20 de Outubro de 2019
A BBC acaba de anunciar a edição de 2019 de sua lista anual de mulheres inspiradoras e influentes de todo o mundo.
Duas brasileiras estão entre as eleitas deste ano: a filósofa Djamila Ribeiro e a deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP).
Neste ano, o mote da nomeação foi: Como seria o futuro se ele fosse comandado por mulheres?
De uma arquiteta que está planejando reconstruir a Síria à gerente de um projeto da Nasa para explorar Marte, muitas das mulheres incluídas na lista estão testando os limites em seus campos de atuação.
Podem ser elas a nos ajudar a prever como será a vida em 2030, ano crucial para o cumprimento de objetivos globais delineados pelas Nações Unidas.
Outras, como uma política “fantasma” que desafia a máfia e jogadoras de futebol combatendo a misoginia, estão usando suas experiências de vida extraordinárias para abrir o caminho para outras e outros.
As BBC 100 Women de 2019 estão listadas abaixo em ordem alfabética de sobrenomes, com suas atividades, país e uma pequena biografia.
1) Precious Adams – Bailarina, EUA
Aos 8 anos, Precious Adams passava tanto tempo dançando pela sala de casa que sua mãe resolveu inscrevê-la em uma aula de dança. Aos 16, ela já havia conquistado vagas em três das escolas de balé mais prestigiadas do mundo, incluindo a Bolshoi, na Rússia.
Precious foi promovida ao corpo de baile do English National Ballet em 2017 e, no ano seguinte, ganhou o prêmio Artista em Ascensão do Critics’ Circle National Dance Awards. É creditada a ela a abertura de um debate sobre bailarinos usarem meias-calças que acompanhem seu tom de pele.
2) Parveena Ahanger – Ativista, Caxemira indiana
Parveena é conhecida como a Dama de Ferro da Caxemira. Seu filho adolescente desapareceu em 1990, no auge de uma revolta contra o domínio indiano na Caxemira.
Ele foi um dos milhares de “desaparecidos” ali, o que levou Parveena a criar a Associação de Pais de Pessoas Desaparecidas (APDP). Parveena diz que não perdeu a esperança de ver seu filho novamente, com o próximo ano marcando o trigésimo aniversário de seu desaparecimento.
3) Piera Aiello – Política, Itália
Piera Aiello, a política “fantasma” da Itália, concorreu ao cargo de deputada com o rosto coberto por um véu devido a ameaças da máfia. No ano passado, depois de ser eleita, ela finalmente revelou seu rosto ao público.
Forçada a se casar com o filho de um chefe da máfia aos 14 anos, ela usa sua experiência para defender os direitos dos informantes da polícia e de seus filhos.
4) Jasmin Akter – Jogadora de críquete, Bangladesh/Reino Unido
Jasmin é Rohingya, minoria descrita pela ONU como uma das mais perseguidas no mundo. Ela nasceu em um campo de refugiados em Bangladesh logo após a morte do pai.
Desde que chegou ao Reino Unido como refugiada, ela se destacou no críquete e, junto com as amigas, criou um time para meninas de origem asiática em Bradford. Este ano, Jasmin foi selecionada para representar a Inglaterra na primeira Copa do Mundo de Críquete de Rua para fins beneficentes.
5) Manal Al Dowayan – Artista, Arábia Saudita
O trabalho da artista contemporânea Manal Al Dowayan explora a invisibilidade, os arquivos, a memória e a representação das mulheres em seu país. Suas obras incluem fotografias em preto e branco de trabalhadoras mulheres da Arábia Saudita e um conjunto de pássaros de porcelana com textos de permissões para mulheres viajarem — no país, elas precisam deste tipo de aval de homens.
Em 2018, o British Museum incluiu duas de suas obras em uma exposição de longo prazo na Galeria Islâmica.
6) Kimia Alizadeh – Lutadora de Taekwondo, Irã
Em 2016, Kimia se tornou a primeira mulher iraniana a ganhar uma medalha nas Olimpíadas desde que o país começou a competir, em 1948. O jornal britânico Financial Times já afirmou que, como atleta, Kimia encorajou “meninas e mulheres iranianas a ultrapassar os limites para sua liberdade pessoal”.
A jovem de 21 anos treina três vezes ao dia para se qualificar para Tóquio 2020, onde espera inspirar a próxima geração de mulheres iranianas em artes marciais.
7) Marwa Al-Sabouni – Arquiteta, Síria
Quando eclodiu a guerra em sua cidade natal, Homs, na Síria, a arquiteta Marwa Al-Sabouni se recusou a sair de lá.
Ela escreveu um livro documentando esse período e elaborou projetos para reconstruir o distrito destruído de Baba Amr, reunindo diferentes classes e grupos étnicos.
Marwa dirige o único site do mundo dedicado a notícias de arquitetura em árabe e recebeu o prêmio Prince Claus, dedicado a homenagear “conquistas extraordinárias de visionários na linha de frente da cultura e desenvolvimento”.
8) Alanoud Alsharekh – Ativista, Kuwait
Alanoud Alsharekh é uma das fundadoras da campanha Abolish 153, que pede que a lei do “assassinato por honra” seja abolida. Pelo texto vigente no Kuwait, homens que matarem parentes mulheres por terem feito sexo fora do casamento são condenados a penas brandas.
Ela trabalha com outras instituições para melhorar a igualdade de gênero no Oriente Médio e foi a primeira pessoa de seu país a receber a Ordem Nacional de Mérito da França, por sua defesa dos direitos das mulheres.
9) Rida Al Tubuly – Pacifista, Líbia
Rida Al Tubuly é uma das muitas mulheres que lutam pela igualdade de gênero — mas está fazendo isso em uma zona de guerra. Sua organização, a Together We Build It, incentiva o envolvimento das mulheres na solução do conflito na Líbia.
No ano passado, ela disse ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra que as reuniões de alto nível da ONU sobre o futuro da Líbia estavam falhando na inclusão de mulheres. Esta professora universitária é pós-graduada em Direito Internacional.
10) Tabata Amaral – Política, Brasil
Tabata Amaral, uma das mulheres mais jovens do Congresso brasileiro, impulsionou sua fama nacional em um vídeo que viralizou, em que aparece confrontando o então ministro da Educação, Ricardo Vélez.
Apelidada de “Alexandria Ocasio-Cortez brasileira” por parte da imprensa, em referência à parlamentar americana, a jovem de 25 anos cresceu na periferia de São Paulo, onde perdeu o pai para o vício em drogas. Dedicando-se à sua formação, ela conquistou uma vaga como bolsista integral na Universidade Harvard e se formou em Ciência Política e Astrofísica.
