14 de Outubro de 2019

Índice anunciado pelo Banco de Brasília para crédito imobiliário é o mais baixo entre os concorrentes e o menor da história do país.

No caminho das tendências do mercado nacional, o Banco de Brasília (BRB) anunciou mais uma redução nos juros de financiamento imobiliário para pessoa física. A taxa caiu para 6,99% ao ano — somada à taxa referencial (TR), que está zerada —, sendo a mais baixa entre os concorrentes e a menor registrada na história do país, segundo dados do Banco Central. Os valores promocionais, antecipados com exclusividade ao Correio, passam a valer a partir de amanhã (14/10) e beneficiarão clientes do BRB, desde que atendidas cinco condições.

A taxa passa a ser aceita tanto para negociação pelo modelo do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que vale para imóveis de até R$ 1,5 milhão, quanto pelo Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), em que não há limite de valor. O financiamento pelo banco ocorrerá em até 35 anos e limita-se a 80% do valor total da propriedade. A decisão partiu de uma reunião extraordinária da diretoria do BRB, na manhã da última sexta-feira, e deve resultar em uma aplicação de R$ 250 milhões.

O diretor presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, comenta que a medida representa uma oportunidade para as famílias “realizarem o sonho da casa própria em um momento em que o mercado imobiliário de Brasília se aquece” e que ocorre em uma época de disputa acirrada entre bancos. “Há um movimento de ajuste de taxa de crédito imobiliário no mercado inteiro. Elas começaram o ano na casa de 8,5%. Os bancos foram se mexendo, se ajustando a essa nova realidade, à melhora da economia e ao aumento de vendas do setor”, afirma Paulo Henrique.

A diminuição é a segunda anunciada em 2019. Em junho, o BRB derrubou de 8,1% para 7,7% ao ano no modelo do SFH. Paulo Henrique avalia que a taxa atual é a ideal e acrescenta que ela vale para a compra de imóveis em qualquer unidade da Federação e por clientes do Distrito Federal ou de um dos oito estados onde há agências. “Desde o início de nosso trabalho, sinalizamos que o crédito imobiliário era um produto importante por gerar relacionamento de longo prazo com os clientes, fomentar a cadeia produtiva enorme da construção civil e, portanto, criar emprego, renda e desenvolvimento no DF. Resolvemos ser bem agressivos”, ressaltou.

Comparativos

O aumento nas vendas de imóveis; a queda da taxa básica de juros, a Selic — a 5,5% ao ano —; e a liberação do 13º salário são fatores que têm estimulado o movimento de bancos, de olho em clientes interessados em financiamento. Entre seis outras instituições financeiras verificadas pela reportagem, a taxa mínima de juros varia de 7,3% a 7,99%. Para entidades do setor econômico, as baixas terão “forte impacto” no mercado. “Esse momento viabiliza o sonho da casa própria. Até agosto, houve mais lançamentos de empreendimentos no DF do que em todo 2018. A nossa expectativa é de mais 30 até o fim do ano”, aposta Paulo Muniz, conselheiro da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi).

Professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Bocaccio Piscitelli recomenda que os interessados em adquirir um imóvel próprio levem em conta tanto os comparativos das taxas quanto as condições oferecidas por cada banco. “Essas são operações que exigem muito cuidado, por serem de longuíssima duração e por dependerem de vários componentes. Os prazos são importantes, e a adequação deles ao fluxo de renda do cliente, também. É necessário ver se há capacidade de dar uma entrada mais elevada e reduzir peso e prazo das prestações; a condição familiar, não só pessoal; entre outros fatores. É preciso avaliar possibilidades”, aconselha.

Crédito barato

Regras das taxas oferecidas pelo BRB

Redução

Mínima: 6,99% ao ano, mais taxa referencial (TR)

Máxima: 7,5% ao ano, mais TR

Condições*

Ter conta-corrente no BRB

Crédito mensal de salário

Cartão de crédito

Mobile banking ativo

Descontos com débito direto em conta

*É necessário manter todos os serviços ao longo de toda a vigência do contrato. 

A ausência de qualquer um dos produtos por mais de três meses consecutivos leva a taxa de juros ao valor original (7,5% a.a., mais taxa referencial)

Prazo

Até 420 meses (35 anos), com máximo de 80% de financiamento pelo banco

Entrevista: Paulo Henrique Costa, diretor presidente do Banco de Brasília (BRB)

Qual é a proposta por trás da medida de reduzir a taxa de crédito imobiliário?

