24 de Junho de 2020
Pacientes com Covid-19 e em estado crítico têm dez vezes mais chances de sofrer arritmias cardíacas, segundo um estudo que sugere que essa condição é provavelmente desencadeada por uma forma grave e sistêmica da doença, e não apenas pela infecção viral em si.
Essas são algumas das principais conclusões de um estudo da Escola de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e publicado no “Heart Rhythm Journal”.
De acordo com a universidade, as descobertas “diferem significativamente” dos primeiros trabalhos que mostravam uma alta incidência de arritmias entre todos os pacientes com Covid-19.
De acordo com os autores, as conclusões agora fornecem uma maior clareza sobre o papel do coronavírus Sars-CoV-2 e a doença causada por ele, a Covid-19, no desenvolvimento de arritmias, incluindo frequência cardíaca irregular (fibrilação atrial), ritmo cardíaco lento (bradiarritmia), ou frequência cardíaca rápida (taquicardia ventricular não sustentada).
“Para melhor proteger e tratar os pacientes que desenvolvem Covid-19, é fundamental melhorar nossa compreensão de como a doença afeta vários caminhos e órgãos dentro de nosso corpo, incluindo nossas anormalidades de ritmo cardíaco”, diz Rajat Deo, autor principal do estudo.
Deo apontou que as descobertas sugerem que causas não cardíacas, como uma infecção sistêmica ou inflamação, provavelmente contribuem mais para a ocorrência de ataques cardíacos e arritmias do que células cardíacas danificadas ou infectadas pelo vírus.
Para avaliar o risco e incidência de parada cardíaca e arritmias, a equipe avaliou 700 pacientes com Covid-19, com idade média de 50 anos, que foram internados no hospital da Universidade da Pensilvânia entre o início de março e meados de maio.
Eles examinaram telemetria cardíaca, registros clínicos e comorbidades médicas, como doenças cardíacas, diabetes e doenças renais crônicas. Eles também registraram os parâmetros vitais, resultados de testes e tratamento.
Dos 700 pacientes, cerca de 11% foram internados em unidades de terapia intensiva (UTI), sendo que foram estes últimos que tiveram até 10 vezes mais chances de sofrer algumas das complicações cardíacas citadas.
Os pesquisadores observaram que o estudo tem várias limitações, incluindo o fato de a análise ter sido feita em apenas um local.
“Mais pesquisas são necessárias para avaliar se a presença de arritmias cardíacas tem efeitos a longo prazo na saúde de pacientes que foram hospitalizados com Covid-19”, disse Deo.
Enquanto isso, de acordo com o pesquisador, é importante realizar estudos para avaliar as estratégias mais eficazes e seguras para a anticoagulação a longo prazo e controle dessa população.
EFE Madri 23 jun 2020