Como parlamentar, ela defende entre suas principais agendas a educação, os direitos das mulheres, inovação e sustentabilidade.
A deputada é alvo desde julho de um processo disciplinar instaurado pela executiva nacional do PDT por seus votos a favor da reforma da Previdência, contrariando a orientação do partido. Ela teve sua representação partidária suspensa até que o processo seja concluído e, em reação, anunciou que entrará na Justiça para deixar o PDT sem perder o mandato alegando perseguição política, o que o partido nega.
11) Yalitza Aparicio – Atriz e ativista, México
Yalitza Aparicio fez formação para ser professora, mas acabou como a protagonista de Roma, filme de Alfonso Cuarón que levou algumas estatuetas do Oscar, incluindo de melhor filme estrangeiro. Ela conquistou o papel depois de acompanhar sua irmã a um teste de elenco.
Ela se tornou a primeira mulher indígena a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz. Agora, Yalitza atua como ativista pela igualdade de gênero, pelos direitos das comunidades indígenas e pela proteção constitucional dos trabalhadores domésticos.
12) Dayna Ash – Ativista, Líbano
Nascida no Líbano mas criada nos EUA, a poeta Dayna Ash ficou chocada quando foi aconselhada a esconder sua orientação sexual ao retornar a Beirute, aos 16 anos.
Ela então fundou a Haven for Artists, um centro de acolhida para artistas e ativistas e único espaço cultural seguro da cidade para mulheres e a comunidade LGBTQI+. Ela e sua equipe administram o lugar voluntariamente, onde pessoas vulneráveis moram e trocam conhecimentos, habilidades e experiências.
13) Dina Asher-Smith – Atleta, Reino Unido
Dina é a mulher mais rápida da história do Reino Unido e a primeira britânica a ganhar um título global de corrida.
Depois de conquistar uma medalha de prata nos 100m, ela conquistou um ouro na final dos 200m do Campeonato Mundial de Atletismo em Doha.
14) MiMi Aung – Gerente de projetos da Nasa, EUA
MiMi Aung é responsável por uma equipe da Nasa responsável por projetar um helicóptero para voar em Marte. Depois de viajar sozinha de Mianmar para os EUA para continuar seus estudos aos 16 anos, MiMi agora é a gerente de projetos do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL).
Ela comanda o desafio de construir uma aeronave leve o suficiente para voar na finíssima atmosfera do Planeta Vermelho. O plano é que o helicóptero chegue lá em fevereiro de 2021.
15) Nisha Ayub – Ativista, Malásia
Aos 21 anos, a mulher trans Nisha Ayub foi condenada a três meses de prisão, em uma unidade masculina, sob um trecho da sharia (lei islâmica) que proíbe “um homem de vestir trajes femininos ou se portar como mulher em um espaço público”.
Desde sua libertação, ela é uma defensora incansável dos direitos das pessoas trans na Malásia. É cofundadora da SEED, a primeira organização do país liderada por pessoas trans; e criadora do T-Home, que acolhe mulheres trans mais velhas que não têm moradia ou apoio da família.
Ela recebeu o prêmio International Women of Courage dos EUA em 2016 por seu trabalho.
16) Judith Bakirya – Agricultora, Uganda
Criada em uma fazenda em Uganda, Judith Bakirya se tornou a primeira de suas colegas a ganhar uma bolsa de estudos em um prestigiado colégio interno para meninas, continuando sua formação em um mestrado no Reino Unido.
Mas, insatisfeita com seu trabalho na Inglaterra, ela desistiu e usou suas economias para voltar para casa. Lá, conheceu uma fazenda de frutas orgânicas, a Busaino Fruits & Herbs, onde passou a desenvolver projetos e discussões sobre direitos das mulheres, violência doméstica e acesso à terra e à educação. Ela ganhou também em seu país um prêmio nacional de agricultura.
17) Ayah Bdeir – Empresária, Líbano
Batizados como os blocos de construção do século 21, os produtos da empresa LittleBits, de Ayah Bdeir, são kits de pecinhas eletrônicas que se encaixam com ímãs, permitindo que qualquer pessoa “construa e invente protótipos” de geringonças tecnológicas.
O produto já é usado em milhares de escolas nos EUA. Este ano, Ayah lançou uma iniciativa de US$ 4 milhões com o objetivo de diminuir a diferença de gênero na ciência, tecnologia e engenharia — dando a 15 mil meninas de 10 anos de idade kits gratuitos na Califórnia.
18) Dhammananda Bhikkhuni – Monge, Tailândia
O budismo é a religião predominante da Tailândia, que tem cerca de 300 mil monges budistas. Mas as monjas, conhecidas como bhikkhunis, não são reconhecidas e são proibidas de serem ordenadas em solo tailandês.
Assim, em 2003, Dhammananda Bhikkhuni voou para o Sri Lanka para ser ordenada e retornou como a primeira monja da Tailândia. Agora, existem outras 100 como ela. Ela é abadessa de Songdhammakalyani — o primeiro mosteiro budista feminino do país.
19) Mabel Bianco – Médica, Argentina
A médica feminista Mabel Bianco passou quatro décadas colocando temas como a saúde feminina, os direitos reprodutivos e o aborto na agenda de políticas públicas da Argentina.
Ela fomentou políticas que salvam a vida das mulheres, como no combate ao câncer de mama e à violência contra mulheres, e foi pioneira na educação sexual diante do conservadorismo católico.
O ano de 2019 marca o 30º dela como presidente da Fundação para Estudos e Pesquisas sobre Mulheres (FEIM), posição na qual participou de inúmeras conferências da ONU para defender os direitos das mulheres na América Latina e no mundo.
20) Raya Bidshahri – Educadora, Irã
Raya é fundadora e diretora da premiada Awecademy, uma organização que reforça o uso da educação como ferramenta de melhoria do mundo.
O objetivo é inspirar professores e alunos com módulos de ensino online — como sobre habilidades para o século 21 e a chamada cidadania cósmica, que vê na tecnologia o potencial para união global.
21) Katie Bouman – Cientista, EUA
Katie, 30, liderou o desenvolvimento de um algoritmo que resultou na primeira imagem de um buraco negro.
Ela iniciou o projeto como estudante de graduação e agora é professora assistente de matemática e ciência da computação no Instituto de Tecnologia da Califórnia.