Há duas questões-chave: a primeira é que o crédito imobiliário é o produto que atrai mais relacionamento com o cliente. Ou seja, quem vem e faz o crédito imobiliário fica muito tempo com o banco, e queremos atrair novos clientes, valorizar e garantir a permanência dos que aqui estão. O segundo movimento é o de estimular o desenvolvimento da economia local, mostrar que o BRB, como banco de desenvolvimento e de fomento, cumpre seu papel, estimulando toda a cadeia produtiva da construção civil.

Como essa decisão beneficiará clientes do banco?

Além de rever as taxas, reorganizamos todo o nosso processo de crédito imobiliário. Avaliamos todos os nossos clientes, servidores públicos ou não e, hoje, eles têm crédito pré-aprovado. Quem foi aprovado tem um valor que vai conseguir consultar no próprio aplicativo do banco a partir de segunda-feira. Fizemos parceria com uma série de construtoras: ou as que têm financiamento da obra dentro do próprio BRB, ou as que fizeram convênio com o banco para esses empreendimentos. Assim, os clientes do BRB não vão precisar trazer nenhum documento, pois temos documento da empresa, vendedora do empreendimento e a documentação do cliente. É uma revisão de processo que visa diminuir o tempo de concessão do crédito imobiliário para cinco dias úteis. Queremos mudar a experiência do cliente com o crédito imobiliário, tendo a melhor taxa, o melhor atendimento e o melhor processo de concessão, aproximando-nos tanto do cliente pessoa física quanto pessoa jurídica.

O setor produtivo está em um patamar seguro para um movimento como esse?

A economia do DF está crescendo duas vezes mais do que a nacional. A indústria da construção civil fez uma quantidade de lançamentos significativa. Neste ano, fechamos contratos de oito empreendimentos, contra três no ano passado. Estamos percebendo o aumento dos lançamentos. Há um conjunto de elementos que nos interessam, do ponto de vista de fidelizar os clientes, e representam aceleração da economia do DF. Vemos um número histórico baixo de estoque de imóveis para pessoa física. Há aceleração na velocidade de vendas, e a gente acredita que é o momento adequado de o BRB atrair clientes para este novo momento. É um momento em que apostamos no crescimento, na modernização e no aumento da competitividade do BRB.

Se houver mudanças na economia, com pessoas ainda receosas para comprar um imóvel, quais seriam as perdas para vocês? 

Esse é um viés negativo para falarmos. Claro que a economia do país pode, em algum momento, mudar. Você pode ter um aumento de taxas de juros, e a atual não permanecer assim para sempre. Mas prefiro olhar pelo outro lado, que a economia teve uma aceleração no DF, que o sistema financeiro se movimentou e reduziu as taxas, e o BRB foi junto. É importante que as pessoas aproveitem — porque essa é a menor taxa da história nessa modalidade de financiamento — para realizar o sonho da casa própria.

O que mais é importante destacar para a população sobre essa oportunidade?

Que fizemos um movimento de simplificação do processo. Hoje, o BRB é o único banco em que — se você tiver conta-corrente, a obra for financiada pelo banco ou a construtora tiver convênio conosco — é possível fazer operação de crédito imobiliário sem fornecer nenhum documento adicional. Por isso, trata-se de um movimento de revisão de processos; de conquista e melhora do atendimento do cliente; e de ganho de eficiência.

As condições valerão apenas para imóveis de pessoas físicas e jurídicas?

Não. Também estamos melhorando as condições de financiamento dos imóveis retomados pelo BRB, os que chamamos de bens não de uso (do banco, BNDU). Estamos baixando para uma taxa promocional de 6,75% (ao ano, mais TR), com máxima de 7,5%, seja no SFH (Sistema Financeiro de Habitação) ou no SFI (Sistema Financeiro Imobiliário). São públicos diferentes e tipos de imóveis diferentes. Aqui, no caso da pessoa física, são imóveis que as pessoas olharam com cuidado, escolheram e que estão maduros para comprar. No BNDU, são negócios de oportunidade, e a quantidade é relativamente pequena.

JE – Jéssica Eufrásio do CB