03 de Agosto de 2020

Por Marília Marques, G1 DF


Carro da Polícia Civil em frente ao Cespe, um dos alvos da operação Panoptes — Foto: Bianca Marinho/G1

Investigações começaram em 2018 e apontaram que organização criminosa recebia dinheiro para ‘furar filas’. G1 aguarda posicionamento da pasta.

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga supostas fraudes no concurso da Secretaria de Educação do Distrito Federal, realizado em 2016. A investigação, no âmbito da operação Panoptes, começou em 2018 e ficou conhecida como “Máfia dos concursos“. Ao todo, 30 pessoas foram indiciadas.

O inquérito foi relatado à Justiça na última terça-feira (28). A informação foi confirmada ao G1 nesta segunda (3) pelo delegado Adriano Valente, da Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor). A reportagem aguarda um posicionamento da Secretaria de Educação.

Segundo as investigações, a organização criminosa recebia dinheiro para “furar filas” no concurso por meio do pagamento de propinas que variavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil somente de entrada, antes da prova. Depois, quando os clientes tomavam posse, pagavam até 20 vezes o salário previsto no edital.

Entrada de prédio da Secretaria de Educação do Distrito Federal — Foto: Mateus Rodrigues/G1

Entrada de prédio da Secretaria de Educação do Distrito Federal — Foto: Mateus Rodrigues/G1

Nesse período, 15 servidores investigados chegaram a ocupar os cargos na pasta. Além deles, outros 10 membros da organização criminosa – que comandavam o esquema – e cinco suspeitos de realizar pagamentos aos fraudadores foram detidos.

Ao longo da investigação, alguns investigados foram condenados, cumpriram pena pelos crimes e, agora, estão em regime aberto. Apenas um suspeito segue preso preventivamente, segundo a Polícia Civil.

Com a conclusão do inquérito, o Ministério Público poderá fazer a denúncia e, então, os suspeitos viram réus na Justiça. Caso contrário, os promotores podem solicitar novas provas à polícia.

‘Máfia dos concursos’

A Polícia Civil apontou quatro maneiras de fraude aplicadas pelo grupo. Uma delas era a utilização de ponto eletrônico pelos candidatos, que recebiam as respostas por integrantes da organização criminosa – responsáveis por fazer a prova e sair do local com o gabarito.

Outra forma era a utilização de celular escondido no banheiro, com transmissão das respostas.

Os investigadores também verificaram o envolvimento de bancas organizadoras, que recebiam as folhas de resposta quase em branco e faziam o preenchimento segundo o gabarito oficial.

Foi apurado, ainda, casos de outras pessoas que faziam a prova no lugar dos inscritos, com o uso de documentos falsificados.