22) Sinéad Burke – Ativista, Irlanda
Depois de contar não ser capaz de alcançar as fechaduras das portas dos banheiros em um sincero discurso em 2017, Sinéad Burke rapidamente se tornou uma das ativistas de pessoas com deficiência mais influentes do mundo.
Provocando o design a ser mais acessível, ela desafiou alguns dos maiores nomes da indústria da moda, como Anna Wintour, a tornar as roupas mais inclusivas.
Este ano, Sinéad Burke se tornou a primeira pessoa com nanismo a aparecer na capa da Vogue, e este mês lança seu primeiro podcast.
23) Lisa Campo-Engelstein – Bioeticista, EUA
Autora de Justiça Contraceptiva: Por Que Precisamos de Uma Pílula Masculina (em tradução livre), o título de bioética de Lisa Campo-Engelstein visa a melhorar a vida das mulheres por meio da descoberta de novos métodos de contracepção.
Ela também é especializada em melhorar a fertilidade para pessoas que tiveram câncer.
24) Scarlett Curtis – Escritora e ativista, Reino Unido
Scarlett é cofundadora do The Pink Protest, uma comunidade online de ativistas que iniciou a bem-sucedida campanha #FreePeriods por produtos menstruais gratuitos nas escolas da Inglaterra.
O grupo também ajudou a aprovar um projeto de lei que incluiu a mutilação genital feminina em um estatuto sobre a proteção das crianças.
O livro de Scarlett — Não é Bom Sentir-se Triste (e Outras Mentiras), em tradução livre — reúne personalidades que falam de suas experiências com a questão da saúde mental e o estigma que circunda o tema.
25) Ella Daish – Ambientalista, Reino Unido
Durante suas rotinas entregando cartas no interior do país de Gales, Ella ficava chocada com a quantidade de plástico descartado nas ruas.
Por isso, ela iniciou uma campanha pela retirada do plástico de produtos relacionados à menstruação, pressionando com sucesso os fabricantes por mudanças reais; e convencendo conselhos locais a usar fundos para financiamento da saúde reprodutiva da mulher com produtos ecológicos.
26) Sharan Dhaliwal – Artista e escritora, Reino Unido
A britânica-indiana Sharan é fundadora e editora-chefe da revista Burnt Roti, focada na saúde mental e sexual de jovens sul-asiáticos e em direitos LGBTQ+. Financiada coletivamente por uma campanha de crowdfunding, a primeira publicação impressa veio em abril de 2016 e, desde então, outras edições foram lançadas online.
A iniciativa organizou no ano passado, em Londres, o evento Let’s Talk About Sex (“Vamos falar sobre sexo”), cujo objetivo foi combater o estigma em torno da vida sexual dos sul-asiáticos.
27) Salwa Eid Naser – Atleta, Nigéria/Bahrein
Salwa Eid Naser surpreendeu em campo na final da corrida de 400m em Doha este ano, correndo mais rápido que qualquer mulher há mais de três décadas.
A atual campeã mundial de 400m nasceu no Estado de Anambra, na Nigéria, mas se mudou para o Bahrein aos 14 anos em busca de oportunidades para continuar sua carreira. Ela agora representa o Estado do Golfo internacionalmente.
28) Rana el Kaliouby – Pioneira em inteligência artificial, Egito
Rana el Kaliouby é especialista em inteligência emocional artificial, ou Emotion AI. Sua Affectiva, uma start-up, desenvolveu um software que pode entender emoções, analisando expressões faciais através de uma câmera.
A tecnologia está sendo instalada em veículos para detectar motoristas sonolentos. Também defensora apaixonada da igualdade de gênero no ramo tecnológico, Rana é uma jovem líder do Fórum Econômico Mundial. Ela tem doutorado pela Universidade Cambridge e pós-doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
29) Maria Fernanda Espinosa – Diplomata, Equador
Presidente da Assembleia-Geral da ONU em sua 73ª sessão, Maria Fernanda Espinosa foi a quarta mulher a ocupar o cargo na história da organização — e a primeira da América Latina e do Caribe.
Ela conclamou os governos a destinarem bilhões de dólares ao combate às mudanças climáticas e anunciou sua determinação em combater a discriminação de gênero.
30) Lucinda Evans – Ativista, África do Sul
Enquanto a África do Sul enfrenta taxas crescentes de assassinatos e estupros contra meninas e mulheres, Lucinda emergiu como uma voz para elas. A ativista lidera marchas em todo o país reunindo milhares de manifestantes cobrando o governo a tomar ações para combater a violência contra a mulher.
Lucinda fundou a Philisa Abafazi Bethu (Heal our Women, ou Cure Nossas Mulheres), uma organização sem fins lucrativos que oferece serviços de aconselhamento, comitês de busca de meninas sequestradas e hospedagem segura para mulheres vítimas de violência doméstica.
31) Irmã Gerard Fernandez – Freira católica, Cingapura
A irmã Gerard é uma freira católica romana que trabalhou por três décadas como conselheira nos corredores da morte em Cingapura.
Agora com 81 anos, ela já esteve ao lado de 18 presos logo antes do cumprimento de suas penas de morte. Ela diz que sua missão é acompanhar estas “pessoas devastadas”.
32) Bethany Firth – Nadadora paralímpica, Reino Unido
Após superar o medo d’água depois de ter caído, quando criança, em uma grande piscina, Bethany Firth estrelou na natação durante os Jogos Paralímpicos de Londres 2012. Ela é quatro vezes medalhista de ouro paralímpica e detentora de vários recordes mundiais, sendo também a atleta mais condecorada na equipe da Grã-Bretanha durante a Paralimpíada do Rio 2016.
Este ano, a atleta conquistou duas medalhas de ouro no Mundial de Paranatação em Londres e foi nomeada membro da Ordem do Império Britânico por sua dedicação ao esporte.
33) Owl Fisher – Jornalista e ativista, Islândia
Owl ou, na versão completa, Ugla Stefanía Kristjönudóttir Jónsdóttir, é jornalista, escritora e ativista trans. É também codiretora de My Genderation, um projeto de filme focado nas vidas de pessoas trans.
Ela trabalha também no All About Trans, um projeto que visa a estimular representações positivas de pessoas trans na mídia. Uma das iniciativas que teve sua participação também foi o Guia de Sobrevivência de Adolescentes Trans, destinado a adolescentes trans e não-binários.
