Índice é de 18,2%, enquanto média do DF é de 2,3%. Segundo infectologista, cidades mais pobres são mais vulneráveis à doença.

Por Brenda Ortiz, G1 DF

30/04/2020 16h45 Atualizado há 2 horas

Entrada principal do Riacho Fundo I, no DF, em imagem de arquivo — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

Entrada principal do Riacho Fundo I, no DF, em imagem de arquivo — Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília

A taxa de letalidade por Covid-19 no Distrito Federal, nesta quarta-feira (30) é de 2,3% e está abaixo da média nacional, de 6,9%. No entanto, a região do Riacho Fundo I apresenta um índice de 18,2% de letalidade pela doença (veja tabela abaixo).

A taxa de letalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à quantidade de infectados por ela. Já a taxa de mortalidade se refere à quantidade de pessoas que morreram por uma doença em relação à população total de um lugar – seja uma cidade, estado, país, ou até mesmo o mundo inteiro.

No Riacho Fundo I, até esta quinta-feira (30) havia 11 pessoas infectadas pelo novo coronavírus e duas mortes. Segundo a médica Joana D’arc, os locais com menos recursos são mais vulneráveis à doença.

“A pobreza, a falta de recursos, a falta de acesso a produtos de higiene e também a questão cultural de comportamento gera essa vulnerabilidade.”

De acordo com a infectologista, alguns fatores colocam as áreas mais pobres em desvantagem:

  • Menor infraestrutura
  • Casas com menos espaço e mais gente aglomerada
  • Menos acesso aos cuidados e serviços de saúde
  • Menor possibilidade de ficar em casa e cumprir o isolamento social

Maiores e menores taxas de letalidade da Covid-19 no DF

As regiões do Riacho Fundo I, Núcleo Bandeirante e Estrutural são as que apresentam as maiores taxas de letalidade no DF (veja tabela abaixo):

Distribuição, frequência, incidência de casos por 100 mil habitantes, e número e percentual de óbitos segundo Região de Saúde e Região Administrativa, no DF — Foto: GDF/Divulgação
Distribuição, frequência, incidência de casos por 100 mil habitantes, e número e percentual de óbitos segundo Região de Saúde e Região Administrativa, no DF — Foto: GDF/Divulgação

Distribuição, frequência, incidência de casos por 100 mil habitantes, e número e percentual de óbitos segundo Região de Saúde e Região Administrativa, no DF — Foto: GDF/Divulgação

Já as cinco regiões em que os moradores tem renda mais alta no DF, Lago Sul, Lago Norte, Plano Piloto, Parkway, Sudoeste e Octogonal, tem juntas 374 casos da Covid -19 e três mortes.

A taxa de letalidade da Covid-19 no Plano Piloto corresponde a 0%.

Chácara Santa Luzia, na região da Estrutural, no DF  — Foto: TV Globo/Reprodução
Chácara Santa Luzia, na região da Estrutural, no DF  — Foto: TV Globo/Reprodução

Chácara Santa Luzia, na região da Estrutural, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Segundo a infectologista Joana D’arc, quando a doença começa a se espalhar nas áreas mais pobres, a situação de risco se torna muito alta. “No começo, a doença estava concentrada onde as pessoas têm condições de pagar uma consulta, fazer um exame, arcar com os custos de um tratamento de saúde. Na periferia, tem gente que não tem condições nem de chegar ao hospital”, afirma.

“Estamos falando de uma população que precisa escolher se vai comprar um produto de limpeza ou o arroz. Não é uma situação fácil. São pessoas que moram em casas com só um quarto. Se um da família fica doente, não tem como ficar isolado.”

Prevenção

A médica alerta para uma atitude de prevenção que “é difícil para o brasileiro, mas que precisa ser colocada em prática”. Ela se refere a “cultura de proximidade, de beijinho e abraço”, que precisa ser respeitada – inclusive com o distanciamento entre uma pessoa e outra.

“Nem sempre é possível manter o distanciamento de dois metros, principalmente quando a casa é pequena e todo mundo dorme na mesma cama, um com a cabeça pra cá, o outro com a cabeça pra lá.”

De acordo com Joana D’arc, nesse momento de pandemia, mudar o comportamento é uma arma importante para a prevenção do coronavírus. “Eu preferia não ter que falar assim, mas é a realidade”, diz a médica.

Mortes por coronavírus no DF

  1. 23 de março: mulher de 61 anos
  2. 29 de março: homem de 77 anos
  3. 31 de março: homem de 73 anos
  4. 1º de abril: homem de 82 anos
  5. 2 de abril: homem de 50 anos
  6. 2 de abril: mulher de 77 anos
  7. 3 de abril: mulher de 61 anos
  8. 3 de abril: homem de 67 anos
  9. 3 de abril: mulher de 61 anos
  10. 4 de abril: homem de 84 anos
  11. 5 de abril: homem de 37 anos
  12. 5 de abril: homem de 49 anos
  13. 8 de abril: mulher de 81 anos
  14. 9 de abril: mulher de 76 anos
  15. 12 de abril: homem de 78 anos
  16. 12 de abril: homem de 94 anos
  17. 13 de abril: homem de 54 anos
  18. 14 de abril: mulher de 73 anos
  19. 14 de abril: mulher de 79 anos
  20. 15 de abril: homem de 69 anos
  21. 15 de abril: homem de 87 anos
  22. 15 de abril: mulher de 57 anos
  23. 16 de abril: mulher de 84 anos
  24. 17 de abril: mulher de 60 anos
  25. 18 de abril: mulher de 89 anos
  26. 22 de abril: homem de 101 anos
  27. 22 de abril: homem de 85 anos
  28. 25 de abril: mulher de 63 anos
  29. 26 de abril: mulher de 67 anos
  30. 29 de abril: homem de 63 anos