07 de Outubro de 2019
Vencedor das eleições realizadas em Portugal neste domingo (06/10), o primeiro-ministro do país, António Costa, afirmou que os resultados mostram que a população gostou da “geringonça“, como é chamada a inédita aliança entre o Partido Socialista e outras legendas de esquerda, e quer sua continuidade no poder.
“Os portugueses gostaram da ‘geringonça‘ e desejam a continuidade da atual solução política, agora com um Partido Socialista mais forte”, afirmou Costa após a divulgação dos resultados do pleito, que colocaram a legenda no primeiro lugar, com 36,6% dos votos.
Os eleitores portugueses desafiaram a tendência europeia e voltaram a eleger uma legenda de esquerda para governar o país. O Partido Socialista, do primeiro-ministro António Costa, venceu novamente as eleições gerais, segundo mostram os primeiros resultados.
Os votos, contudo, não devem ser suficientes para alcançar uma maioria absoluta no Parlamento, dominado por partidos de esquerda. Isso significa que Costa, que deve seguir como premiê do país, continuará dependendo de outras legendas para governar.
Com quase 90% das urnas apuradas, segundo a Secretaria de Administração Interna de Portugal, o Partido Socialista obteve até o momento 37,14% dos votos, seguido do Partido Social-Democrata (PSD), principal legenda de oposição, que tem 29,95%.
Pesquisas de boca de urna divulgadas mais cedo pela emissora de televisão estatal RTP já previam a vitória dos socialistas, com entre 34% e 39% dos votos.
Embora o resultado esteja aquém da vitória avassaladora esperada pelo partido de Costa neste ano, a cifra dá aos socialistas mais assentos do que os conquistados nas últimas eleições, em 2015, em um impulso após quatro anos de sólido crescimento econômico.
As cadeiras do partido devem saltar das atuais 86 para 112, num Parlamento formado por 250 assentos. Para um partido possuir maioria absoluta, é preciso contar com ao menos 116 parlamentares.
“A principal pergunta é se teremos nossas mãos atadas”, disse Costa durante um comício na sexta-feira. “Precisamos ter força para garantir quatro anos de estabilidade e para não sermos um governo de curto prazo.”
No mandato atual, o Partido Socialista tem o apoio, sem que haja uma coalizão formal, do Bloco de Esquerda (BE) e da Coligação Democrática Unitária (CDU), formada pelo Partido Comunista Português (PCP) e pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV).
Nos resultados preliminares deste domingo, o BE soma 8,86% dos votos até o momento, enquanto a CDU obteve 5,63%.
Atrás dos dois estão os democratas-cristãos do Partido Popular (CDS-PP), com 4,51%. Outro possível parceiro em uma nova coalizão de governo, o Partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) aparece na sexta posição, com 2,64%.
Uma das incógnitas desse resultado preliminar é o partido de extrema direita Chega, que soma agora 1,17% dos votos, tendo assim a chance de entrar no Parlamento com um deputado.
Portugal é um dos poucos países na Europa onde os socialistas ainda são fortes e os populistas de direita não desempenham um papel significativo na política.
Desde que assumiu o governo português em 2015, Costa, um advogado de 58 anos e ex-prefeito de Lisboa, conseguiu garantir o crescimento e a estabilidade num país abalado anteriormente por uma crise financeira.
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) salvaram Portugal da falência em 2011, com um pacote de ajuda de 78 bilhões de euros. Após três anos sob o pacote de resgate europeu, o país conseguiu se recuperar financeiramente em 2014. Contudo, as políticas de austeridade custaram o poder aos conservadores no poder.
Eleito, Costa foi bem-sucedido nos anos seguintes em equilibrar o que era considerado quase impossível: relaxou as políticas de austeridade, aumentou os gastos sociais e, ao mesmo tempo, cumpriu os requisitos de Bruxelas.
A economia cresceu acima da média da UE, também graças a um boom no turismo. Com 6,7%, a taxa de desemprego no país atingiu recentemente seu nível mais baixo desde 2002.
EK/afp/dpa/efe/rtr