Atualizado em 08 de Julho de 2020
Redação
A ação estratégica O Brasil Conta Comigo criada por meio da portaria N° 639/20 tem o objetivo principal de treinar e recrutar profissionais da área da saúde para o combate da pandemia do coronavírus (COVID-19) por todo o Brasil, principalmente nos locais que declararam situações de calamidade e desassistência.
No início de maio vários profissionais de todos os locais do Brasil foram recrutados por meio de e-mails e ligações pelo DGTS (Departamento de Gestão do Trabalho em Saúde) do Ministério da Saúde para o combate ao COVID-19 no Estado do Amazonas.
No contato os funcionários responsáveis pelo recrutamento falavam das condições de trabalho (hospedagem, transporte, alimentação e salário). Veja e-mail abaixo.
Aos profissionais foi garantido hospedagem até o fim do programa, transporte as unidades de saúde, alimentação durante a estadia, seguro de vida, plano de saúde. Todos saíram então de seus domicílios para uma missão que entre outras coisas poderia levar a morte. Mas traziam consigo o sentimento e a certeza de que iriam somar na árdua luta contra o vírus da morte.
Chegando a Manaus foram recepcionados no aeroporto e trazidos para o hotel. Passaram por treinamento e depois estavam aptos para entrar nas unidades de saúde. Mas por entraves burocráticos do Ministério da Saúde da (não publicação dos nomes no DOU e não assinatura dos contratos) estes servidores foram obrigados a ficar por quase três semanas reclusos no hotel, sem conseguirem ir para as unidades hospitalares.
Somente depois de muita briga e questionamentos, filmagem de vídeos em protesto, matérias nas mídias televisivas, puderam finalmente ser alocados nos serviços com necessidade na cidade Manaus (capital do Amazonas).
Com quase um mês de contrato, funcionários trabalhando, satisfação nos rostos em ajudar as pessoas, o Ministério da Saúde resolveu arbitrariamente mudar as regras do que antes foi garantido.
Numa reunião no dia 19/06/20 os servidores foram informados que não receberiam mais a hospedagem e a alimentação e que o transporte só seria fornecido até o final do mês de junho.
No grupo privado de WhatsApp dos profissionais muita revolta
“Agora chegamos no limite….o Ministério Público…ou a Televisão para resolver esta questão”
“Eu acho um absurdo pagar essas diárias com o meu salário. Esse não foi o combinado”.
Lembrando que na chegada a Manaus foram informados que o seguro não seria mais feito e o plano de saúde prometido nunca saiu do papel.
Um clima de terror se estabeleceu no hotel, pessoas tendo que deixar o local de imediato e profissionais com a saúde mental abalada e estarrecidos com tamanha arbitrariedade e ingerência na ação Brasil Conta Comigo
Pessoas que saíram de suas casas com enorme coragem para o combate ao COVID-19 agora tratadas com anti heróis.
A grande verdade é que muitos estão se sentido neste momento como lixo humano, abandonados pelo poder público. Muitos deixaram maridos, esposas, filhos, mães, pais, avós e avôs para bravamente lutarem por vidas desconhecidas, mas que com certeza tem muita valia para cada familiar angustiado que interna seu parente e não pode ficar junto ao mesmo na unidade hospitalar em função desta doença que veio para abalar o estilo de vida de todo brasileiro que é alegre, feliz e acolhedor.
Mesmo diante do sucateamento da saúde pública, dificuldade de trabalho e de tantas mortes de profissionais da saúde, não há dinheiro no mundo que pague a coragem destes trabalhadores. Hoje eles estão em Manaus, Macapá, Rio Branco. E prontos e dispostos a estarem em qualquer lugar do país que necessite de ajuda. O Brasil agradece a estes heróis profissionais.