02 de Outubro de 2019
Sistema terapêutico realizado à base de substâncias vegetais, animais ou minerais, a Homeopatia trata o paciente como um todo, e não apenas a doença de forma isolada. Esse serviço, oferecido pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal, é executado por 11 homeopatas e está presente em nove unidades da rede pública.
O tratamento homeopático começa pela consulta médica, momento em que a anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde com o paciente) privilegia as informações a respeito do indivíduo. “Elas são coletadas e submetidas a um procedimento chamado repertorização, de onde se elege um ou mais de um medicamento, que apresente semelhança com o caso relatado”, explica a responsável técnica distrital de Homeopatia da pasta, Maria de Fátima Della Côrte.
O paciente é orientado quanto ao uso da medicação, além de receber acompanhamento pelo médico homeopata. O tempo de duração do tratamento varia de acordo com o paciente. O organismo tem papel ativo no restabelecimento de seu equilíbrio.
“O medicamento estimula o funcionamento de algumas áreas do corpo que não estejam trabalhando da maneira como deveriam, ajudando-o a encontrar uma certa estabilidade”, complementa Della Côrte. A abordagem na homeopatia difere da alopatia, por não se considerar o indivíduo de forma fragmentada e, sim, compreender a doença como uma expressão de um todo que se encontra em desarmonia.
“A homeopatia atua sob a integralidade do indivíduo. Não vai tratar o sintoma e sim a origem da doença”, afirma a médica homeopata Maria Júlia Pereira Spina, que atende na Policlínica da 514 Sul.
EQUILÍBRIO – O principal benefício é restabelecer o equilíbrio dinâmico do próprio organismo, sem os usuais efeitos colaterais das drogas alopáticas. “Torna-se uma excelente alternativa, em casos de alergia crônica, asma, rinites, sinusites, para tentar minimizar o uso dos corticoides”, complementa Della Côrte.
Paciente com asma e rinite, Juliana de Souza da Cruz, 25 anos, decidiu procurar o tratamento homeopático a fim de diminuir a quantidade de corticoides. “Quero migrar da alopatia para a homeopatia”, afirmou a lojista. Atendida pela primeira vez na Policlínica da 514 Sul, a moradora da Asa Norte aprovou a consulta. “Percebi que a médica deu valor ao meu relato. Tive a impressão de que ela tem uma visão mais geral, de pensar no organismo com um todo”, acrescentou.
PARCERIA – No Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Sandra Kersul atua como médica homeopata há 13 anos. Ela conta que, em 2010, pacientes com sérios distúrbios de comportamento, incluindo adolescentes com Transtornos do Espectro Autista (TEA) atendidos na Odontologia, começaram a ser encaminhados para a Medicina Homeopática.
“Havia casos em que era preciso dar anestesia geral em bloco cirúrgico para que os dentistas pudessem tratar, devido à grande agitação que apresentavam. Com a introdução da Homeopatia, vimos o progresso na interação social, a diminuição do uso do bloco cirúrgico e eles ficando mais cooperativos, aptos a receberem ações de saúde bucal, facilitando o trabalho da equipe odontológica”, explica Sandra.
Em 2018, essa iniciativa foi certificada pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), agência de desenvolvimento internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata de questões populacionais. O objetivo da premiação era reconhecer e incentivar unidades de saúde que oferecem atenção e serviços adequados a adolescentes.
Luís Fernando Morais da Conceição, 29 anos, é um dos pacientes que recebeu o encaminhamento para a Homeopatia do Hran pela Odontologia. Ele foi diagnosticado com Síndrome de West, uma forma de epilepsia que se inicia na infância, caracterizada por crises convulsivas, além do retardo no desenvolvimento mental e motor.
O tratamento homeopático teve início em 2016. A mãe, Maria Helena de Morais, 66 anos, percebeu os sinais de melhora ao longo dos anos. “Meu filho babava muito. Praticamente, isso acabou. Teve uma fase em que chorava o tempo inteiro. Hoje, ele está mais tranquilo”, relata.
ACESSO – O encaminhamento para a Homeopatia pode ser obtido tanto na unidade básica de saúde (UBS), pelo médico de família, como pelo profissional de saúde que atenda em uma das unidades da Atenção Secundária.
A consulta de primeira vez é marcada pelo sistema de regulação. Já os retornos são agendados onde o usuário recebe assistência em Homeopatia.
OFERTA – O serviço de Homeopatia é oferecido nas seguintes unidades:
– Adolescentro – Quadra 605, L2 Sul;
– Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão (Cedoh) – EQN 208/408 (antigo Centro de Saúde de Brasília nº 12) da Asa Norte;
– Hospital Regional da Asa Norte (Hran);
– Hospital Regional do Guará (HRGu);
– Hospital Regional de Taguatinga (HRT);
– Policlínica de Ceilândia I – QNN 16, lote F, Área Especial, Ceilândia Sul, próximo à estação do Metrô (antigo Centro de Saúde nº4);
– Policlínica do Lago Sul – SHIS QI 21/23;
– Policlínica do Riacho Fundo I – Avenida Cedro, Área Especial 14/15, QN 16 (antigo prédio do Tribunal Regional Eleitoral);
– Policlínica da Asa Sul – EQS 514/515, na W3 Sul.
HISTÓRICO – Christian Friedrich Samuel Hahnemann, nascido na Saxônia, em 10 de abril de 1755, e falecido em Paris, no dia 2 de julho de 1843, foi o fundador da Homeopatia em 1779.
No Brasil, a especialidade foi introduzida, a partir de 1840, pelo médico francês Benoit Mure. O reconhecimento como especialidade médica ocorreu em 1979, pela Associação Médica Brasileira (AMB), quando foi fundada a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB).
Em 1980, o Conselho Federal de Medicina (CFM) faz a inclusão no rol de suas especialidades. E, em 21 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Homeopatia.
Patrícia Kavamoto, da Agência Saúde