34) Shelly-Ann Fraser-Pryce – Atleta, Jamaica
Após alcançar a vitória com 10,71 segundos na final dos 100m feminino em Doha no mês passado, Shelly-Ann Fraser-Pryce agora possui mais títulos mundiais nos 100m do que Usain Bolt.
A conquista faz dela também a mulher mais velha a ganhar um título olímpico ou mundial de 100m — e a primeira mãe a fazê-lo desde 1995. Ela carregou seu filho Zyon, de 2 anos, na pista, dizendo querer “inspirar outras mulheres pensando em começar uma família”.
35) Zarifa Ghafari – Prefeita, Afeganistão
Aos 26 anos, Zarifa Ghafari é uma das primeiras prefeitas do Afeganistão. O presidente do país a nomeou prefeita de Maidan Wardag, onde o apoio ao Talebã é generalizado. Ela aceitou o cargo, apesar dos perigos para ela — seu escritório foi atacado por homens em seu primeiro dia.
Apesar disso, ela foi às ruas com sacos de lixo gratuitos como parte de sua iniciativa por uma cidade limpa e diz que seu objetivo é fazer as pessoas acreditarem no poder das mulheres.
36) Jalila Haider – Advogada, Paquistão
A advogada de direitos humanos Jalila é especialista em defender os direitos das mulheres no Paquistão e fornece serviços jurídicos gratuitos para mulheres em situação de pobreza.
Ela é fundadora da We the Humans, uma organização sem fins lucrativos que trabalha com comunidades locais para promover oportunidades para mulheres e crianças vulneráveis. Ela é a primeira advogada da comunidade perseguida de Hazara e, em 2018, entrou em greve de fome exigindo proteção para seu povo.
37) Tayla Harris – Jogadora de futebol e pugilista, Austrália
Tayla Harris é jogadora do time de futebol Carlton Football Club e compete na liga feminina da AFL, além de ser boxeadora.
Desde que uma foto dela chutando uma bola atraiu comentários misóginos em março, uma estátua de bronze sua foi inaugurada em uma praça de Melbourne. Ela também acumula títulos como pugilista.
38) Hollie – Sobrevivente do tráfico sexual, EUA
Hollie, de Columbus, no Estado americano de Ohio, é uma sobrevivente do tráfico sexual. Ela foi vendida pela mãe aos 15 anos e escravizada durante 17 anos.
Com a ajuda de um inovador programa judicial chamado CATCH Court — que identifica criminosos que na verdade são vítimas —, ela conseguiu escapar em 2015. A maioria das mulheres que são traficadas por sexo nos EUA são marcadas com tatuagens ou cicatrizes e, desde então, ela fez transformações em suas tatuagens.
Hollie conseguiu uma bolsa de estudos para se formar em Comunicação e agora pretende obter um diploma em Direito. Ela está trabalhando como conselheira legal para vítimas de violência doméstica e comanda a organização Reaching For the Shining Starz, em que voluntários distribuem kits de assistência a possíveis vítimas de tráfico sexual.
39) Huang Wensi – Pugilista, China
Huang Wensi, 29 anos, é uma das poucas boxeadoras na China — mas o número está em acensão. Desafiando os estereótipos tradicionais dos papéis das mulheres, ela superou a depressão pós-parto para conquistar, no ano passado, um cinturão de ouro em sua categoria no campeonato feminino da Ásia Continental.
Ela diz querer continuar lutando contra o estigma das mulheres no esporte.
40) Luchita Hurtado – Artista, Venezuela
Este ano, a artista Luchita Hurtado fez sua primeira apresentação em uma galeria pública — aos 98 anos.
Nascida na Venezuela e esposa do influente artista Lee Mullican, ela passou anos tratando sua arte como um diário particular, até que cerca de 1.200 de suas pinturas foram descobertas enquanto curadores arrumavam o estúdio de seu falecido marido.
A defesa do meio ambiente continua a ser a base da linguagem visual de seu trabalho.
41) Yumi Ishikawa – Fundadora do movimento #kutoo, Japão
Cansada da dor que sentia por usar salto alto oito horas por dia no trabalho, Yumi decidiu desabafar sua frustração no Twitter.
Em poucos dias, nasceu o movimento #kutoo do Japão, com milhares de mulheres compartilhando histórias sobre serem obrigadas a usar salto alto como parte do uniforme de trabalho. Yumi apresentou uma petição ao governo sobre o tema, que reuniu 20 mil assinaturas.
42) Asmaa James – Jornalista e ativista, Serra Leoa
Por meio de sua carreira no jornalismo e trabalho social comunitário, Asmaa se tornou a voz daqueles que não têm voz em Serra Leoa.
Depois de saber do estupro de uma menina de 5 anos, ela usou sua plataforma de mídia para lançar a campanha Black Tuesday (Terça-Feira Negra), que incentiva as mulheres a usarem preto na última terça-feira de cada mês para protestar contra o aumento dos casos de estupro e abuso de meninas com menos de 12 anos.
O movimento pressiona o governo a reformular as políticas contra violência sexual.
43) Aranya Johar – Poetisa, Índia
Aranya usa a poesia beat para tratar de questões como igualdade de gênero, saúde mental e positividade do corpo.
Sua performance no vídeo A Brown Girl’s Guide to Beauty teve mais de três milhões de visualizações no YouTube.
44) Katrina Johnston-Zimmerman – Antropóloga, EUA
Katrina Johnston-Zimmerman é uma antropóloga urbana, trabalhando para tornar as cidades lugares melhores para se viver.
Ela cofundou a The Women Led Cities Initiative, que visa a levar as vozes das mulheres à vanguarda do planejamento e design urbanos.
45) Gada Kadoda – Engenheira, Sudão
Gada Kadoda ajuda mulheres em áreas remotas a usar energia solar para levar eletricidade a seus vilarejos, treinando-as como engenheiras comunitárias.
Ela foi nomeada pelo Unicef como uma inovadora e força motriz por trás do primeiro laboratório de inovação do Sudão, dando aos alunos um espaço para trabalho colaborativo e resolução de problemas.
Ela é fundadora da Sudanese Knowledge Society, que oferece a jovens pesquisadores a oportunidade de interagir livremente com cientistas e acadêmicos de dentro e fora do país.
46) Amy Karle – Bioartista, EUA
Nascida com uma condição rara que a deixava sem pele, Amy Karle cresceu fascinada pela possibilidade do que o corpo humano poderia ser capaz com a tecnologia certa.
Agora uma bioartista premiada, seu trabalho inclui uma mão humana feita com esqueletos e células-tronco impressas em 3D.
