25 de Março de 2020
O governo dos Estados Unidos autorizou médicos de todo o país a usar plasma do sangue de pacientes que se recuperaram do coronavírus para tratar aqueles em estado crítico, no que alguns especialistas acreditam ser a melhor solução enquanto se aguarda a cura da Covid-19.
O novo tratamento foi autorizado nesta terça-feira pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), a agência governamental encarregada de aprovar o uso de novos medicamentos, vacinas e outros produtos de saúde pública.
No seu site, a FDA anunciou que o método só pode ser usado em pacientes que se encontram em estado crítico e cujas vidas estão em perigo, e os médicos que o administram terão de pedir autorização prévia.
A decisão da agência é incomum, pois geralmente leva meses para autorizar novos tratamentos e só o faz quando tem provado que o método é seguro e eficaz. “Embora promissor, o plasma não demonstrou ser eficaz nas doenças estudadas”, admitiu a FDA na nota.
Antes da Covid-19, a técnica foi utilizada para combater a gripe espanhola de 1918, quando o uso de vacinas não estava generalizado, e recentemente também foi aplicada contra o vírus ebola e a Síndrome Respiratória Aguda (SARS), outro tipo de coronavírus que deixou 774 mortos na China entre novembro de 2002 e julho de 2003.
No caso da SARS, o plasma ajudou a mitigar os sintomas dos doentes e encurtou a sua permanência no hospital, de acordo com estudos científicos subsequentes. Além disso, alguns médicos na China também injetaram plasma para pacientes graves, e os resultados parecem ser promissores, de acordo com estudos iniciais.
O tratamento decorre da ideia de que, quando uma pessoa fica doente, o corpo gera anticorpos que combatem a infecção. Assim, quando essa pessoa se recupera, os anticorpos ficam no seu sangue, especialmente no plasma. O tratamento consiste em recolher esses anticorpos que estão flutuando no plasma e injetá-los em uma pessoa doente para ajudá-la a combater o vírus.
Um grupo de cientistas americanos, liderado por uma equipe da Universidade Johns Hopkins, tem pressionado para que a FDA aprove o uso de plasma em pacientes infectados com o novo coronavírus.
Um desses pesquisadores é Arthur Cassadeval, de Johns Hopkins, que em fevereiro, em um artigo de opinião no “The Wall Street Journal”, considerou que o uso de plasma poderia ajudar a conter a pandemia enquanto é aguardada a descoberta de uma vacina, que poderia levar de 12 a 18 meses.
Em Nova York, um dos estados mais atingidos pelo SARS-CoV-2, o governador, Andrew Cuomo, já disse que os primeiros passos serão dados nesta semana para começar a usar o método.
Nos Estados Unidos, mais de 44 mil pessoas foram infectadas e pelo menos 544 morreram, de acordo com a contagem oficial.
EFE Washington