Redação – S&DS e Radar DF
Brasília – 24 de Agosto de 2020 – 09:45
A juíza Placidina Pires, do Tribunal de Justiça de Goiás, afirmou, em decisão que as investigações indicam que o Padre Robson de Oliveira usava laranjas e empresas de fachada para esconder supostos desvios de doações dos fiéis para a construção da Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO).
Oliveira presidia a Afipe (Associação Filhos do Pai Eterno) e outras entidades ligadas à associação e é investigado no caso. Ele pediu o afastamento dos cargos e diz que confia na Justiça.
O Ministério Público de Goiás apura suspeitas de desvio de doações dos fiéis e a compra e venda de imóveis como casas, apartamentos e fazendas em diferentes estados.
A apuração tem como alvo a Afipe e a Associação Pai Eterno e Perpétuo Socorro, presididas pelo padre Robson, segundo o MP.
Segundo os investigadores, os valores movimentados, não só pela Afipe, mas por todos os envolvidos na investigação, podem ser maiores do que R$ 2 bilhões.
Laranjas para dificultar rastreamento do dinheiro, diz juíza Segundo a juíza, o uso de laranjas e empresas de fachada seria uma estratégia usada pelos investigados para dificultar o rastreamento do dinheiro desviado.
“De fato, os elementos informativos coletados indicam que as doações feitas por fiéis de todo o país para o custeio das atividades das AFIPES e para o pagamento das obras e projetos de cunho social da mencionada associação, em tese, estão sendo utilizadas para finalidades espúrias, mormente para o pagamento de despesas pessoais dos investigados e para aquisição de imóveis, incluindo várias fazendas e casa de praia, os quais, a princípio, não se destinam ao atendimento dos seus propósitos religiosos”, declarou a magistrada.
Em vídeo postado em suas redes sociais, o padre Robson de Oliveira afirmou que todo o dinheiro arrecadado com doações foi utilizado em atividades religiosas e diz estar “sereno e confiante” de que tudo será esclarecido.
“Tudo está desde a primeira doação, e assim continua, na Afipe, e é utilizado para que nós levemos a nossa obra de evangelização aos fiéis ao mundo. Meu coração está sereno e confiante de que tudo será esclarecido o mais breve possível”, disse.
As fieis de Brasília, Maria Pereira e Jussara Lima, que contribuem mensalmente para as obras da AFIP, se dizem decepcionadas e desapontadas com a atitude do Padre Robson e, que se ele cometeu os erros, deve ser investigado e esclarecido.
Emocionada Maria Pereira se diz chocada com o desvio de dinheiro da AFIP, como ela contribui todo mês, se sentiu lesada, e por algum momento até com a fé abalada.
“Quando rezamos a Oração do Divino Pai Eterno, a gente se sente forte para superar as batalhas e dificuldades do dia-a-dia, mas, hoje confesso, que se caso confirmado as suspeitas de desvio de dinheiro do Padre Robson, minha fé será apenas em contribuir com orações”.
Para Jussara Lima, que tem encontrado no Divino Pai Eterno forças para superar a depressão nas orações diárias nos relata.
“Estou chocada, nunca pensei que isso poderia acontecer com a AFIP, eu contribuo mensalmente para as obras assistenciais da AFIP, eu realmente espero que tudo seja resolvido”.