47) Ahlam Khudr – Líder de protesto, Sudão
Autoproclamada “mãe de todos os mártires sudaneses”, Ahlam teve o filho de 17 anos morto em um protesto pacífico em 2013. Desde então, dedica sua vida a buscar justiça por ele e a lutar pelos direitos daqueles que foram assassinados ou “desapareceram” no Sudão.
Ela participou de fóruns e protestos clandestinos e foi brutalmente espancada ao ser capturada pelas forças de segurança. No movimento iniciado em dezembro de 2018 contra o então presidente Omar al-Bashir, Ahlam se tornou uma manifestante de destaque, liderando comícios com fortes laços com a juventude.
48) Fiona Kolbinger – Ciclista, Alemanha
Em 2019, a pesquisadora de câncer Fiona Kolbinger se tornou a primeira mulher a vencer a Transcontinental Race — uma das corridas de bicicleta mais difíceis do mundo.
Ao percorrer 4 mil quilômetros em 10 dias — da Bulgária à França — ela derrotou 264 concorrentes, a maioria dos quais eram do sexo masculino.
49) Hiyori Kon – Lutadora de sumô, Japão
Hiyori Kon, de 21 anos, é um prodígio da luta de sumô em um país onde as mulheres ainda são impedidas de competir profissionalmente.
Ela foi tema de um documentário premiado em 2018, Little Miss Sumo, que narra sua batalha para mudar as regras de um dos esportes mais antigos do mundo e dar voz às mulheres no sumô.
50) Aïssata Lam – Especialista em microfinanças, Mauritânia
Aïssata Lam criou a Câmara de Comércio da Juventude da Mauritânia para apoiar jovens empresárias que lutam para ter acesso a financiamento para suas startups.
Ela é uma defensora ativa dos direitos das mulheres, usando sua plataforma para homenagear mulheres mauritanas excepcionais, e foi indicada para o Conselho Consultivo de Igualdade de Gênero do G7 pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
51) Soo JungLee – Psicóloga forense, Coreia do Sul
A professora de psicologia forense Soo Jung Lee atuou em vários casos importantes de assassinato na Coreia do Sul. Baseada na Universidade Kyonggi, em Seul, ela desafiou o sistema jurídico, ajudando a introduzir um projeto de lei antiperseguição.
Ela acredita que perseguição leva a crimes mais graves em muitos casos, onde a maioria das vítimas são mulheres vulneráveis.
52) Fei-Fei Li – Pioneira da Inteligência Artificial, EUA
Fei-Fei Li saiu da China para os EUA aos 16 anos, sem falar inglês, trabalhando meio período na lavanderia dos pais.
Conhecida hoje como uma pioneira da inteligência artificial, a ex-vice-presidente do Google é codiretora do Instituto de Inteligência Artificial Centrada em Humanos da Universidade Stanford, nos EUA, que está estudando como desenvolver uma inteligência artificial ética.
Ela também é cofundadora da AI4ALL, que se concentra em recrutar mais mulheres e minorias para pesquisar a inteligência artificial.
53) Erika Lust – Cineasta, Suécia
Uma cineasta premiada independente que explora como as mulheres podem ajudar a moldar o futuro da pornografia.
Ela também escreveu um guia para pais sobre como conversar com os filhos sobre pornografia.
54) Lauren Mahon – Sobrevivente de câncer, Reino Unido
Indicada para a lista 100 Women da BBC por Jameela Jamil e pela comunidade I Weigh, Lauren Mahon é uma das apresentadoras do podcast da BBC You, Me & The Big C (“Eu, você & o Grande C”, em tradução livre).
A ativista criou a comunidade online Girl vs Cancer para oferecer às mulheres jovens informações sobre instituições beneficentes de apoio a pacientes de câncer, novidades sobre as nuances dos tratamentos e dicas como qua presente comprar para uma amiga com câncer.
55) Julie Makani – Cientista e médica, Tanzânia
Julie é da Tanzânia, um dos cinco países do mundo com o maior número estimado de casos de anemia falciforme por ano. Ela dedicou as últimas duas décadas à pesquisa sobre o tratamento da doença e trabalha para influenciar as políticas de saúde, para que indivíduos em toda a África possam ter acesso a exames vitais para diagnóstico e medicamentos.
Sua pesquisa se concentra na distribuição e padrões da doença, e tenta estabelecer intervenções transformadoras, incluindo transfusão de sangue e hidroxiureia, medicamento com fortes efeitos na medula óssea — um passo em direção ao tratamento da anemia falciforme. Agora ela está pesquisando uma cura usando terapia genética.
56) Lisa Mandemaker – Designer especulativa, Holanda
Lisa Mandemaker lidera a equipe que está construindo um protótipo de útero artificial, em colaboração com o Máxima Medical Centre, na Holanda.
A expectativa é que o útero substitua as incubadoras de bebês nos próximos 10 anos. Como uma designer social, Lisa vê o trabalho como uma ferramenta de debate, capaz de desafiar suposições, questionar ou provocar.
57) Jamie Margolin – Ativista de mudanças climáticas, EUA
Aos 16 anos, Jamie cofundou o movimento Zero Hour, usando as redes sociais para organizar as primeiras manifestações contra as mudanças climáticas para jovens em 25 cidades, incluindo Washington DC.
Ela testemunhou perante o Congresso dos EUA ao lado de Greta Thunberg.
58) Francia Márquez – Ambientalista, Colômbia
Uma líder admirável da comunidade afro-colombiana, Francia Márquez liderou uma marcha de mulheres de 10 dias e 480 quilômetros até a capital do país, para recuperar as terras de seus ancestrais de garimpeiros ilegais.
Após 22 dias de protestos nas ruas, o governo colombiano concordou em conter a mineração ilegal na região montanhosa de La Toma. A ativista de direitos humanos e ambientalista enfrentou ameaças de morte por suas ações, que lhe renderam o prestigiado Goldman Environmental Prize.
59) Gina Martin – Militante, Reino Unido
Depois de ter sido vítima do chamado upskirting em um festival de música, Gina Martin lançou uma campanha para tornar ilegal na Inglaterra e no País de Gales o ato de tirar fotos por debaixo da saia ou vestido de uma mulher sem consentimento. A lei foi alterada este ano após uma batalha jurídica de 18 meses.
Até agora, quatro homens foram condenados sob a nova legislação. Os promotores dizem que todas as vítimas estavam “simplesmente levando suas vidas em transportes públicos, fazendo compras ou participando de eventos quando foram alvo”.
