Onze meses após um acidente grave, ele foi agradecer a assistência recebida pelos socorristas
Precisou amputar a mão direita e o pé esquerdo devido às graves lesões que sofreu.
A vida do aposentado mudou completamente no dia 31 de dezembro de 2020 quando sofreu um grave acidente sendo eletrocutado e sobreviveu após ser socorrido pelos profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Hoje, quase um ano depois, o sentimento que Valdeci carrega é de gratidão e, motivado pela alegria por estar vivo, fez questão de agradecer, pessoalmente, a equipe que o salvou.
“Eu tive muito medo de morrer, sentia muita dor, minha pele estava derretendo, mas eu estava vivo”, recorda o paciente sem saber, naquele momento, da gravidade do que havia ocorrido e de que enfrentaria longos 45 dias de internação.
“Eu tive a chance de ser socorrido por uma equipe de anjos que, em todo momento, conversavam comigo e pediam para que eu não dormisse. Eu pude sentir a preocupação e o cuidado nos olhos de cada um deles”.
Valdeci esteve na Central de Regulação do Samu para rever a equipe que o socorreu. Ele foi recebido com muito carinho e pôde conhecer como funciona o sistema de atendimento. “Deus me deu a oportunidade de voltar.
Quando eu tive alta do hospital, a primeira coisa que pensei foi que eu precisava agradecer pessoalmente essas pessoas, esses profissionais que me livraram da morte.
Eles foram rápidos, atenciosos e extremamente humanos comigo. Eu nasci de novo naquele dia e hoje eu precisava estar aqui, de pé, para agradecer a cada um de vocês. Ana Paula, Edvaldo e Dr. Italo, muito obrigado”, agradeceu.
O acidente
Hoje, com sequelas do acidente, porém já recuperado dos ferimentos, Valdeci lembra como tudo aconteceu.
“Eu olhei para aquela obra e senti um aperto no coração, como se fosse um pressentimento, mas ainda assim eu fui, sem saber que aquele serviço mudaria minha vida para sempre”. Ele se refere a um serviço que estava fazendo enquanto pintava a fachada do segundo andar de um prédio. Num primeiro momento, Valdeci não queria fazer o serviço, mas de última hora decidiu fazer.
Enquanto trabalhava, o rolo de pintura, que era de alumínio, estava próximo da rede de alta tensão e a proximidade atraiu uma descarga elétrica que, com muita força, provocou queimaduras graves no braço, na mão direita, no tórax e no pé esquerdo.
Com o impacto da corrente elétrica, o aposentado foi arremessado contra a parede do prédio, o que ajudou a salvar a sua vida. Segundo a equipe, caso ele tivesse sido jogado para o lado oposto, Valdeci teria sofrido uma queda de aproximadamente 6 metros.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer o aposentado. Porém, a equipe que atendeu a ocorrência viu a necessidade de uma intervenção mais rápida e acionou a Unidade de Suporte Avançado (USA), do Samu. Naquele momento, a base de atendimento do Gama estava com a viatura disponível e, em poucos minutos, a equipe já estava no local do acidente para socorrer o aposentado.
“Após o susto, pude sentir a dor do meu corpo pegando fogo. Ainda muito aflito, eu tive a certeza que sairia dali com vida quando vi a equipe correndo para me socorrer”, lembra.
Socorro imediato
A rápida ação da equipe do Samu foi determinante para a sobrevivência de Valdeci. É o que conta a enfermeira Ana Paula Yung. “Chegamos muito rápido ao local e nos deparamos com um caso realmente grave, com paciente consciente e gritando de dor. Nosso atendimento precisou ser muito rápido, pois o paciente corria risco de morte”, explica.
Valdeci é morador do Gama, casado, tem três filhas e três netos. Durante o incidente, ele diz que só pensava na família. “Durante todo meu atendimento, eu vi aqueles profissionais lutando por minha vida, então eu não podia desistir. Firmei o pensamento na minha família até chegar ao hospital, daí não vi mais nada”.
Atendimento hospitalar
Estabilizado pelo Samu, Valdeci foi transportado para o Hospital de Base onde permaneceu por oito dias intubado. Nesse período, precisou amputar a mão direita e o pé esquerdo devido às graves lesões que sofreu com a descarga elétrica.
Despertado do coma no dia 8 de janeiro, ele foi transferido para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) – que é referência no atendimento a queimados. Por lá, ele ficou mais 45 dias internado recebendo os cuidados na Unidade de Queimados.
Cenário preocupante
A equipe que atendeu a ocorrência explica que se deparou com um cenário muito preocupante. “Quando vi a gravidade do acidente, e a situação em que o paciente se encontrava, eu temi pela vida dele. Não acreditava que ele fosse sobreviver, mas graças a Deus ele está aqui conosco”, afirma Edvaldo Ferreira, condutor da viatura que socorreu Valdeci.
O médico Ítalo Ferraz detalha como foi o atendimento prestado naquele dia. “Recebemos o chamado por volta das 9h30 da manhã. Chegamos no local e o paciente estava recebendo os primeiros cuidados pelos bombeiros. Logo iniciamos o protocolo com medicação para dor, pois os ferimentos dele estavam bastante expostos”, relata.
Ainda de acordo com o médico do Samu, o paciente sentia muitas dores com as queimaduras nas extremidades e exposição óssea. “Deixamos ele na unidade e ficamos muito preocupados pois o estado clínico dele era muito grave”. Para Ítalo, “poder estar aqui hoje ao lado dele, vendo ele recuperado nos deixa muito felizes e isso faz nosso trabalho realmente valer a pena”, ressalta.
*Com informações da Secretaria de Saúde