte da filha de Jairo, Jesus disse que ela estava dormindo comparando a morte ao sono. Sendo essa comparação muito apropriada porque o sono é um estado inconsciente, o que dá a ideia de descanso da dor e do sofrimento – João 11:18, Lucas 8:52, Eclesiastes 9:5.
Será que existe uma esperança de que os que estão dormindo na sepultura retornarão à vida, assim como aconteceu com Lázaro e a filha de Jairo?
Cristo foi levantado dentre os mortos, sendo as primícias dos que adormeceram na morte – 1 Coríntios 15:20.
Os mortos estão dormindo na sepultura e não sofrendo como está sendo dito por falsos pregadores e anunciadores do caos.
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem exercer fé em mim, ainda que morra, viverá outra vez.” — João 11:25.
O que a ciência diz
No último estágio da vida, quando a morte se aproxima, as pessoas geralmente ficam entorpecidas. Por isso, geralmente imaginamos a experiência como um desaparecimento sonolento e inconsciente da vida.
Mas alguns experimentos mostram uma história muito diferente.
Em 2013, cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mediram em laboratório a atividade cerebral de camundongos moribundos. E algo interessante aconteceu.
Depois que os camundongos sofreram parada cardíaca — sem batimentos cardíacos ou respiração — seus cérebros mostraram um aumento na atividade global, com níveis de ondas gama baixas que eram mais sincronizadas em todo o cérebro do que nos estados normais de vigília.
E, incrivelmente, esse tipo específico de atividade cerebral foi associado à percepção consciente das pessoas em estudos anteriores.
O experimento desafia a noção de que o cérebro fica inativo durante a morte. Em outras palavras, os camundongos podem tido algum tipo de experiência enquanto estavam entre a morte clínica e a morte cerebral completa.
É possível que antes da inconsciência derradeira exista um período de maior consciência. Os cientistas se perguntaram: o que os camundongos experimentaram enquanto morriam? O mesmo poderia ser verdade para as pessoas?
Surpresas
Os seres humanos têm cérebros maiores e mais complexos do que os de camundongos, mas um experimento muito interessante realizado no Imperial College London, no Reino Unido, em 2018 lançou luz sobre como pode ser a morte em humanos.
Os cientistas queriam investigar as semelhanças entre dois fenômenos muito diferentes.
Um deles são as experiências de quase morte (EQM) — as alucinações experimentadas por cerca de 20% das pessoas que foram ressuscitadas após a morte clínica.
O outro são as alucinações causadas pelo DMT, uma droga psicodélica que gera de forma confiável um amplo espectro de efeitos subjetivos nas funções do cérebro humano, incluindo percepção, afeto e cognição.
Os participantes do estudo receberam doses de DMT e, depois de voltarem à realidade, foi pedido que descrevessem suas experiências usando a lista de verificação comumente usada para avaliar experiências de quase morte. Os cientistas ficaram surpresos ao ver uma quantidade incrível de pontos em comum.
Ambas as experiências de EQM e DMT incluíram sensações como “transcendência de tempo e espaço” e “unidade com objetos e pessoas próximas”.
A experiência de quase morte revelou-se surpreendentemente parecida com a de um poderoso alucinógeno.
Um final psicodélico?
Quando consideramos a morte, pensamos nela como um processo sombrio de incorporação. Mas a Ciência pergunta: e se esse processo for psicodélico?
Perguntamos a Chris Timmermann, que liderou a pesquisa no Imperial College London, o que esse experimento nos diz sobre a morte.
“Acho que a principal lição da pesquisa é que podemos encontrar a morte na vida e nas experiências de vida”, disse ele.
“O que sabemos agora é que parece haver um aumento na atividade elétrica [cerebral]. Essas ondas gama parecem ser muito pronunciadas e podem ser responsáveis por experiências de quase morte.”
“Também existem regiões específicas no cérebro, como o que chamamos de lobos temporais — áreas que lidam com memória, sono e até aprendizado — que também podem estar relacionadas a essas experiências. De certa forma, nossos cérebros estão simulando uma forma de realidade.”
Cerca de 20% das pessoas que foram declaradas clinicamente mortas e depois sobreviveram relatam EQMs. Será que todos as vivenciam e poucos se lembram delas ou será que essas experiências são raras?
“É grande a possibilidade de que haja falta de memória devido a diferentes motivos. Em nossa experiência com o DMT psicodélico, vimos que, quando damos altas doses, há uma parte da experiência que também é esquecida”, explicou Timmermann.
“O que eu acho que acontece é que a experiência é tão nova que é difícil de descrever. Quando uma experiência transcende a capacidade de descrevê-la com linguagem, temos dificuldade em lembrá-la. Mas também pode ser que algumas pessoas simplesmente não as experimentem.”
Que outras pesquisas podem ajudar nossa compreensão da morte?
“É muito interessante o que está acontecendo nos dias de hoje com exames cerebrais e como podemos descobrir o que está acontecendo no cérebro”, diz ele.
“Para isso, é possível que, em algum momento, nossas técnicas de imagem cerebral se tornem tão avançadas que possamos ler a mente das pessoas para nos aproximar de entender quais são os mecanismos cerebrais que sustentam essas experiências extraordinárias e incomuns.”
Otimismo
A Ciência da morte ainda produz uma paisagem muito obscura — mas o que já sabemos dá motivos para otimismo.
Pessoas que tiveram experiências de quase morte frequentemente relatam sentimentos de calma e serenidade
Por exemplo, sabemos que pessoas que tiveram experiências de quase morte frequentemente relatam sentimentos de calma e serenidade, com redução do estresse associado à morte.
Também sabemos que as EQMs são predominantemente descritas como sem dor, o que significa que a consciência aumentada que podemos experimentar após a morte também pode ser indolor.
A pesquisa também mostra que as pessoas tendem a perder seus sentidos em uma ordem específica. Primeiro, fome e sede, depois fala e visão.
A audição e o toque parecem durar mais, o que significa que muitas pessoas podem ouvir e sentir os entes queridos em seus momentos finais, mesmo quando parecem inconscientes.
E uma scan cerebral recente de um paciente com epilepsia à beira da morte mostrou atividade relacionada à memória e sonhos, levando à especulação de que pode até haver alguma verdade na frase “você vê a vida passar diante de seus olhos”.
Finalmente, sabemos por esses experimentos que a experiência da morte pode envolver uma consciência elevada, possivelmente alucinatória. Uma última viagem psicodélica antes do nada derradeiro.
“Em uma sociedade como a nossa, onde tendemos a negar a morte e tentar varrê-la para debaixo do tapete, acho que essa é uma das grandes lições que a pesquisa psicodélica pode nos dar: como incorporá-la em nossas vidas”, concluiu Timmermann.
Em última análise, todos nós vamos morrer. Mas esses experimentos mostraram que a transição entre a vida e a morte pode ser muito mais emocional e até psicodélica do que poderíamos esperar.
Somos programados como animais para temer nossa morte, mas entender a morte mais profundamente nos ajuda a relaxar um pouco.
Esses últimos momentos podem não ser assustadores. Eles são apenas parte de uma viagem inevitável para um destino desconhecido, provavelmente indolor e potencialmente psicodélico.
*Com informação baseada em vídeo da BBC Reel. Para assisti-lo, em inglês, clique aqui.