60) Sarah Martins Da Silva – Ginecologista / obstetra, Reino Unido
Sarah é uma das principais ginecologistas da Escócia.
Como professora de medicina reprodutiva da Universidade de Dundee, ela se concentra em solucionar a infertilidade masculina, para tentar impedir que as mulheres sejam submetidas a tratamentos de fertilidade desnecessários e invasivos.
61) Raja Meziane – Cantora, Argélia
O videoclipe político Allo le Système!, da cantora Raja Meziane, foi visto mais de 35 milhões de vezes no YouTube. Suas músicas de protesto contra o governo — abordando a injustiça social, a suposta corrupção e a desigualdade — a forçaram a se exilar da Argélia.
Morando em Praga agora, ela é uma defensora ativa dos protestos da Argélia em 2019, que levaram dezenas de milhares de jovens às ruas pedindo mudanças.
62) Susmita Mohanty – Empreendedora espacial, Índia
Aclamada como a “mulher espacial da Índia”, a designer de espaçonaves fundou a primeira startup aeroespacial do país.
Defensora apaixonada do ativismo pelo clima, Susmita usa seus negócios para ajudar a monitorar e entender as mudanças climáticas a partir do espaço.
63) Benedicte Mundele – Empreendedora de alimentos frescos, República Democrática do Congo
Quando Benedicte, de 24 anos, olhava ao redor na República Democrática do Congo, via vários alimentos crus — de batata a maracujá —, mas ainda assim as pessoas viviam na pobreza alimentar.
Ela diz que os supermercados estavam cheios de produtos originalmente cultivados no país, mas exportados e processados com conservantes, antes de serem reimportados a preços caros.
Na luta contra a desconfiança em relação à comida local, ela fundou a Surprise Tropical, uma cantina que serve comida saudável para viagem, incluindo sucos e chips de banana, nos subúrbios da capital, Kinshasa. Cinco anos depois, o negócio online da empresa oferece produtos frescos por toda a cidade, e há planos de expansão para todo o país.
64) Subhalakshmi Nandi – Especialista em igualdade de gênero, Índia
Baseada no Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres, Subhalakshmi passou mais de 15 anos trabalhando para melhorar a igualdade de gênero na Ásia.
Seu foco são os direitos das mulheres agricultoras, acabar com a violência contra as mulheres e melhorar seu nível de educação.
65) Trang Nguyen – Conservacionista, Vietnã
Trang Nguyen cresceu no Vietnã, se deparando desde pequena com macacos acorrentados à venda nas ruas e ursos presos para extração da bile, usada na medicina tradicional. Ela fez doutorado em Gerenciamento de Biodiversidade e criou a WildAct, uma organização sem fins lucrativos que ajuda as autoridades a monitorar os mercados ilegais de comércio de animais selvagens.
Em 2018, lançou o primeiro curso de mestrado do país em Combate ao Comércio Ilegal de Animais Selvagens, para ajudar a treinar a próxima geração de conservacionistas.
66) Van Thi Nguyen – CEO e defensora dos direitos da deficiência, Vietnã
Van é cofundadora do Will to Live Center, que oferece treinamento para pessoas com deficiência em Hanói, capital do Vietnã.
Seu objetivo é criar um ambiente de trabalho igual para todos. Ela também administra o empreendimento social Imagator, que emprega 80 pessoas, metade das quais tem algum tipo de deficiência.
67) Natasha Noel– Especialista em ioga, Índia
Natasha é uma yogini, mestra praticante de ioga e coach de bem-estar.
A influenciadora digital da positividade do corpo geralmente se abre sobre sua infância traumática nas redes sociais — ela perdeu a mãe aos três anos de idade e foi vítima de abuso infantil.
68) Alexandria Ocasio-Cortez – Congressista, EUA
Este ano, com 29 anos, Alexandria Ocasio-Cortez se tornou a mulher mais jovem a chegar ao Congresso dos Estados Unidos. Ela cresceu no Bronx, em Nova York, e se engajou como voluntária nas eleições presidenciais de 2016.
Contrariando as expectativas, ela derrotou um congressista veterano nas primárias de junho de 2018 e desde então tem sido chamada de futuro do Partido Democrata. Seu visual não é por acaso — usou batom vermelho e brincos de argola na cerimônia de posse para que “da próxima vez que alguém diga às meninas do Bronx para tirarem as argolas, elas possam apenas dizer que estão se vestindo como uma congressista”.
69) Farida Osman – Nadadora, Egito
Apelidada de “Peixe Dourado”, em 2017, Farida se tornou a primeira mulher no Egito a ganhar uma medalha quando conquistou o bronze nos 50 metros borboleta no Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos.
Ela ganhou outro bronze neste ano, e dá palestras em universidades para inspirar a geração mais jovem a praticar natação. Está treinando para concretizar o sonho de ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
70) Ashcharya Peiris – Designer, Sri Lanka
Em 2000, Ashcharya Peiris estava voltando para casa do trabalho no Sri Lanka quando a explosão de uma bomba a deixou cega. Ela perdeu o emprego por causa da deficiência, mas acabou realizando o sonho de se tornar estilista, descrevendo suas criações para uma costureira.
Ela foi finalista da competição Up & Coming Fashion Designer do Sri Lanka e é agora uma palestrante motivacional em fábricas de roupas, inspirando jovens mulheres a seguir seus sonhos.
71) Danit Peleg – Designer, Israel
Quando se viu na situação de não ter o que vestir para ir a uma conferência, a estilista desenhou então rapidamente uma saia em seu laptop e imprimiu em 3D.
Ela quer que todas as mulheres tenham a mesma opção. Sua coleção totalmente impressa em 3D foi apresentada pela Vogue e pela modelo americana Tyra Banks.
72) Autumn Peltier – Defensora da água, Canadá
Autumn Peltier faz campanha por água potável limpa para os povos indígenas no Canadá desde os oito anos de idade.
Este ano, aos 14 anos, foi nomeada Comissária Chefe da Água da nação Anishinabek, assumindo o papel de sua tia-avó Josephine Mandamin.
73) Swietenia Puspa Lestari – Mergulhadora / ambientalista, Indonésia
Swietenia fundou a Divers Clean Action Foundation para limpar detritos marinhos na Indonésia. Eles contam agora com 1,5 mil voluntários trabalhando em todo o país e no Sudeste Asiático.
Ela também iniciou a campanha #nostrawmovement na Indonésia, que reduziu o uso de canudos de plástico descartáveis em mais de 700 restaurantes.
74) Megan Rapinoe – Jogadora de futebol, EUA
Megan Rapinoe é bicampeã da Copa do Mundo e cocapitã da seleção feminina dos EUA. Liderou a vitória do time na Copa do Mundo Feminina de 2019, marcando alguns dos maiores gols do torneio.
Foi eleita, no mês passado, a melhor jogadora do mundo pela Fifa. É uma defensora ativa da igualdade de gênero no futebol — entrou com uma ação na justiça contra a Federação de Futebol dos EUA por salários iguais —, protesta contra o racismo dos torcedores e se tornou o rosto dos direitos LGBTQ+ em campo.
75) Onjali Rauf – Escritora, Reino Unido
Onjali Rauf estava se recuperando de uma cirurgia que salvou sua vida quando teve a ideia para seu primeiro livro.
Inspirado no encontro que ela teve com uma mãe refugiada em Calais, The Boy at the Back of the Class é a perspectiva de uma criança sobre a crise dos refugiados e ganhou o Waterstones Children’s Book Prize 2019. Ela também é fundadora da Making Herstory, que busca acabar com o abuso, a escravidão e o tráfico de mulheres e meninas no Reino Unido e outros lugares.
76) Charlene Ren – Defensora da água, China
Como estudante de graduação, Charlene Ren criou o MyH2O, uma solução para a falta de água potável na zona rural da China.
Agora, sua plataforma sem fins lucrativos criou uma rede nacional de mapeamento de informações sobre a água, treinando moradores e estudantes para que eles façam testes por conta própria, orientando as organizações ligadas à água sobre onde agir e quais comunidades precisam.
77) Maria Ressa – Jornalista, Filipinas
Maria Ressa é uma jornalista premiada das Filipinas que criou o site Rappler para expor notícias falsas.
Ela recebeu ameaças de estupro e morte pela internet por fazer críticas contundentes à violenta guerra contra às drogas promovida pelo presidente do país, Rodrigo Duterte — e foi presa duas vezes neste ano acusada de “difamação virtual”. Está sendo representada pela advogada de direitos humanos Amal Clooney.
78) Djamila Ribeiro – Escritora, filósofa e ativista, Brasil
A escritora Djamila Ribeiro é uma das figuras mais influentes do movimento que luta pelos direitos das mulheres afro-brasileiras.
Ela se dedica a temas como feminismo negro, racismo e empoderamento feminino. É fundadora do selo editorial Sueli Carneiro, que publica obras de escritoras negras brasileiras, latinas, indígenas e LGBTQI+ a preços acessíveis.
79) Jawahir Roble – Árbitra de futebol, Reino Unido / Somália
Jawahir Roble é a primeira árbitra mulher muçulmana, negra, que usa hijab do Reino Unido.
Aos dez anos, ela saiu da Somália e foi morar no Reino Unido, onde descobriu a paixão pelo esporte que a levou a se tornar árbitra. Agora estuda administração e treinamento de futebol — deve concluir sua graduação em 2020.
80) Najat Saliba – Professora de química, Líbano
A professora Saliba está conduzindo uma pesquisa de ponta sobre poluição do ar. Ela cresceu na fazenda da família na zona rural do Líbano, mas quando a guerra civil a obrigou a se mudar para a cidade, ela se deparou com a realidade perturbadora da poluição do ar.
Após ver parentes, amigos e colegas desenvolvendo problemas de saúde como resultado da exposição a substâncias tóxicas no meio ambiente, ela espera que seu trabalho inovador com uma universidade de Beirute torne possível abordar alguns dos desafios ambientais mais urgentes.
81) Nanjira Sambuli – Especialista em igualdade digital, Quênia
Nanjira lidera a World Wide Web Foundation em sua tentativa de aumentar a equidade digital.
Ela procura soluções para garantir que ninguém seja deixado para trás no que diz respeito ao acesso à internet, seja por causa do gênero ou geografia.
82) Zehra Sayers – Cientista, Turquia
A biofísica Zehra Sayers foi aclamada como um raio de esperança para o Oriente Médio (revista científica Nature) por seu sucesso em reunir cientistas de oito países da região.
Em seus 15 anos de mandato como presidente do projeto SESAME, ela colocou o grupo — incluindo cientistas de Israel, Palestina, Turquia e Chipre — sob o mesmo teto para fundar um laboratório semelhante à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, conhecida como CERN. E recebeu em 2019 o conceituado Prêmio de Diplomacia Científica pelo feito.
83) Hayfa Sdiri – Empreendedora, Tunísia
Aos 16 anos, Hayfa fundou o Entr@crush, uma plataforma digital sem fins lucrativos para futuros empreendedores, onde eles poderiam conectar com doadores e fazer cursos online em áreas como administração e contabilidade.
Ela trabalha com a ONU na Tunísia em iniciativas de igualdade de gênero.
84) Noor Shaker – Cientista da computação, Síria
Noor Shaker deixou a Síria e foi para a Europa em 2008 atrás da sua paixão pela inteligência artificial. Após dez anos bem-sucedidos no mundo acadêmico, ela decidiu se dedicar à inovação empresarial. Motivada pela luta da mãe contra o câncer, Shaker foi impelida a levar seu conhecimento sobre inteligência artificial para o mundo da medicina.
O resultado é uma técnica inovadora que usa inteligência artificial para desenvolver novos medicamentos mais rápido do que os seres humanos conseguem. Seu trabalho atraiu a atenção de algumas das principais empresas farmacêuticas do mundo — e ela entrou para a lista dos “jovens inovadores com menos de 35 anos” do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).
85) Bonita Sharma – Inovadora, Nepal
Inspirada pela determinação da mãe em obter um diploma, apesar da pressão para virar dona de casa, Bonita Sharma ajuda a educar e empoderar mulheres e meninas no Nepal.
Em uma tentativa de combater a mortalidade infantil por desnutrição, ela criou a Nutribeads, uma pulseira para as mães com contas de cores diferentes para lembrá-las de que tipo de alimento devem dar a seus bebês.
Seus projetos receberam financiamento do Fundo Malala para o direito à educação das meninas, da Unesco, e ela fundou sua própria organização para capacitar mulheres e meninas: The Social Changemakers and Innovators (SOCHAI).
86) Vandana Shiva – Ambientalista, Índia
Na década de 1970, ela fazia parte de um movimento de mulheres que colocavam os braços em volta das árvores para impedir que fossem derrubadas — as primeiras “abraçadoras de árvores”.
Agora é uma líder ambiental de renome mundial, vencedora do Prêmio Nobel da Paz Alternativo. Como “ecofeminista”, vê as mulheres como guardiãs da natureza.
87) Pragati Singh – Médica, Índia
Quando a médica Pragati Singh começou a pesquisar assexualidade, recebeu mensagens de mulheres que não queriam fazer sexo, mas estavam presas a um casamento arranjado.
Ela começou então a organizar encontros para indivíduos que procuravam relacionamentos não-sexuais. Ela agora dirige a Indian Aces, uma comunidade online para pessoas assexuais.
88) Lyubov Sobol – Advogada, Rússia
A advogada Lyubov Sobol investiga acusações de corrupção na Rússia, documentando seu trabalho nas redes sociais e em um canal no YouTube com mais de um milhão de assinantes.
Ela e outros candidatos da oposição foram proibidos de participar das eleições locais em Moscou neste verão, o que gerou protestos de dezenas de milhares de jovens.
89) Samah Subay – Advogada, Iêmen
Samah é uma advogada que trabalha incansavelmente em circunstâncias complexas desde o início da guerra no Iêmen em 2015. Ela presta apoio jurídico a famílias cujos filhos “desapareceram”.
Este ano, ela conseguiu junto à sua equipe da organização Mwatana for Human Rights reunir algumas dessas famílias, embora continue advogando pela libertação e educação de muitas outras crianças ainda detidas.
90) Kalista Sy – Roteirista e produtora, Senegal
A roteirista autodidata Kalista Sy chocou seu país de origem quando a série de televisão Mistress of a Married Man foi lançada no início deste ano.
Apelidado de ‘Sex and the City do Senegal’, o programa apresenta personagens femininas liberadas sexualmente, que trabalham e são bem-sucedidas, enfrentando as lutas das mulheres na África Ocidental — como poligamia, abuso doméstico e questões de saúde mental.
91) Bella Thorne – Atriz e diretora, EUA
Neste verão, a atriz e diretora de 22 anos divulgou suas próprias fotos de topless depois que um hacker ameaçou publicá-las: “A decisão é minha agora, você não vai tirar outra coisa de mim”.
Bella, que acaba de dirigir seu primeiro filme pornô, diz que o abuso de mulheres na internet só vai mudar se mais criadoras de conteúdo feminino estiverem envolvidas em projetos que celebram a sexualidade.
92) Veronique Thouvenot – Médica, Chile
Veronique Thouvenot lidera a iniciativa Zero Mothers Die.
O objetivo é salvar a vida de mulheres grávidas e bebês por meio da tecnologia, fornecendo telefones celulares às mulheres e informações de saúde por mensagem de texto. O projeto é administrado pela Fundação Millennia2025, da qual Thouvenot é cofundadora e diretora científica.
93) Greta Thunberg – Ativista de mudanças climáticas, Suécia
Em agosto de 2018, Greta Thunberg, de 15 anos, começou a protestar do lado de fora do parlamento sueco às sextas-feiras. O que começou como uma greve individual se transformou desde então em um protesto mundial contra as mudanças climáticas. As ações dela mobilizaram ativistas em todo o mundo, com milhões de jovens aderindo ao movimento que ficou conhecido como “Fridays For Future”.
Este ano, ela viajou a bordo de um veleiro movido a energia solar da Europa até os Estados Unidos — uma jornada épica para incentivar outras pessoas a reduzirem sua pegada de carbono. Ela também se abriu em relação a seu diagnóstico de Síndrome de Asperger, dizendo que “dadas as circunstâncias certas, ser diferente pode ser um superpoder”.
94) Paola Villarreal – Programadora de computador, México
A programadora autodidata ajudou a reverter 20 mil condenações com viés racial relacionadas a drogas, ao desenvolver o Data for Justice, uma ferramenta com um mapa interativo que compara a atividade policial em bairros brancos e de minorias.
Foi nomeada pelo MIT como um dos “jovens inovadores com menos de 35 anos” pelo projeto.
95) Ida Vitale – Poeta, Uruguai
Aos 95 anos, a poeta Ida Vitale venceu o Prêmio Cervantes, o prêmio literário de língua espanhola de maior prestígio no mundo.
Quinta mulher a ganhar o prêmio, ela é a única integrante ainda viva do movimento artístico uruguaio conhecido como Geração de 45. Ela termina um de seus poemas mais famosos, Fortune, com a frase: “Ser humano e mulher, nem mais nem menos”.
96) Purity Wako – Coach, Uganda
Purity é uma “senga” moderna. Tradicionalmente, as “sengas” (tias por parte de pai) ensinavam as noivas a satisfazer sexualmente seus futuros maridos.
Mas Purity quer modificar esse papel, ajudando as mulheres ugandenses a se sentirem mais empoderadas em seus relacionamentos. Ela apela para que todas as mulheres tenham direitos legais no casamento.
97) Marilyn Waring – Economista e ambientalista, Nova Zelândia
Mais conhecida por ter se tornado a integrante mais jovem do parlamento da Nova Zelândia em 1975, aos 23 anos, Marilyn Waring é uma pioneira da economia feminista e autora do livro Counting for Nothing, que destaca o valor do trabalho não remunerado das mulheres.
Ativista ambiental, ela também foi fundamental na aprovação da política que proíbe desenvolvimento de armas nucleares da Nova Zelândia.
98) Amy Webb – Futurista, EUA
Amy Webb é uma futurista que aconselha líderes governamentais e CEOs de algumas das maiores empresas do mundo sobre como se preparar para futuros complexos.
Em 2015, ela decidiu disponibilizar toda a sua pesquisa gratuitamente para o público.
99) Sara Wesslin – Jornalista, Finlândia
Sara Wesslin é uma jornalista Skolt Sami — os sami são os únicos povos indígenas da União Europeia. Ao perceber que duas das três línguas sami da Finlândia estavam à beira da extinção, Sara fez um lobby bem-sucedido com o ministro da Educação do país para obter fundos para o ensino dos idiomas. É uma das duas únicas jornalistas que fazem transmissões na língua Skolt Sami no mundo.
100) Gina Zurlo – Estudiosa de religião, EUA
Gina Zurlo estudou desde o uso de redes sociais em igrejas até se as mulheres são mais religiosas que os homens. É especialista em estatísticas religiosas e codiretora do Centro para o Estudo do Cristianismo Global em Massachusetts, nos EUA.
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